Esta é uma explanação
sobre o problema do mal.
O conjunto das asseverações é um compêndio de algumas idéias de pessoas que se
preocuparam com tal questão. Algumas idéias são próprias, e a conclusão também.
A questão é fundamentalmente filosófica e sujeita à análises. O ponto de
partida fundamental é: Como
pode haver o ´mal´ se Deus existe, sendo Todo-Poderoso e Todo-Bondoso,
ou, conforme Hume citando Epicuro: "Estaria
Deus querendo impedir o mal sem ser capaz de fazê-lo? Então ele é impotente.
Ele é capaz, mas não está disposto? Então ele é malévolo. Ele é tanto capaz
quanto está disposto? Então de onde vem o mal?" (Dialogues
concerning natural religion, parte 10).
A questão
é, por si só, evasiva e extremamente complexa. Uma das últimas fronteiras da
metafísica cristã. Contudo, antes de nossa explanação é importante lembrar-mos
de que esta esfera de existência tem
como propósito um ensino, um aperfeiçoamento à outra esfera, eterna
e imutável, na qual não necessitaremos do mesmo que necessitamos aqui, nesta
vida (eis o contexto escatológico do NT).
O plano de Deus envolve o início, nesta
existência com o
conhecimento do mal. Deus sabia que o homem iria querer conhecer o bem e o mal através da
árvore que ele tinha plantado. O plano de Deus, portanto, precisa ser
compreendido para que possamos versar qualquer coisa sobre o problema do mal no
cosmos.
Neste plano, observe, nem todos poderiam ser determinados
à salvação, pois Deus teria determinado um mundo completamente isento da
possibilidade de escolhas, o que faria de tal mundo algo MENOR do
que o melhor mundo possível, que é este, com arbítrio. Sem arbítrio é
impossível "amarmos", o que é o bem
maior. Tudo que não permite o bem maior é o mal maior. Tendo isto
em mente, vejamos:
1. Somos seres ´contingentes´,
isto é, ´não necessários´.
2. Se somos seres contingentes, somos reais,
existimo s e necessariamente
carecemos de alguém ou alguma coisa que nos tenha criado.
3. ´Nada´não pode causar algo.
4. Um Ser Necessário não pode criar outro Ser
Necessário pois, se criasse, tal ser seria "contingente" e não "necessário".
5. O Ser Necessário (Deus) revelou-se
Todo-Poderoso (Ml. 4:8) portanto, perfeito. (*)
6. Se Deus é Todo-Poderoso (perfeito) e
Todo-Bondoso (amor) pôde criar o Cosmos no qual prevalecesse o bem maior. Este mundo é
o nosso, e foi dado ao homem. Requeria arbítrio.
7. Adão (e a raça humana) preferiu o mal (possível, e posteriromente ´real´,
com a Queda).
8. Deus relaciona-se diretamente com o bem maior, e impedir o mal seria impedir escolhas
(arbítrio), que por sua vez implicaria em impedir o amor, sendo assim o "mal maior".
9. Deus quer que recebamos
e sintamos plenamente o seu amor (Jd. 21; 1 Jo. 5:20).
10. Para sentirmos o amor (bem maior) plenamente
este mundo precisará ser aniquilado e criada outra realidade, na qual o arbítrio seja possível mas
não necessário.
11. E isto é exatamente o que nos
dizem as Escrituras acerca do fim, do tempo da remissão: Ap. 21:1-2, 23:3.
Aqui, como o bem maior é pleno, o arbítrio não será necessário, e o mal ´impossível´. Isto
explica o termo: "Ali
jamais haverá maldição" (Ap. 22:3).
Este é o fundamento da Teodicéia (justiça
de Deus) na filosofia cristã. Como disse, sujeita a análises.
(*) NOTA: Os hebreus falavam sobre um Deus único antes do que qualquer outro povo no
mundo. A cronologia para os primeiros escritos monoteístas hebraicos provém do
século XV a.C. A revolução monoteísta de Akhenaton, faraó que impôs a adoração
a Aton (deus sol) acontece cerca de 100 anos depois de Moisés. O monoteísmo é
fundamental para a filosofia cristã bíblica que preocupa-se com Teodicéia.
Por Pr. Artur Eduardo