Published by Calvin Gardner on 15/07/2015
Leitura: João 4:23,24
Quando pensamos em adoração a Deus, geralmente imaginamos
algo que emana de nós a fim de expressarmos louvor às qualidades de Deus. Seja
na música, serviço, oração ou outra forma de expressarmos adoração, pensamos
que louvor é próprio de nós. A pergunta é: A adoração verdadeira é produzida
pelo homem e dada, com os devidos merecimentos, ao único Deus vivo e
verdadeiro? Será essa a verdadeira adoração que Deus deseja receber do homem?
O Que Significa a Palavra “Adoração”?
O dicionário Aurélio define adoração como culto a uma
divindade; culto, reverência e veneração. O mesmo dicionário define o verbo
adorar como render culto a (divindade); reverenciar, venerar (Dicionário
Aurélio Eletrónico). As palavras que definem adoração, no Velho Testamento,
significam ajoelhar-se, prostrar-se (#7812, Strongs), como em Êx. 20:5. As
palavras que definem adoração, no Novo Testamento, significam beijar a mão de
alguém, para mostrar reverência; ajoelhar ou prostrar-se para mostrar culto ou
submissão, respeito ou súplica (#4352, Strongs), como em Mat. 4:10 e João 4:24.
Adoração então é uma atitude de extremo respeito, inclusive ao divino, que se
expressa com ações singulares de reverência e culto.
Qual é a Base da Definição da Adoração Verdadeira?
Seria um engano severo achar que toda e qualquer expressão
verdadeira de adoração é oriunda do homem. Do homem não pode emanar a verdade
pura. O homem possui um coração enganoso e uma mente limitada (Jer 17:9; Isa
55:8,9). Essas duas coisas geram um erro que não é percebido facilmente pelo
homem, especialmente quando a maioria ao seu redor está envolvida no erro (II
Tim 4:3,4). Não é sabedoria colocar base de sustentação naquilo que é enganoso
e limitado. Devemos usar o que é firme e eterno. Se essa sustentação não vem do
homem, tem que vir do que não é contaminado pelo homem. Somente a Bíblia,
por ser dada pela inspiração do Espírito Santo, é a base firme para estipular o
que é a adoração verdadeira. Se a Bíblia por escrito for a base; ela será a
base “mui firme” (II Pedro 1:19; Heb 4:12). Se as Escrituras Sagradas forem a
nossa única regra de fé e prática, então tudo o que não concorda com elas será
julgado como falso (Isaías 8:20). Não é válido estipular uma parte exclusiva da
Palavra de Deus para a nossa sustentação do que é adoração verdadeira, pois
“Toda a Escritura é inspirada e proveitosa” (II Tim. 3:16; Rom. 15:4). Por ser
a Bíblia completamente dada por Deus, é ela que define para nós o que é a
adoração verdadeira.
As Naturezas Distintas da Verdade e do Amor
Existe verdade e a natureza dela é única, exclusiva e
eliminatória. A verdade proclama: “À lei e ao testemunho! Se estes não falarem
segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” (Isaías 8:20). A doutrina
repreende, exorta, corrije, instrui, reprova com o intuito de que haja
aperfeiçoamento e obediência “boa” (II Tim 3:16,17; 4:2-6). O ensinamento pela
Palavra de Deus pode dividir (Heb 4:12, “mais penetrante que espada alguma de
dois gumes”; Mat. 10:34; Atos 14:1-4). Por ser a Bíblia entendimento
verdadeiro, aquele que retém as Suas palavras odiará todo falso caminho (Sal
119:104, 128). Se pretendemos agradar a Deus, temos que separar-nos dos que não
andam segundo a verdade (ou na igreja – Rom 16:17; I Cor. 5:11; II Tess 3:6,
14; ou no mundo – II Cor 6:14-18; I Tim 6:3-5). Deus pergunta ao Seu povo:
“Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3:3). O
apóstolo Paulo indaga à igreja de Deus em Corinto, com todos os santos que
estão em toda a Acaia, “que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão
tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte
tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?”
(II Cor. 6:14-16). As respostas são claras, pois a verdade é única, exclusiva e
eliminatória.
Todavia, o amor, por natureza, é inclusivo. O amor (#26,
ágape: afeição e benevolência, Strong’s) é sofredor, não se irrita, nem
suspeita mal. Este amor bíblico sofre e suporta tudo (I Cor 13:4-7) e cobre uma
multidão de pecados (I Pedro 4:8). A natureza desse amor “ágape” dá valor
àquele que não o merece. Quando esse amor for ativo (#25, agapão, amor num
senso moral e social, Strong’s) a misericórdia reinará (Rom. 9:25; Efés. 2:4).
Podemos observar esse amor (#25) em ação: Deus amou a Cristo (João 17:24) e o
mundo (João 3:16), Jesus amou os Seus discípulos (João 13:1; 15:9; Gal. 2:20;
Apoc. 1:5), os discípulos devem amar os outros discípulos (João 13:34; I João
3:11-14; 4:7), os esposos devem amar as suas esposas (Efés. 5:25,28; Col. 3:19)
e nós devemos amar o nosso próximo e inimigo (Mat. 5:43,44; Rom. 13:8,9).
