Por Richardson Gomes
Mais uma vez, dirijo-me aos
pastores. É importante deixar claro que não falo como pastor, mas como ovelha
que tem alguns pedidos a fazer. Não falo em tom de superioridade, mas com muito
carinho e respeito aos pastores. Tem sido semeada em muitas igrejas - e até em
instituições teológicas - a ideia de que ser pastor não é ser teólogo. Antes de
qualquer coisa, quero esclarecer que não sou a favor de uma teologia sem
espiritualidade, nem de que o conhecimento bíblico apenas, sem que haja uma
vida piedosa, seja suficiente. Também não estarei dizendo que não se pode ser
pastor sem ter feito algum curso teológico. O ponto não é esse e não entrarei
nessa questão.
Dito isso, apresento-lhes um
fato: não é pequena a quantidade de igrejas que são pastoreadas por homens com
raso conhecimento teológico e superficial conhecimento bíblico. Há instituições
que carecem profundamente da sã doutrina e do zelo pelas Escrituras. Mas a
grande pergunta é: Se isso é um fato, por qual motivo ele existe? Tenho um
palpite. Acredito que tudo que deixamos de lado, seja em qualquer área de nossa
vida, é porque não consideramos importante (que Deus tenha misericórdia de nós,
pois fazemos isso). E, se a teologia tem sido deixada de lado por alguns
pastores/igrejas/instituições, é porque ela não tem sido considerada
importante. A teologia ortodoxa afirma que o estudo sobre Deus (Theo + logia)
deve ser baseado única e exclusivamente na Bíblia. O que me leva a concluir
que, quando o estudo teológico é deixado de lado, a própria Escritura também
não tem sido considerada importante.
Então, surge o ponto central
deste meu escrito: É possível ser pastor e não ser teólogo? Minha resposta vai
mais além que um simples "não". O conceito de pastor e teólogo tem
sido dicotomizado quando, na realidade, ambos nunca deveriam, nem poderiam ser
considerados diferentes com relação ao pastorado. Vejamos o que Efésios 4:11-14
diz:
"E ele designou alguns
para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para
pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério,
para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade
da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a
medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como
crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para
lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem
ao erro."
Note, no versículo 11, que
as expressões "pastores e mestres" estão ligadas. No grego, elas são
apontadas por um mesmo artigo. Alguns para apóstolos; Outros para profetas;
Outros para evangelistas; E, por fim, outros para PASTORES e MESTRES. Essas
últimas expressões, que formam um mesmo grupo - e não dois, caracterizam os
dons espirituais de homens que têm a responsabilidade de cuidar e guiar o
rebanho. Sim, são os pastores. Mas o que quer dizer "mestres"? Em
outras versões, encontramos a palavra "doutores" no lugar de
"mestres". Essas palavras querem dizer a mesma coisa: pessoas que
detém conhecimento. E, se estamos falando de mestres da igreja, que tipo de
conhecimento seria se não o do Filho de Deus (v.14), o próprio Cristo, revelado
na Escritura?
O próprio texto deixa claro
para quais finalidades Deus designou essas pessoas. No aspecto positivo,
"preparar os santos para a obra do ministério", edificar o
"corpo de Cristo" - a Igreja, alcançar a "unidade da fé" e "conhecimento
do Filho de Deus" - Jesus Cristo, chegar à "maturidade", atingir
"a medida da plenitude de Cristo". No aspecto negativo, evitar que
sejamos "como crianças", "jogados para cá e para lá por todo
vento de DOUTRINA" (ênfase minha), evitar homens que "induzem ao
erro". Fica claro, pelo texto, que ser pastor é ser mestre, de modo que
eles tenham o conhecimento suficiente para tudo isso. Então do que estamos
falando? De pastores teólogos! Sim, existem teólogos que não são pastores, mas
é inadmissível biblicamente a existência de pastores não teólogos.
É provável que, até aqui, a
maioria destes pastores dos quais me refiro já tenham desistido de ler este
texto. Discursos e atitudes como essas provocam justamente aquilo que deve se
evitado pelo pastor e mestre. As igrejas não têm crescido. Os irmãos têm
permanecido como crianças, levados por qualquer vento de doutrina. E a
consequência disso é erro por cima de erro. Meu convite é a você, ovelha como
eu, que tem sido prejudicado pela ausência de líderes como esses. Oremos e
trabalhemos por uma radical mudança em nosso meio. Não podemos nos calar. A
igreja tem voz. Podemos e devemos cobrar, com amor e humildade, que nossos
pastores empenhem-se no estudo teológico para servir melhor as suas igrejas.
Até quando vamos ter perguntas sem respostas? Até quando vamos engatinhar
enquanto outras igrejas crescem em maturidade bíblica? Aos pastores não
teólogos, falo pautado na Palavra e não com minha autoridade própria,
arrependam-se e mudem de atitude, ou vocês verão suas ovelhas sendo melhor
pastoreadas por pregações do YouTube do que por vocês.
Artigo extraído do site Elektros.com