TEXTO: MATEUS
16.13-18
A confissão de
Pedro
Mc.8.27-33.
Lc.9.18-22. Jo.6.20-70
13Tendo Jesus
chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos,
dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
14 Responderam
eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou
algum dos profetas.
15 Mas vós,
perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?
16
Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 Disse-lhe
Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que
to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
18 Pois também
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela;
INTRODUÇÃO:
A tendência de
ser indefinido, que muitos chamam de “pós-moderno, tem permeado o âmbito
acadêmico.
Não estamos
criticando as opiniões contrárias e conflitantes antes de se chegar à
conclusão.
Falamos da
danosa tendência de considerar acadêmico tudo que é questionador. Como se
diz por aí quebrar paradigmas, normas e tradições.
A Igreja
emergente trouxe ao cenário eclesiástico esta tendência de Indefinido. Segundo
os seus analistas é difícil defini-lo devido a grande diversidade dos seus
proponentes. Uns teologicamente abertos e outros tentando preservar o cerne da
fé evangélica.
A marca de
igrejas pentecostais e neopentecostais é a ausência de confissões. Há igrejas
evangélicas até no protestantismo tradicional que tem esquecido sua herança
teológica e feito pouquíssimos usos de documentos confessionais. Precisamos
resgatar o valor dos credos e confissões para que as igrejas sejam menos
diversificadas no que é essencial. Estudaremos a Bíblia e a história da Igreja
para entendermos a necessidade da igreja ser confessional (é comprovado
historicamente que os movimentos só duram 100 anos, depois disto, se não tiver
uma firmeza doutrinária se esfacela). Paulo explicita a necessidade de
verbalizar nossa confissão (Rm 10.9,10).
1. O QUE A
BÍBLIA DIZ SOBRE CONFESSAR A FÉ.
Onde há fé é
necessário que seja professada publicamente (Mt 10.32-33)
Esta confissão
deve, se possível, acontecer até diante de autoridades (Lc 12.11-12)
Uma confissão
de fé necessita ser precisa em suas afirmativas teológicas, como a afirmação de
Pedro que foi uma afirmação completa e importante para salvação (Mt 16.16).
Alguns afirmavam que Jesus seria João Batista, outros Elias, ainda alguns
Jeremias ou um dos profetas (Mt 16.14), mas o apóstolo Pedro, que era um
sujeito afoito disse que Ele era o Cristo, o Filho do Deus Vivo (Mt 16.16)
Esta confissão
não foi Pedro pela sua mente brilhante, mas o Senhor revelou isto a Pedro (Mt
16.17) e ninguém pode confessar a Cristo como Senhor se não tiver a ajuda do
Espírito Santo (I Co 12.3).
Outro fato que
levou a igreja a definir seu corpo de doutrinas foi o legalismo judaizante (Gl
2.1-21), heresias de colossos (Cl 1.13-20) e gnosticismo (I Jo 4.1-3)
Apenas
ortodoxia não define uma boa confissão, além do conteúdo é preciso confiança,
não é “crer que”, “mas crer em”. Jesus ensinou duras verdades a ponto de muitos
se afastarem Dele, ele ainda desafiou os que ficaram com Ele a também o deixar,
mas Pedro de novo faz outra bela confissão de fé: “Para quem iremos nós, só tu
tens as palavras de vida eterna, nos temos crido e conhecido que tu és o santo
de Deus (Jo 6.66-69). Pedro estava afirmando algo que foi dito mais tarde por
Lutero na reforma “Solus Cristus”, Salvação, mediação e acesso ao Pai só por
Jesus. “Em nenhum outro há salvação, só em Jesus (At 4.12).
2. A
CONFESSIONALIDADE NO DECORRER DA HISTÓRIA
A história
atesta que os cristãos entenderam cedo a importância de estabelecer credos e
fórmulas que resumissem a fé. Nos primeiros séculos estavam apenas na
mente dos cristãos por causa das perseguições, depois da tolerância no IV
Século, passaram a redigir credos a fim de servir de espelho as futuras
gerações sem acréscimos. No início da igreja eram de quatro maneiras:
A)
Formulas de profissão de fé para o batismo.
B) Visando a
confissão batismal, instrução catequética batismal.
C) Devido ao
surto de heresias, passaram a ser a medida da ortodoxia doutrinária.
Ortos é certa e doxa opinião.
D) Os credos
ganharam caráter litúrgico, eram lidos no culto como expressão da fé
comunitária.
Nos séculos 16
e 17 um dos legados da reforma protestante foi a produção de confissões e
catecismos (grego katécimos, ensino). O retorno à Bíblia no Sola Scripturas não
fez os reformadores desprezarem as confissões escritas. Trouxeram benefícios ao
movimento como: Primeiro, marcavam uma identidade de uma igreja que marcavam o
rompimento com o catolicismo, eram iguais nos pontos essenciais da fé reformada
e tinham diferenças noutros pontos (ex. A confissão de Londres, Batista era
igual em todos os aspectos das confissões de Westminster, Helvética, Belga,
apenas divergiam na forma de governo); em segundo lugar, tinham regra
hermenêutica para interpretar o texto sagrado, pois católicos dizem crer na
Bíblia, mas as tradições papais estão para eles acima dela. As confissões estão
baseadas na Bíblia e interpretadas segundo rigorosas regras.