O servo que anda na verdade não precisa desistir de amar de
jeito nenhum. Mas há diferença entre o amor e a participação do erro. O
amor equilibrado andará junto da verdade, nunca em oposição a ela (João
14:15). O amor verdadeiro leva-nos a cuidar de todos os que estão no erro para
que eles odeiem o seu erro (Judas 1:23; Lev 13:56,57; I Cor 5:5; II Cor
6:14-18; Heb. 1:9; 12:5). O Apóstolo Paulo tinha amor pelo povo de Israel e
este íntimo amor desejou que eles andassem segundo a verdade (Rom 10:1; 11:14).
Deus, o Amor verdadeiro, levou nos à Verdade (Cristo) para nossa salvação do
pecado (Efés 2:4-7). Para podermos entrar no Amor (Cristo), nosso erro tem que
ser deixado de lado (arrependimento). Agora, para andarmos em santidade, por
amor a Deus, somos constrangidos à obediência (II Cor. 5:14), a suportar um ao
outro (Efés. 4:2) e a deixar o erro (II Cor 5:14; 6:14-18). O andar em
obediência tornou-se o nosso culto racional em amor (Rom 12:1). O amor (#26,
ágape), mesmo inclusivo, é equilibrado pela verdade que é exclusiva. Somente
existe crescimento quando o amor é acoplado com a verdade (Fil. 1:9; Efés.
4:15, 16; II Pedro 1:5-7) pois o amor é o “vinculo da perfeição” (Col. 3:14) e
leva às boas obras (Heb. 10:24). O amor verdadeiro não se isenta da fé, da
justiça, da perseverança, da piedade, da santificação, da obediência ou do
poder espiritual, mas é aperfeiçoado neles (I Tim. 1:5; 2:15; 4:12; 6:11; II
Tim. 1:7; 2:22; 3:10; Tito 2:2; I João 2:5; 4:18; II João 6). Pelo amor
aceitamos todas as pessoas como elas são, e, pelo mesmo amor, encorajamo-las a
andarem na luz pela verdade. Nisso entendemos que o amor não é inimigo da
verdade nem a verdade do amor.
A Adoração Falsa Existe
1. Existe adoração sem santidade, mas não é adoração
verdadeira. Nos últimos dias, como nos dias passados, falsos profetas virão
(Mat. 24:24; II Tim 3:1-8). Os falsos adoradores têm somente uma aparência
de piedade (II Tim. 3:5), mas, na realidade, negam a eficácia dela. Olhando além
daaparência, as vidas públicas e íntimas dos falsos adoradores revelam uma
atração maior e dominante para os deleites do mundo do que para agradar ao
Santo Deus (II Tim. 3:4). Eles carregam a Bíblia junto com eles, estudam-na (II
Tim. 3:7), mas eles não conhecem a obra do Espírito Santo nas suas vidas (João
14:26; 15:26), que leva ao conhecimento e à verdade (II Tim. 3:7) a
ponto de seguir a verdade dos apóstolos (II Tim. 3:10). Estes falsos
adoradores querem somente as coisas aprazíveis (Isa 30:10), as fábulas (II Tim
4:3,4) e freqüentemente apregoam tradições de homens como se fossem mandamentos
de Deus (Mar 7:7,9). São réprobos quanto àquela fé uma vez dada aos santos (II
Tim. 3:8; Judas 1:3,4). Resumindo, se o seu conhecimento da Palavra de Deus não
o leva a ter uma vida nova, que zela pela santidade, e uma santidade que influi
tanto a vida pública, quanto íntima, você ainda não está adorando a Deus em
espírito e em verdade. Se o fruto do Espírito Santo não está evidente na sua
obediência à doutrina (II Tim. 3:10), você está exercitando-se em adoração
falsa. A adoração na forma correta leva à substância da verdade e ao
aperfeiçoamento real (II Tim 3:16,17). Os que querem adorar em espírito e em
verdade devem afastar-se daqueles que não têm a eficácia da piedade (II Tim.
3:5).
2. Existe adoração com os lábios, mas não com o
coração. Tal adoração é falsa. Essa adoração pode ter uma aparência impecável,
como se o povo estivesse chegando a Deus e assentando-se diante dele, como
sendo o povo verdadeiro de Deus, ouvindo as palavras de Deus, mas por fim, seus
corações seguem o pecado (Isaías 29:13; Ezequiel 33:31; Mat. 6:7; 7:21-23;
15:8; Atos 8:21). Isso é nada mais ou nada menos que uma adoração falsa. Em Isaías
1:2-18, o povo de Israel tinha holocaustos abundantes (v. 11-13), com uma
aparente aproximação de Deus (v. 12). Eles praticavam oblações e reuniões
solenes (v.13), orações constantes e o levantar das mãos (v. 15), mas, em tudo
disso, não tinha um reconhecimento da grandeza de Deus nos seus
corações, nem uma obediência em amor (v. 15, “porque as vossas mãos estão
cheias de sangue”). Toda essa adoração, que o povo aceitou largamente, era
vista por Deus como iniqüidade, vaidade, abominação, cansaço e maldade (v.
13-16). Para revelar que aquela adoração não era adoração aceitável diante de
Deus, Ele escondeu os Seus olhos deles (v. 15). A adoração ocupou todos os
lábios do povo mas o coração deles estava longe de Deus. Não há adoração
verdadeira se não tiver obediência de um coração singular e temente a Deus (Jer
9:23,24). Tudo isso é uma lição para nós (Rom. 15:4). Verifique a sua adoração.
