Em meu primeiro artigo tratei de algumas
razões pelas quais a influência da teologia reformada calvinista tem sido tão
presente nas Assembleias de Deus, tal influencia não é de agora e em aspectos
gerais tem trazido uma grande contribuição para o desenvolvimento de uma consciência
cristã/bíblica relevante na denominação, assim como a teologia arminiana
(posição teológica assumida oficialmente pela igreja), também tem seu lugar neste
processo, mas de uma maneira de certa forma tardia, resultado de uma cultura de
igreja que durante um bom tempo conviveu e convivi com receio e aversão a
instrução teológica, hoje disfarçada de falsa tolerância, é uma das características
que permanece presente tolhendo muitos potenciais ministeriais que poderiam
contribuir de maneira relevante neste desafio de formar uma identidade teológica
na denominação.
Tenho
tido dificuldades de entender a proposta desta “teologia pentecostal”, que
atualmente tem se falada tanto nas Assembleias de Deus e em alguns casos tem
sido colocada como uma terceira via de interpretação das doutrinas bíblicas
discordando até mesmo do próprio arminianismo, uma linha teológica de origem
tradicional, acredito que a grande confusão nesta questão está na formação de
cristãos bem resolvidos biblicamente, estamos atrasados não somente em relação
a tempo, mas principalmente pelos métodos que ainda insistimos em utilizar nas
congregações. Estou falando de uma denominação evangélica centenária, uma das
maiores do país, marcada em sua história pela manifestação do poder do Espirito
Santo e de seu ativismo evangelístico, mas que por outro lado concentra um dos
maiores públicos leigos de Bíblia, pessoas que podem saber muito sobre os
dogmas e usos e costumes da igreja, mas que estão desprovidos dos rudimentos
básicos da fé cristã, preferindo viver uma espiritualidade mística, mítica e
magica, acomodados de forma irresponsável na revelação dos outro e não da
Palavra de Deus.
Antes
de pensar em identidade teológica, temos que dá uma identidade bíblica ao
rebanho do Senhor, temos que ensinar o que a igreja precisa aprender e não o
que achamos que devemos passar, não vamos formar nada em ninguém através de um
conhecimento superficial viciado pelas conveniências de uma liderança que busca
fazer discípulos para atender os seus caprichos e não a causa do evangelho de
Jesus Cristo. O Pr. Ariovaldo Ramos vai
dizer que o dever principal de um líder cristão é levar sua congregação a
pensar com liberdade a partir das Escrituras Sagradas, isto só se torna possível
através de um investimento sério e continuo nos trabalhos de educação cristã da
igreja, precisamos formar cristãos pensantes, pessoas capazes de responder com
convicção quem são, para que foram chamadas e aonde chegarão mediante a sua fé
e conhecimento de Deus através sua Santa Palavra e nisto ainda estamos em falta,
uma boa parte de nossos irmãos assembleianos não foram acostumados a pensar
sozinhos, eles sentem uma dependência de ter alguém para pensar por eles e esta
deficiência denuncia uma fraqueza exposta que em boa parte dos casos é utilizada
em favor do engano maligno, você pode tentar me corrigir dizendo que em uma boa
parte dessas pessoas dependentes existem muitos analfabetos, doentes e etc, mas
eu estou cansado de acompanhar testemunhos de pessoas nessas condições que oram
a Deus por mais entendimento e são abençoadas com um discernimento mais aguçado
do que o de muitos intelectuais, essas dificuldades não podem servir de
justificativa para nos entregarmos a opressão da ignorância funcional que tem escravizado
a muitos.
No
debate entre arminianos e calvinistas tem muita gente falando bobagem sem
conhecimento de causa em ambos os lados, pessoas que se valem da ignorância ao
redor para se promoverem como intelectuais, mas na realidade são verdadeiros
anarquistas sem respeito e consideração pela igreja de Jesus Cristo, não
podemos desconsiderar a importante influência do calvinismo para os assembleianos,
por outro lado, devemos respeitar a posição teológica oficial da igreja que se
entende como arminiana, parece até um dualismo esta questão, mas estou
argumentando embasado na realidade atual da igreja, não vejo problema em termos
assembleianos calvinistas, nem tão pouco nos assembleianos arminianos, o
problema está no preconceito e em um sentimento de disputa ridículo que prefere
dividir a igreja em duas facções do que unir-nos no amor graciosos de Jesus
Cristo.
O
que está em nós é bem maior do que qualquer disputa exclusivista, cabe as
lideranças mediarem tal equilíbrio doutrinando de forma honesta e sensata sua
congregação, não necessariamente induzindo a escolha de um lado, tomando o
outro como heresia, e seus adeptos como desgraçados. Devemos promover uma convivência
sadia através de um diálogo respeitável, levando em consideração que mesmo em
lados teologicamente opostos somos irmãos em Cristo.
Deus vos abençoe!!!
Vicente Leão