Adão quebrou os dez mandamentos no Éden. Mas Cristo guardou os
dez mandamentos no “deserto”, sob circunstâncias muito mais intensas do que
aquelas às quais Adão foi submetido.
Guardou o
primeiro mandamento. Ele trouxe glória a Deus o Pai enquanto esteve na terra
(Jo 17.4). Temeu, creu, e confiou em seu Pai (Hb 2.13; 5.7; Lc 4.1-12). Cristo
zelou pela glória de seu Pai (Jo 2.17) e foi constantemente grato ao seu Pai
(Jo 11.41). Ele prestou completa obediência ao Pai em todas as coisas (Jo
10.17; 15.10).
Guardou o
segundo mandamento. Ninguém jamais cultuou como Cristo (Lc 4.16). Ele leu,
pregou, orou e cantou a Palavra de Deus com um coração puro (Sl 24.3-4). Ele
condenou o falso culto (Jo 4.22; Mt 15.9). Além disso, aquele que era a imagem
visível de Deus não precisou fazer imagens ilícitas de Deus.
Guardou o
terceiro mandamento. Como portador da imagem de Deus (Cl 1.15), ele revelou o
Pai de modo perfeito (Jo 14.9). Falou somente aquilo que havia recebido do Pai
(Jo 12.49). Em outras palavras, ele jamais tomou o nome de Deus em vão, mas
falou apenas a verdade sobre o Pai e trouxe glória ao Pai por viver em
conformidade com quem ele é (o Filho de Deus).
Guardou o
quarto mandamento. “Entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na
sinagoga…” (Lc 4.16). Ele fez obras de piedade, misericórdia e necessidade no
dia de descanso (e.g.: Mc 2.23-28). Além disso, o Senhor do Sábado assegurou
nosso sabá eterno por meio de sua morte na cruz, permanecendo no sepulcro no
sábado, e ressurgindo no domingo.
Guardou o
quinto mandamento. Ele sempre fez aquilo que agradava a seu Pai celestial (Jo
8.29). Sobre a cruz, mesmo enquanto estava morrendo, preocupou-se em cuidar de
sua mãe (Jo 19.27). Ele também guardou as leis terrenas (Mc 12.17; Mt
17.24-27).
Guardou o sexto
mandamento. Jesus preservou a vida. Ele fez isso física e espiritualmente. Ele
salvou pecadores de seus pecados (Jo 5.40). E também curou muitas pessoas (Mt
4.23). Foi manso, gentil, amável e pacífico enquanto esteve na terra (e.g.: Mt
11.29). Sua vida foi de misericórdia e compaixão (e.g.: Lc 18.35-43).
Guardou o
sétimo mandamento. Cristo, o marido, entregou sua vida por sua noiva (Ef
5.22-33). Embora eu não tenha dúvidas de que ele achava algumas mulheres
atrativas, ele jamais cruzou os limites adequados com respeito à interação
entre homens e mulheres, e seus pensamentos sempre foram puros com respeito a
pessoas do sexo oposto (cf. 1Tm 5.2).
Guardou o
oitavo mandamento. Cristo doou livremente (Jo 2.1-11). Ele se opôs ao roubo (Jo
2.13-17). João 2 retrata, entre outras coisas, Cristo guardando o oitavo
mandamento. Aquele que era rico se tornou pobre para que nós, em nossa pobreza,
pudéssemos nos tornar ricos (2Co 8.9).
Guardou o nono
mandamento. Ele sempre falou a verdade (Jo 8.45-47) porque falou somente as
palavras que o Pai lhe havia dado (Jo 12.49). Ele defendeu a verdade porque ele
é a Verdade (Jo 1.14, 17; 14.6). Ele não maquiou a verdade (Mt 23), não a falou
fora de tempo ou a sonegou (Mt 26.64).
Guardou o
décimo mandamento. Aquele que é dono do céu e da terra é aquele que
também disse: “As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do
homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9.58). Aquele que poderia facilmente
saciar sua própria necessidade e desejo contentou-se com aquilo que vinha da
mão do Pai (Lc 4.1-12). Ele não cobiçou aquilo que não era propriamente seu,
mas com paciente resistência recebeu sua herança por meio da cruz.
Nos círculos
reformados devemos, em nossa pregação, fazer um melhor trabalho em explicar
como Cristo guardou perfeitamente a lei. Uma coisa é dizer e sempre repetir:
“Jesus guardou a lei perfeitamente por nós [como um pacto de obras] para que
pudéssemos ser salvos”; mas outra coisa é explicar precisamente como ele
guardou a lei e o que estava envolvido nessa guarda da lei. Ouvir sobre a
obediência ativa de Cristo e sobre a imputação gratuita de Deus a nós, por meio
da fé, dessa obediência ativa, não deve nunca ser algo que se resuma a frases
de efeito.
Tradução: Márcio
Santana Sobrinho