Está mais nos lábios para com os homens do que no coração para com Deus? Pode ser
que os falsos adoradores andem religiosamente com uma multidão bonita, mas tal
adoração, para com Deus, é uma iniqüidade, cansaço, vaidade e uma maldade. Quem
é que você quer agradar? Se quiser andar entre os adoradores verdadeiros, peça
que Deus sonde o seu coração e o instrua no caminho eterno, Cristo no coração
(Sal 139:1,23,24; Prov. 23:26; Isaías 1:16-18). Somente aquela adoração que vem
de um coração sincero, preparado pelo Espírito e estabelecido na verdade, é a
adoração aceitável ao Senhor Deus e praticada no céu (Josué 24:14; João 4:24;
Apoc. 4:9-11).
3. Existe adoração com a letra da lei, mas não com o
espírito da lei. Zelar pelas regras, mesmo as mais rígidas e absurdas, em vez
de inteirar-se com um espírito da adoração, parece ser fácil. Isso acontece
entre os religiosos, com uma adoração falsa, e, até entre os que têm a forma
correta de doutrina. A igreja em Éfeso, que era uma igreja com doutrina
verdadeira, não foi corrigida por zelar pela doutrina, mas por não incluir o
espírito da adoração na sua doutrina. Deixaram o seu primeiro amor (Apoc.
23:1-7). Se aconteceu com aquela igreja naquela época, pode acontecer entre nós
hoje. Os Fariseus eram religiosos que faziam tudo pela lei com a esperança
sincera de deixar Deus o mais alegre possível. Socialmente eram bem aceitos.
Religiosamente também. A cerimônia da sua adoração era exatamente conforme a
lei que Deus estipulava, mas, mesmo assim, era uma adoração falsa. Por quê?
Porque deixavam o espírito da lei desfeito (Mat. 23:23). Na cerimônia (Mat.
23:1-12), pela letra da lei, muitas vezes em adoração, faziam “prolongadas
orações” (v. 14), evangelismo fervoroso (v. 15), um dízimo sério (v. 23) e
vidas corretíssimas (v. 25). Todavia, com todo o esforço expedido na sua
adoração, o espírito da lei foi contrariado. Deus, a Quem deviam praticar essas
ações, julgou-os hipócritas (v. 14), condutores cegos (v. 16), insensatos (v.
17) serpentes, raça de víboras, (v. 34) condenadores (v. 35) e enganadores que
invertiam valores (v. 19-22). Tais palavras de descrição, revelam o grau de
falsidade: quanto ao zelo e à letra da lei, esta não era adoração verdadeira. A
maior evidência da sua falsidade foi quando a própria pessoa da Verdade
presenciou os que adoravam por meio da letra da lei, vindo a zangar-se. No fim
da história, crucificaram a Verdade, que cumpriu toda parte da lei (João 8:46),
para que pudessem continuar em adoração pela letra da lei (Mat. 26:57-68;
27:1). Não podemos classificar como adoração verdadeira aquela que dê primazia
à letra da lei, ao abandono do espírito da lei. Que tenhamos a adoração
verdadeira que é correta tanto em espírito quanto em verdade (João 4:24)!
4. Existe adoração com ignorância da verdade de Cristo e
é tida como adoração falsa. Jesus, na sua conversa com a mulher Samaritana,
chegou a dizer-lhe que os Samaritanos adoram o que não sabem (João 4:1-24, v.
22). A instrução de Cristo é: se não esteja adorando, em espírito e em verdade,
a pessoa de Cristo, não está adorando ao agrado do Pai (João 4:24). Os
Samaritanos eram Judeus também, mas uns Judeus que tinham linhagem e doutrina
consideradas poluídas pelos Judeus de Jerusalém (João 4:9, Zondervan Bible
Dictionary, p. 747). Sendo Judeus, não eram sem conhecimento intelectual do
Messias, mas eram ignorantes de Cristo por não O aceitarem como o Messias,
igual aos Judeus em geral. A sua adoração abrangia fatos e cerimônias, mas não
tinha o alvo correto: a pessoa de Cristo. Era sem a verdade de Cristo e,
portanto, a sua atividade religiosa era uma adoração ignorante (João 4:22,23).
Jesus disse que os Fariseus erraram na mesma maneira, pois os seus ensinamentos
exteriorizavam uma ignorância tremenda da verdade de Cristo como o Filho de
Deus (Mat. 22:29, “Errais, não conhecendo as Escrituras”). Por não ser uma
adoração baseada somente na verdade de Cristo, todo o aparato religioso dos
Fariseus era classificado por Jesus Cristo como errado. O Apóstolo Paulo
notou também a existência de adoração com ignorância entre outros povos. Em
Atenas, capital da mitologia, não faltava adoração. A adoração dos Atenienses
tinha forma, deidades, sacrifícios, tradição, lógica e antigüidade. Todavia,
pela inspiração do Espírito Santo, tudo isso não era uma adoração mas uma superstição (Atos
17:22,23) por ser dirigida “AO Deus DESCONHECIDO”. Foi uma adoração falsa e
supersticiosa por ser falha com a verdade da pessoa e obra de Cristo. Destes
exemplos podemos aprender: Se a adoração não está correta tocante à verdade de
Cristo, é adoração falsa. O eunuco de Etiópia atravessou países em busca da
adoração (Atos 8:27). Não obstante toda sua sinceridade e esforço, ele não
entendeu o tema das Escrituras: o Cristo Jesus (Atos 8:30,31). Portanto,
enquanto ignorante de Cristo, não pode adorar a Deus verdadeiramente. Cristo é
a Verdade Única (João 14:6, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem
ao Pai senão por Mim.”). Foi Ele, por Deus, que foi estabelecido como
“sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito:
Aquele que se gloria glorie-se no Senhor” (I Cor. 1:30,31). Qualquer adoração
que não é centrada somente em Cristo, como Ele é apresentado pelas Escrituras,
é uma adoração falsa. O Apóstolo João confirmou que a Sua pregação, e toda a
sua adoração resultante, era verdadeira por ser exclusivamente centrada na
pessoa e obra de Cristo (I João 1:1-4). O Apóstolo Paulo apelou para a
autenticidade da Sua pregação e, conseqüentemente, a sua adoração, mostrando
que ela era somente de Cristo, “segundo as Escrituras” (I Cor. 2:1-5; 15:3,4).
