A Bíblia
se explica. Não se esqueça de que o objetivo maior da Hermenêutica é descobrir
o que o autor quis dizer com o que ele disse.
Regra 1 – “Tomar as palavras nos SEU SENTIDO USUAL E
COMUM”. Observe o que a palavra quer dizer, quando normalmente não deveria ter
sido usada. Ex.: “casa” de Davi, como vimos, representa “descendência” de Davi.
Regra 2 – “Observar o sentido da palavra de acordo com o
que indica o CONJUNTO DA FRASE”. Algumas palavras têm mais de um significado. É
necessário, às vezes, observar o que diz a frase (isto é, o restante do
versículo, ou versículos) para entendermos o que aquela palavra quer dizer.
Regra 3 – “Observe, sempre, o CONTEXTO”. Contexto de um
versículo são “os textos imediatamente anteriores e posteriores
ao mesmo”. A
leitura do contexto é sempre necessária, portanto, procure ver o contexto. Ex.:
O Senhor muitas vezes se refere a Israel como “Efraim” ou “Jacó”. Se a pessoa
ler apressadamente, pensará que Deus está falando com Efraim, ou com Jacó.
Lendo o contexto, descobrir-se-á que Deus se refere a toda a nação de Israel.
Ex. Sl. 7:8. (Davi).
Regra 4 – “Faça sempre que possível, PARALELOS DE PALAVRAS
E DE IDÉIAS”. Busque textos correspondentes, que tragam PALAVRAS PRINCIPAIS, as
quais você enumera, e vai, através da COMPARAÇÃO, descobrindo o sentido das
palavras, e assim, do versículo inteiro. Lembre-se do exemplo de Jo. 3:5:
“Água”, por comparação com outros textos, muito provavelmente aplica-se à
Palavra de Deus.
FIGURAS DE RETÓRICA (DE LINGUAGEM)
1 – Metáfora: Semelhança entre dois objetos
(entenda-se também pessoas e objetos). Trazem características semelhantes, e,
para isso, um é tido como o outro. “Eu sou o Caminho...”, Jo. 14:6.
2 – Sinédoque: Quando tomamos a parte pelo
todo, ou o todo pela parte. Ex.: “Minha carne repousará segura” (Sl. 16:9), o salmista quer
dizer TODO o seu ser, logo ele tomou a parte (somente a carne) para tipificar o
seu todo (todo o ser).
3 – Metonímia: A causa pelo efeito, o sinal ou
símbolo pela realidade que indica o símbolo. Ex: “Eles têm
Moisés e os profetas, ouçam-nos” (Lc. 16:29). Indicando que os homens têm OS
ESCRITOS de Moisés e dos Profetas do Antigo Testamento.
4 – Prosopopéia: Quando se personificam coisas inanimadas,
dando-lhes atributos humanos. Ex.: “Onde está, ó Morte, o teu
aguilhão?” (1 Co.
15:55).
5 – Hipérbole: Exagero. Algo que foi exagerado em demasia. Ex.:
“Edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus...” (Gn. 11:4).
6 – Alegoria: Várias metáforas reunidas. Ex.:
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém dele comer, viverá
eternamente. E o pão que darei ao mundo é a minha carne....” (Jo. 6:51-52).
7 – Paradoxo: Declaração que, à princípio,
opõem-se ao senso comum. Porém, quando analisada com cuidado, descobre-se que
encerra verdades. Ex.: “Quem quiser salvar a sua vida, perde-la-á. Quem
quiser perder a sua vida, por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á.” (Mc. 8:35).
8 – Gradação: Uma progressão ascendente ou
descendente. Escala. Ex.: “Depois, havendo a concupiscência concebido dá à luz
o pecado, e o pecado, sendo consumado, gera a morte” – gradação ascendente. (Tg. 1:15). “E o mesmo
Deus de paz vos santifique em tudo, e o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam
plenamente irrepreensíveis para a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo” – gradação descendente.
9 – Tipo: São FATOS, OBJETOS OU PESSOAS
do Antigo Testamento que simbolizam FATOS, OBJETOS OU PESSOAS do Novo
Testamento. Ex.: A “serpente de metal” (objeto) que Moisés fez no deserto, e que foi
levantada para que aqueles que haviam sido picados por víboras, ao olharem para
ele, fossem curados, era um tipo de sua cruxificação (fato) Jo. 3:14. Paulo
apresenta Adão (pessoa) como um tipo de Cristo (pessoa), pois Jesus é chamado
de segundo Adão (Rm. 5:14). OBS.: ALGO DO ANTIGO TESTAMENTO só deve ser
considerado tipo SE ESTIVER RATIFICADO NO NOVO TESTAMENTO.
10 – Símile: Similaridade. É parecida com a
Metáfora, porém, na Símile, utilizam-se palavras “como”, “quanto” para indicar
uma comparação. Ex: “Como os céus são mais altos do que a terra assim
são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus
pensamentos mais altos do que os vossos pensamtos”. (Is. 55:9-11). “O que duvida é
semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento”. (Tg. 1:6). Observe a
diferença para uma Metáfora: “Pois ele conhece a nossa estrutura, e sabe que
somos pó”. Se o texto contivesse: “Pois ele conhece a nossa estrutura, e sabe
que somos como pó”, aí teríamos uma Símile.
11 – Poesia Hebraica: Em lugar de rima de sons, a
poesia e o cântico hebraicos são marcados pelo paralelismo, ou rima de idéias.
A maioria dos paralelismo são dísticos que expressam pensamentos sinônimos em cada linha (36.5). Outros são
antíteses, em que
a segunda linha expressa a negativa da linha precedente (20.8). Também há
dísticos construtivos ou sintéticos, os quais tendem a adicionar ou
a fortalecer um pensamento (19.8,9). Alguns poucos paralelismos são causais, apresentando a justificativa da
primeira linha (31.21). Às vezes, o paralelismo envolve três linhas (1.1),
quatro (33.2,3) ou mais linhas.