3. A
CONFESSIONALIDADE EM NOSSOS DIAS
Já vimos que as
confissões auxiliam na identidade de uma denominação, clareza para reconhecer
um grupo, distinção com uns e comunhão com outros e delimita o ortodoxo na
esfera da fé. Pode servir para orientar pessoas em meio a uma igreja
evangélica tão confusa no Brasil. Algumas igrejas ouvem mais seus lideres do
que os documentos norteadores da denominação. Gera diversidade. Há igrejas de
uma mesma denominação bem diferentes. Isso mostra esvaziamento da identidade
confessional. Diante de deturpações funciona como principio hermenêutico,
definir a ortodoxia de uma doutrina. Nunca está acima da Bíblia, deve apontar
para Bíblia, é uma sistematização de nossa doutrinas e crenças, ajuda alguns a
não serem levados de um lado para outro por ventos de doutrina.
Podemos resumir
sua necessidade em três palavras: Testemunho, unidade e pureza. As confissões e
catecismos ajudam a resumir os pontos da fé. Eles também levam a unidade da
igreja, doutrina não divide, serve para unir em torno de pontos comuns. Quando
encontramos irmãos em outros lugares nos alegramos, e mais ainda quando tem a
mesma fé (eu encontrei um irmão que foi fazer um serviço nos computadores da
Escola que trabalho, ele era presbiteriano, eu me alegrei mais ainda).
Em terceiro
lugar, as confissões contribuem para a pureza da igreja. Queremos ter comunhão
com quem pensa igual e nos distinguirmos de quem pensa diferente, mas podemos
ter comunhão com aqueles que pensam diferentes nas coisas não essenciais a fé.
Agora, nós devemos zelar pela palavra que demos quando fizemos profissão de fé
de zelar pela igreja que Deus nos plantou para ali dá frutos. A Bíblia diz que
precisamos ser homens de verdade, o homem tem que ter palavra, prometeu, então
cumpra. Quando eu evangelizo, primeiro eu falo sobre Cristo, depois eu
discipulo, aí trago a pessoa à igreja presbiteriana, que é a igreja que Deus me
plantou. Eu sei dos defeitos que temos: Muitos são preguiçosos para
evangelizar, não vem aos trabalhos oficiais da igreja porque não querem, deixam
de vir a Escola Bíblica Dominical, mas devo orar para que Deus desperte os que
dormem e não ir falar mal da igreja para outros de fora. Nossa Confissão e
Catecismos (ensinos) são extraídos da Bíblia, logo quem afirma que a Igreja
Presbiteriana do Brasil crê que os seus símbolos de fé estão em pé de igualdade
com a Bíblia está mentindo e não merece crédito.
4. QUE
AUTORIDADE DEVEM TER AS CONFISSÕES
A autoridade de
credos e confissões surge a partir do momento em que um grupo de crentes os
subscreve. Para os protestantes históricos a autoridade destes é derivada da
Bíblia e limitada ao diz a Bíblia, que tem autoridade final e absoluta. A
Bíblia é norma normans (regra que regula), as confissões são norma normata
(regra regulada). A Igreja romana diz que a autoridade é a Bíblia e a tradição,
ou seja, A Bíblia é incompleta. Alguns evangélicos também tem suas manias como
determinado profeta que passou toda a escola dominical casando uns, abrindo a
cova de outros e entregando a chave do carro a alguns. Os protestantes
históricos entendiam que sua fé precisava ser observada pelas Escrituras. O
sinodo de Dort fez modificações na confissão Belga, a Igreja Presbiteriana dos
EUA fez modificações na Confissão de Fé de Westminster. As confissões nem devem
ser menosprezadas nem divinizadas, mas observadas com critérios hermenêuticos
definidos: A Escritura explica a Escritura, o texto só tem um sentido, o
pretendido pelo autor quando escreveu, observe o contexto do texto.
CONCLUSÃO:
O protestante
precisa valorizar suas tradições, quando combinam com as Escrituras, valorizar
suas raízes históricas, isto nos distinguirá de muitos que se dizem
“evangélicos” no Brasil, ignorantes quanto à tradição cristã. Precisamos nos
posicionar quanto ao período de indefinição teológica e privatização das
convicções.
APLICAÇÃO:
As igrejas que
possuem alguma confissão precisam estudar e divulgar para seus membros,
doutriná-los na EBD ou colocando no boletim da Igreja e lendo em alguns
momentos.
As igrejas que
não têm nenhuma confissão, deveriam estudar as confissões produzidas pelos
protestantes nos séculos 16 e 17, esses documentos possuem uma riqueza e
profundidade bíblica, teológica e podem ajudar uma igreja a definir-se (Conheço
um pastor chamado Daniel Pena que ao estudar as confissões de fé reformadas
chegou à conclusão que estas eram suas convicções reais).
Estudo Baseado na Revista Nossa Fé da Casa Editora Cultura Cristã.
Ministrado pelo Presbítero Veronilton Paz da Silva, Missionário na
Congregação Presbiteriana do Sítio Serrote; Bacharel em Teologia pelo ITG de
Belo Jardim; Evangelista pelo CEIBEL de Patrocínio - MG e pelo CPO/IBN de
Garanhuns - PE) Contato: (83) 9971 - 3627 e-mail: cristaoreformado@gmail.com