O Apóstolo Pedro substanciou a sua pregação, e a sua adoração juntamente, como
sendo verdadeira por ser aquela que foi exclusivamente de Cristo. A sua
mensagem foi testemunhada por Cristo, pelo Pai e pelas Escrituras (II Pedro
1:16-21). Se conhecemos Cristo pela obra de Deus, pelas Escrituras, e obedecemos
à Palavra de Deus para o agrado do Pai, estamos adorando o Pai como convém, “em
espírito e em verdade”. De qualquer outra maneira a nossa atividade de adoração
é vista por Deus, como ignorância, e portanto, falsa. Como vai a sua adoração?
É centrada somente na pessoa e obra de Cristo? Deus não dá um prêmio pela
adoração que é oferecida com ignorância. Jesus ensinou que devemos ser humildes
como uma criança para entrarmos no reino dos céus (Mat. 18:1-4). Não deve ser
interpretado que humildade é ser sem conhecimento da pessoa e obra de Cristo. O
oposto é a verdade. A humildade que Cristo ensinou significa não confiar mais
em outra coisa do que em Cristo, mesmo que a sociedade, tradição, ou a lógica
assim diga. Ser humilde como uma criança é confiar somente em Cristo como o
Salvador. Já O conhece pela fé, uma fé que se revela arrependimento dos pecados
e confiança unicamente na pessoa e obra de Cristo? Somente assim a sua adoração
seria verdadeira.
5. Existe adoração com sacrifício aceitável ao
homem, que não é em obediência à Palavra de Deus, e, portanto, não é adoração
verdadeira. O Rei Saul foi instruído detalhadamente para destruir completamente
os Amalequitas. Todos os homens, as mulheres, as crianças e os animais deviam
ser destruídos. Nada deveria ser perdoado. O Rei Saul foi à cidade e feriu-a
mas tomou o Rei Agague, rei dos Amalequitas, vivo, como também o melhor das
ovelhas e das vacas, e também as da segunda ordem. Quando Samuel encontrou-se
com o Rei Saul, terminada a guerra, Samuel perguntou-lhe se a palavra do Senhor
foi obedecida. O Rei Saul disse que sim. Mas o balido de ovelhas e o mugido das
vacas veio aos ouvidos de Samuel. Saul explicou que estas foram poupadas para
serem oferecidas ao SENHOR, em Gilgal. Samuel explicou que essa é uma adoração
falsa, pois obedecer ao que Deus diz é melhor que qualquer sacrifício que o
homem possa pensar. O atender a voz do SENHOR é melhor que a gordura dos
carneiros ou qualquer outra oferta que o homem possa dar (I Sam
15:3,8-9,14,21-22). É interessante notar que as ações do Rei Saul tinham o aval
do grande público. Todo o povo estava contente por ter o estômago cheio, e,
também por ter agora as riquezas dos Amalequitas. O fato de humilhar ao rei
pagão foi muito gratificante. Todavia, apesar do grau de aceitação humana da
ação do Saul pelo povo, não foi em nada uma adoração aceitável ao SENHOR.
Apenas a obediência restrita à Palavra de Deus é adoração verdadeira. Seria
melhor se o Rei Saul obedecesse exatamente à Palavra de Deus. Pela obediência
explícita à Palavra de Deus, manifestamos a nossa confiança em Deus. Tal
confiança é tida por Deus como adoração aceitável, pois, pela fé que é vista em
obediência, Deus é santificado diante do povo. Por Moisés não subjugar a sua
carne diante do povo de Deus no deserto e por não reter a sua reação de ira ao
bater a rocha, que foi uma manifestação de falta de fé, Deus não foi
santificado diante do povo (Num 20:7-13). Em vez de ser uma adoração, para Deus
foi uma indignação (Deut. 1:37). Por essa falta de obediência explícita, Moisés
foi proibido de introduzir o povo de Israel na terra prometida (Deut. 32:51).
Seria bem melhor obedecer e fazer o que era correto a seus olhos. O povo de
Deus, em outra ocasião, movido pelo temor de Deus, obedeceu com rigor à Palavra
de Deus ao ficar silencioso quando marchou ao redor de Jericó (Josué 6:8-11). O
obedecer, sem dúvida, parecia estranho, tanto para povo de Deus que marchava,
quanto para o povo de Jericó, que observava a marcha silencioso. Mesmo que essa
marcha não fosse um culto de louvor, Deus aceitou a obediência como uma
manifestação de confiança Nele foi mostrado o Seu Poder com uma grande vitória.
Foi melhor obedecer a Deus, que inventar astúcias que agradariam ao homem por
pouco tempo. Em Isaías 58:2-5, o povo inventou sacrifícios que pareciam retos
diante dos seus olhos, mas não eram aceitos por Deus. A igreja de Sardes (Apoc.
3:1) também tinha atividades que lhe agradaram, mas, para Deus, era uma igreja
morta. Há muitos que chamam o SENHOR de Senhor e fazem muita coisa boa, mas,
para Deus, não vale nada (Mat. 7:21-23). Estes casos de Rei Saul diante dos
Amalequitas, de Moisés às águas de Meribá, do jejum falso de Israel, dos
religiosos reprovados por Jesus e da igreja em Sardes nos ensinam o que é adoração
aceitável. Esse ensino é: Quando obedecemos a Ele, em vez de fazer o que nós
pensamos, é melhor estarmos dando a Deus o sacrifício que Lhe agrada. É a
obediência que exalta Cristo na qual o Pai é glorificado. (Mat. 5:16). Este é o
sacrifício vivo (Rom. 12:1) que a Deus é devido (I Pedro 2:5). Fazer justiça e
juízo é melhor do que sacrifício (Prov. 21:3; Sal 69:31), mesmo que não seja o
mais fácil. Vamos então perseverar explicitamente na doutrina dos apóstolos, na
comunhão, no partir do pão, e nas orações (Atos 2:41,42). A Deus é dada toda a
glória. Ele recebe toda a glória pela obediência correta da Palavra de Deus
(João 4:24).
6. Existe adoração com intenção pura mas não vale
como adoração verdadeira. Jesus explicou que viria um tempo em “que qualquer que
vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” (João 16:2). Este tempo veio
acontecer não muitos anos depois. Encontramos Saulo de Tarso, zelosamente
perseguindo a igreja (Atos 9:1,2; 22:1-5). Em toda essa perseguição à igreja,
ele se julgava irrepreensível segundo a sua religião, a Lei de Moisés (Fil.
3:4-6). Sem dúvida nenhuma ele tinha as melhores intenções para com Deus quando
procurava a destruição do ajuntamento dos crentes. Todavia, não obstante a sua
intenção pura e a sua devoção a Deus, era uma adoração falsa. Depois da sua
conversão ele entendeu as coisas bem melhor. Essa intenção pura que antes
julgava “ganho”, depois do seu encontro com a Verdade, ele julgou “perda” (Fil.
3:7, “Mas o que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo”). Com o seu entendimento
entendendo a Verdade, ele julgou vãos os que têm “zelo de Deus, mas não com
entendimento” (Rom. 10:1-3). Nisso entendemos que existe adoração que é movida
somente pela intenção pura. Tal adoração não é necessariamente uma adoração
verdadeira. Tal adoração não é com entendimento (Rom. 10:2). Tais adoradores
não conhecem nem o Pai, nem Jesus Cristo (João 16:3) e, portanto, não é
adoração, segundo a verdade. O homem pode honestamente desprezar Deus e o Seu
Cristo e ainda perder a sua alma. Convém adorar o Senhor Deus por Jesus Cristo.
Isso é adorar “em espírito e em verdade” (João 4:24). Os quatrocentos e
cinqüenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Asera (I Reis 18:19)
eram sinceros na sua adoração aos seus deuses. Eles achavam que serviam um deus
pessoal, que podia ouvir e responder-lhes. Isso poderia ser dito de todos os
que vivem nas tradições vãs que recebem de seus pais (I Pedro 1:18). Estes
profetas de Baal entraram de corpo e alma na sua adoração (I Reis 18:26-29).
Todavia, com todo os seus sacrifícios, e sinceridade, intenção e boa fé, a sua
adoração era completamente falsa, sem nenhum vestígio de adoração verdadeira.
Eles pagaram caro pelo seu erro (I Reis 18:40). Não depende da sua
intenção a indicação da veracidade da sua adoração. A intenção pura do homem,
mesmo quando é dirigida a Deus, não faz que o seu coração enganoso não seja
perverso (Jer. 17:9; Mat. 15:19). Quando o Rei Davi quis trazer de volta a arca
da promessa, ele tinha intenções puras. Ele e todo o povo de Deus estavam
empenhados em fazer o que achavam correto segundo Deus. Tinham a intenção de
levar a arca da terra dos inimigos sujos e pagãos à terra de Deus. Eram
empolgados com intenções que eles consideravam santas e puras, mas não fizeram
de maneira correta. Eles não acharam errado misturarem a sabedoria humana no
meio da adoração à Deus. Eles pensavam que tudo isso seria aceitável e
agradável a Deus. Porém, mesmo com intenções puras na sua adoração, Deus
ministrou morte entre eles (II Sam 6:1-8). Isso não foi um caso isolado, pois
encontramos os religiosos em Mateus 7:15-23 aconteceu a mesma maneira. Na
adoração verdadeira, a intenção do homem não é o que vale mais. É a obediência
da Palavra de Deus em amor. Não deixe a sua boa intenção enganar você. Deus
quer que o adoremos pela obediência de Jesus Cristo para a nossa redenção e,
pelo Espírito Santo obedecer à Palavra de Deus. Não precisamos ser ignorantes
nesse assunto, pois Deus já nos revelou como Ele quer ser adorado: “em espírito
e em verdade” (João 4:24).
Nenhum destes seis exemplos, apesar da sua aceitação por
parte do povo, foram aceitos por Deus. Eram abomináveis e desobedientes. A
adoração falsa é repreendida por Deus, e, às vezes, até à morte. Agora estamos
informados de que aquilo que nós queremos naturalmente dar ao Senhor pode ser
uma abominação para Ele.
Em verdade, a adoração verdadeira não é aquilo produzido
pelo homem, é dado, com os devidos merecimentos, ao único Deus vivo e
verdadeiro. O que é produzido pelo homem é contaminado pela natureza do homem,
pelo pecado, e pela mente limitada do homem.
A ADORAÇÃO VERDADEIRA EXISTE JOÃO 4:23,24
PARTE I – “EM ESPÍRITO”
É muito claro que Deus o procura no assunto de adoração.
Deseja Deus ser adorado por aquilo produzido por Ele. Isso seria uma adoração
em “espírito e em verdade”. O que cria confusão entre os que querem adorar O
SENHOR é tanto a teoria quanto a prática, de adorar em espírito. Podemos
entender melhor este assunto, se entendêssemos o próprio espírito do homem.
O Espírito do Homem Natural e a Adoração Verdadeira
O homem natural (I Cor 2:14; 15:46), o primeiro Adão (I Cor
15:45); ou seja, o pecador não salvo, não pode adorar o Senhor verdadeiramente.
Ele é morto espiritualmente. Quando Deus falou a Adão e a Eva, no Jardim do
Éden, “certamente morrereis” (Gên. 2:7), se comerem do fruto proibido, eles
morreram para com Deus, que é uma morte espiritual (Gên. 3:6; Efés 2:1; I Cor
2:14). Agora o filho natural de Adão é morto para com as coisas de Deus.
Portanto, diante de Deus, o pecador é filho da desobediência (Efés 2:2),
inimigo de Deus (Rom 8:7) e separado de Deus (Isa 59:1,2). Por causa do seu
estado espiritual, o pecador não tem entendimento espiritual (I Cor 2:14). Não
há nada que vem naturalmente do espírito do pecador que pode agradar a Deus
(Jer 13:23; Rom 8:8; João 3:3-6; 15:5). O primeiro Adão é apenas um ser terreno
com uma alma vivente, mas sem um espírito vivificado para com Deus (I Cor
15:45-47). Ele vive segundo a sua natureza pecaminosa, o que a Bíblia determina
“o homem velho” que se corrompe pelas concupiscências, ou os desejos carnais
(Efés 4:22; I João 2:16; Rom 6:6). Isso quer dizer que aquilo que o homem
natural faz segundo o seu coração enganoso (Jer 17:9) é para satisfazer suas
concupiscências, e por elas, é corrompido. Mesmo na esfera de religião o homem
natural não agrada a Deus, pois não habita bem algum na carne (Rom 7:18).
O homem natural, que é um descrente, pode vestir-se com
religião e moralizar suas ações diante dos homens, mas, mesmo assim, não ser
vivo para com Deus, ou não ser espiritual, não agrada Deus de nenhuma maneira
(Mat. 7:21-23; Luc 6:46; 11:39-44; João 4:22; Atos 17:22-24).
O Espírito do Homem Novo e a Adoração Verdadeira
O homem espiritual (I Cor 2:15; 15:46) é feito espírito vivificado
através da obra do último Adão (I Cor 15:45). O último Adão é do céu e é
espírito vivificante (I Cor 14:45-47). O pecador arrependido e crente em Cristo
pela fé, é feito um homem novo e espiritual. Este homem novo pode adorar o
Senhor em espírito verdadeiramente. Pode ser uma nova criatura, este homem novo
é adotado na família de Deus, feito filho de Deus (Gal 4:5; I João 3:1,2) amigo
(João 15:15) e nunca mais pode ser separado de Deus (Efés 2:14). Este novo
homem está com entendimento espiritual (I Cor 2:15), é espiritualmente vivo
(João 3:16; 10:28; Efés 2:1) e não pode pecar (I João 5:18). Todas essas
bênçãos espirituais nos lugares celestiais estão confirmadas por Jesus Cristo
(Efés 1:3; João 3:16). O Espírito de Deus habita no corpo desse homem que foi
feito novo (I Cor 6:19; II Cor 6:16) e faz com que ele seja agradável a Deus
por Jesus Cristo (Efés 1:6). O cristão, que é vivificado espiritualmente, é
chamado um novo homem (Efés 4:24) e tem um homem interior (Rom 7:22). Esse novo
homem é criado por Deus em verdadeira justiça e santidade (Efés 4:24; Col.
3:10). É assim que os Cristãos podem adorar a Deus corretamente “em espírito”.
O pecador regenerado no seu espírito tem prazer na lei de
Deus (Rom 8:22) e anseia ser obediente a Deus, pois é feito conforme a imagem
de Cristo que foi obediente em tudo (Rom 8:29; João 17:4; Fil. 2:8). Esta nova
criatura é evidenciada pelos desejos santos e ações de obediência. Pela nova
natureza feita por Deus, através de Jesus Cristo pelo Espírito Santo, os frutos
da santidade serão vistos (Gal 5:22; Efés 4:24). Os frutos desta santidade são
separação de tudo o que é imundo (Sal 97:10; 119:104; Prov. 8:13) para viver em
obediência à Palavra de Deus (Efés 2:8-10). A adoração verdadeira consiste em
uma vida separada do mundo e uma crescente obediência à Palavra de Deus.
Resumo: A adoração “em espírito” é muito mais que um
cântico bem cantado, ou uma aparência de santidade, uma concordância de
observar uma lista de regras para a vida, ou um sentimento de bem estar. A adoração
“em espírito” é um estilo de vida para com Deus, que deseja ser conforme o Seu
Filho. Esse estilo de vida espiritual resulta em uma apresentação dos nossos
corpos em sacrifício vivo para expressar pública e continuamente uma vida santa
e agradável a Deus (Rom. 12:1,2; Gal. 2:20).
Estás com o principal de uma vida espiritual, o Cristo?
Somente com Ele seremos agradáveis a Deus. Somente por Ele temos o espírito
vivificado pelo qual Deus deseja ser adorado.
Como o Cristão Adora “Em Espírito”
Por ter o Cristão um espírito vivificado e ainda ter o
pecado nos seus membros da carne, há conflitos. Uma natureza deseja os prazeres
da carne e batalha contra a outra que vive segundo a justiça e santidade (Rom
7:23,24). Tentações vêm ao crente através da sua carne (I Cor 10:13; Tiago
1:13-15). A vitória sobre essas tentações é por Jesus Cristo pelo espírito
vivificado (Rom. 7:25; I João 4:4). O crente é justificado eternamente
por Jesus Cristo (João 3:16; 10:28,29; Heb 9:12, “eterna redenção”), mas vive
confessando seus pecados para ser purificado no seu viver no mundo (I
João 1:9; Prov. 4:18).
Só o que é produzido do alto é aceito por Deus, pois o que
o homem natural produz é sujo. Para podermos adorar a Deus verdadeiramente, tem
que ser “em espírito”, pois é este que é movido e feito por Deus no crente. Só
aquele que é separado do mundo, é obediente à Palavra de Deus. A adoração, que
é baseada nas emoções da carne, e movida pelas maneiras e métodos
extra-bíblicos (os métodos inventados pelos homens que não são apoiados pela
Bília) ou anti-bíblicos (os métodos inventados pelo homem que são contrários
aos princípios da Bíblia), mesmo que sejam dirigidos a Deus, é uma adoração vã
e não aceita por Deus, pois não foi produzida por Ele. O que Deus aceita é
feito por Ele e é evidenciado pela santidade, silêncio, temor e por uma
obediência crescente (Sal 97:10; Hab. 2:20; Mat. 7:21; Rom 8:27; Fil. 1:6;
2:13).
O homem que cultiva uma sensibilidade ao temor de Deus nos
seus pensamentos, na fala, na vestimenta, no estudar, no trabalhar e no adorar
e é levado a obedecer a Palavra de Deus onde quer que seja, no lar, na
sociedade ou na igreja, esse é o homem que adora Deus “em espírito”.
A adoração que agrada a Deus não é produto dos esforços do
homem natural mas é fruto do Seu Espírito que está no homem novo. Isso é o que
significa “adorar em espírito”.
PARTE II – “EM VERDADE”
O que é a Adoração “Em Verdade”?
Mesmo que este estudo sobre a adoração verdadeira seja
dividido em dois pontos (“em espírito” e “em verdade”) devemos entender que não
existe um sem o outro. Importa a Deus que os que O adoram O adorem tanto “em
espírito” quanto “em verdade” (João 4:24). Se procuramos adorar o Senhor em só
um ponto, estamos adorando incorretamente. Mas estes dois pontos podem, para
maior clareza, ser estudados separadamente.
Não Existe Adoração Verdadeira sem a Verdade.
O homem sempre precisa de um equilíbrio. Por ter o homem
Cristão as duas naturezas, (uma pecaminosa e uma santa, Gal. 5:17), a
influência que a natureza pecaminosa pode exercer no crente precisa ser sempre
lembrada. Por esta razão existem tantos versículos na Bíblia sobre a
necessidade do Cristão ser vigilante e sóbrio (I Tess 5:6; I Ped 5:8),
despertado do sono (Rom 13:11-14) e ser espiritual (Mat. 26:41; Gal
5:16,17,24-26; Efés 5:14-21). Também, por ter um inimigo astuto, cheio de ardis
(Gên. 3:1; II Cor 2:10,11; Apoc 12:9), incansável (I Ped 5:8), que arma lutas
espirituais contra nós (Efés 6:11,12) precisamos de um alicerce forte, o qual
possa nos restabelecer nos conflitos espirituais.
A Palavra de Deus é o equilíbrio em que o Cristão precisa.
Ela é a verdade que santifica (João 17:17), é mui firme, e, portanto, devemos
ser atentos a ela (II Pedro 1:19). As Escrituras Sagradas foram dadas pela
inspiração do Espírito Santo e não produzidas por vontade de homem algum (II
Pedro 1:20,21) e, por isso, nos preparam perfeitamente para toda a boa
obra, inclusive a adoração (II Tim. 3:17). A Palavra de Deus é viva e,
portanto, eficaz em todas as épocas e para todos os povos a fim de dirigi-los
ao que agrada à Deus (Heb 4:12). O equilíbrio de que o Cristão precisa no meio
da mentira e engano sagaz que opera ao redor dele (Heb 12:1; Efés. 6:12) é a
Palavra de Deus (Sal 119:105). Ela é o que nos aperfeiçoa para a defesa (Efés
6:13-17), a resistência (I Ped 5:9) contra todas as astutas ciladas do diabo e
de todo o engano dos nossos próprios corações (Sal 119:130; I Tim 3:16,17). É
pela verdade que os espíritos são provados (I João 4:3; I Tim 4:1) e não pelos
pensamentos manipuláveis ou emoções enganadoras da natureza humana. De fato, a
Bíblia é a única regra de fé e ordem para o crente e isso vale também
para o assunto de adoração. Não há adoração verdadeira quando a Palavra de Deus
não é cuidadosamente obedecida, tanto na sua letra quanto no seu espírito.
A Palavra de Deus leva o Cristão à imagem de Cristo para
poder adorar “em verdade”. O Cristão que adora “em verdade” conforma-se com
Cristo, pois Cristo é a própria Verdade (João 14:6). O que Deus produz por Seu
Espírito traz a lembrança, tudo o que Cristo ensinou (João 14:26) e que
verdadeiramente testifica Cristo (João 15:26). O Espírito do Senhor, pela
Palavra de Deus, transforma-nos, de pouco em pouco, EM imagem de Cristo (II
Cor. 3:18). A adoração verdadeira nunca pode agir contrária aos ensinamentos de
Cristo ou exemplificar outra vida se não a de Cristo. A adoração verdadeira
deve ser “em verdade”, e Cristo é a verdade. Tudo que agrada a Deus deve ser em
conformidade com Seu Filho, pois pelo Filho o Pai é comprazido (Mat. 3:17 ;
17:5). Tanto mais em conformidade à imagem de Cristo, mais perfeita é a
nossa adoração. Deus não procura invenções sinceras ou espertas com que o homem
qualquer possa se empolgar em manifestar, mas Ele se compraz em Cristo (Mat.
17:4,5). Deus não se contenta nem um pouco com aquela adoração que é movida
pelo raciocínio de homens bem intencionados, mas isentos da verdade (João
18:10,11). Deus somente se contenta com aquela adoração que bebe fundo em
obediência ao cálice que Ele dá. Deus não é agradado em nenhuma maneira pela
compaixão humana que não é dirigida pela verdade da Palavra de Deus. Deus se
agrada naquilo que nos torna iguais a Cristo, naquilo que entenda as coisas que
são de Deus (Mat. 16:21-23; I Cor. 2:16). Cristo é o alvo e o meio de toda a
adoração verdadeira. Você está se tornando mais e mais a imagem de Cristo?
Somente assim se pode prestar adoração verdadeira.
Não há Espiritualidade sem Obediência
Excluir a obediência à Palavra de Deus ou não ser conforme
a imagem de Cristo seria uma abominação para Deus a Quem queremos adorar (Luc
6:46). Substituir as Escrituras Sagradas por algo diferente também é abominação
(Mar 7:7; Tito 1:14). Há uma multiplicidade de atrativos para afastar o Cristão
de uma adoração verdadeira. Há fábulas ou genealogias intermináveis (I Tim 1:4;
4:7) ofertas vás, incenso, observação de luas novas e sábados (Isa 1:13,14).
Mas tudo isso tende a adicionar algo à Palavra de Deus, em vez de seguir a sua
pureza (Prov. 30:5). Não devemos procurar melhorar a verdade (Deut 12:32;
Apoc 22:18,19) mas devemos apenas observá-la. Uma atenção sensível, um
estudo constante, a meditação contínua em conjunto com uma obediência temente à
verdade, a Palavra de Deus é essencial para adoração verdadeira. Não podemos
separar a adoração espiritual da adoração prática (obediência). O próprio
Espírito Santo é chamado o Espírito da verdade (João 14:17; 15:26; 16:13) que
nos aponta a Cristo que perfeito e espiritual mostrou a Sua espiritualidade
pela Sua obediência (Fil. 2:8; João 14:11). É certo que podemos ser menos
espirituais que o próprio Cristo, mas de nenhum modo podemos ser tão
espirituais a ponto de tornarmos a minuciosa obediência à verdade uma
desnecessidade.
A Obediência Verdadeira é Espiritual
Deve ser enfatizado que podemos ter obediência sem
espiritualidade. Os que crucificaram Cristo cumpriram a Palavra de Deus
completamente, mas, mesmo sendo obedientes, não operam com desejo de adorar o
Senhor por amor (Atos 2:21,22; 4:27,28). Demônios crêem na verdade, mas não
adoram o Senhor segundo a operação do Espírito Santo (Tiago 2:19). Os Fariseus
obedeceram à lei a risco, mas não entraram no reino de Deus (Mat. 5:20). Se
vamos servir ao Senhor, a obediência deve ser segundo o Espírito em amor
(Oséias 6:6; Miquéias 6:8; Apoc. 2:4,5).
Deve ser lembrado que podemos ter intenção sem uma
obediência completa. Pedro tinha intenção pura, tanto quando cortou a orelha
direita do Malco (João 18:10) quando repreendeu o Senhor Jesus Cristo quando
Este predisse Sua morte (Mat. 16:21-23). A igreja em Tiratira tinha muito amor,
mas era displicente com a obediência e isso trouxe uma dura repreensão do
Senhor (Apoc. 2:18-23). Se vamos servir o Senhor, o nosso amor deve ser com
obediência.
Pelo estudo feito podemos entender bem melhor que o que
Deus deseja é a adoração “em espírito e em verdade”, é algo que nunca é
produzido pelo homem, mas que vem somente de Deus. É produzida pelo Espírito de
Deus e é segundo a Sua Palavra, para trazer os seus à imagem de Cristo (II Cor.
3:18).
Bibliografia
Bíblia Sagrada, Sociedade Bíblica Trinitariana da Bíblia,
São Paulo, 1994.
Concordância Fiel do Novo Testamento, Editora Fiel, S. José
dos Campos, 1994
Dicionário Eletrônico Aurélio, v. 2.0, Junho 1996
STRONG, James LL.D., S.T.D., Exhaustive Concordance of the
Whole Bible, Online Bible, Canada, v. 7.0, (http://www.onlinebible.org).
TENNY, Merrill C. The Zondervan Pictorial Bible Dictionary,
Zondervan, Grand Rapids, 1975.