ENFRENTANDO O TEMA
O assunto sobre o papel da mulher na sociedade como um todo, incluindo a Igreja e o lar, não é simples de se tratar. Discussão polêmica, o assunto tem suscitado debates acalorados incluindo acusações injustas quando alguns afirmam que o machismo e a falta de consideração, e não as Escrituras, são a grande referência do tema para aqueles que buscam ser mais criteriosos ao vetar toda e qualquer liderança feminina sobre homens. Os que assim pensam sequer concedem um tratamento mais aprofundado e equânime. Falando nisso, como eu já expressei em outros artigos, o machismo é um pecado covarde que afronta a santidade e o propósito de Deus ao relacionamento entre um homem e uma mulher. Reduzir esta mulher à condição de objeto, fazendo com que seja tratada como propriedade de alguém é desumano e criminoso, é pecaminoso. E contrariando este pecado, as Escrituras apresentam o lugar da mulher e do homem diante de Cristo conforme encontramos em Gálatas 3.25-28:
Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio. Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
O mesmo é dito no contexto da intimidade do casal em 1Coríntios 7.3,4:
O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher.
Homem é mulher são iguais segundo os dois contextos tratados pelos textos acima. Todavia, o convívio entre o homem e a mulher não se limita a dois estes ambientes apenas. Quando tratamos sobre a função de cada um, não há dúvidas da existência de diferenças estabelecidas na criação antes da inserção do pecado por nossos primeiros pais. Na economia[1] divina, assim como se exige a submissão dos filhos aos pais, pois o contrário seria um absurdo, da mesma forma a mulher se constitui como auxiliadora ao homem que lidera.
Quando Paulo parece enfrentar o problema diante de algumas mulheres que tentavam burlar esta regra, seu argumento é a ordem da criação. Se em momentos diferentes ele usa a imposição da lei em 1Coríntios 14.34,35 e o processo de entrada do pecado no Éden em 1Timóteo 2.14, o argumento criacional está presente em ambas as vezes em que o assunto é tratado:
Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem. Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem. Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade. (1Coríntios 7.7-10)
Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. (1Timóteo 2.13,14)
Agora vejamos, se a submissão da mulher como doutrina bíblica é consenso, então surge a pergunta: em que contexto aplicamos este princípio? Estaria esta funcionalidade restrita ao lar somente? Podemos aplicar este princípio à sociedade como um todo ou apenas à Igreja? Até que ponto as mudanças culturais da modernidade devem interferir neste assunto?
Essa matéria não é tão fácil, mas eu me atrevo a discuti-la de acordo com aquilo que creio ser a revelação da vontade de Deus nas Escrituras sob a perspectiva de que a cosmovisão bíblica se aplica a toda sociedade e não apenas a alguns setores do Reino de Deus. Também quero ser honesto em dizer que minhas afirmações são diretamente influenciadas pela interpretação que faço das Escrituras conforme o compêndio oferecido pela Teologia Reformada.
A aplicação da funcionalidade existente entre o homem-líder e a mulher-submissa deve ser aplicada a todos os seres humanos por dois motivos simples. Primeiro, o argumento de Paulo sobre o assunto se baseia na criação, momento em que, pelo pacto das obras, o Criador revela os seus mandatos para os seres humanos. Vejamos o que diz Gênesis 2.15,18
Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar(...) Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.
Em segundo lugar, o termo cosmovisão significa visão de mundo, regras que se aplicam a todo contexto humano, o ideal para toda sociedade. Como exemplo disto trago outra cosmovisão muito conhecida, principalmente no contexto escolar e acadêmico, o marxismo. É notório que esta doutrina, baseada em questões econômicas, grassam suas ideias em todas as áreas do conhecimento e das práticas humanas. Não há um espaço sequer da condição humana onde o marxismo não tente decifrar e interferir. E o que significa esta ampla abordagem doutrinária? Significa ter coerência com relação por se tratar de uma cosmovisão vivida e imposta. A mesma coerência deve ocorrer quando se trata da cosmovisão bíblica uma vez que não há como fragmentá-la, não há como estabelecer áreas distintas: Igreja e lar distintos do restante da sociedade. A Lei de Deus é para todos, embora somente os eleitos convertidos tenham amor por ela. Ou se tem uma visão de mundo ou se tem uma visão das partes, fraturada, fragmentada. E, caso haja apenas uma visão das partes, o que vai prevalecer, no final das contas, é o relativismo, mesmo que disfarçado.
ABORDANDO AS FALÁCIAS
Quero apresentar o que chamo de as cinco falácias relacionadas às práticas femininas. Não quero dizer com isso que os defensores de algumas ou de todas estas falácias são sempre intencionalmente mentirosos ou desonestos. O que afirmo é que estas pessoas se baseiam em argumentos frágeis e inconsistentes embora lógicos. São pessoas bem intencionadas, mas que, a meu ver, estão equivocadas. As cinco falácias que me refiro são: A mulher pode pregar sob a autoridade do pastor. A mulher pode exercer o ofício de diaconisa. A mulher pode dirigir a liturgia do culto. A mulher pode exercer autoridade sobre homens na esfera civil. A mulher pode ensinar adultos numa classe bíblica.
Tratemos, então, de cada uma delas:
Primeira falácia: A mulher pode pregar sob a autoridade do pastor.
Este argumento é muito utilizado para justificar a pregação feminina no culto solene. Seus defensores se baseiam no que Paulo diz em 1Coríntios 11.5:
Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada.
Há dois pontos que devem ser considerados aqui. Em primeiro lugar, o assunto tratado por Paulo é sobre a utilização do véu no culto solene e não sobre quem deve pregar na igreja. Sobre se a mulher pode ou não profetizar será tratado mais a frente no capítulo 14 onde este tema é o ponto central (em paralelo com o dom de línguas). Em segundo lugar, não há nesta passagem uma ordem direta, pois esta também virá no mencionado capítulo 14.34,35. Em terceiro e último lugar, quando nos deparamos com um assunto aparentemente contraditório, a regra da interpretação é clara: as Escrituras explicam as Escrituras. Ou seja, a clareza de outros textos ajuda na compreensão e interpretação de afirmações menos claras. É como afirma a Confissão de Fé de Westminter:
A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente.[2]
Como exemplo, citarei o comentário de Calvino sobre esta passagem. O reformador escreveu:
Parece-me, no entanto, dispensável Paulo proibir a mulher de profetizar com a cabeça descoberta, uma vez que o faz num outro momento (1Timóteo 2:12) quando veta terminantemente as mulheres de falar na Igreja. Para o apóstolo, portanto, não era permitido às mulheres o profetizar, mesmo com a cabeça coberta. Neste caso, torna-se desnecessário aqui o prolongamento da discussão sobre o uso do véu. Logo, concluo que, ao condenar uma coisa, não significa que o apóstolo tenha aprovando outra, pois quando há a reprovação das mulheres profetizarem com a cabeça descoberta, não há, ao mesmo tempo, a permissão para que o façam sob outras circunstâncias. Paulo está apenas adiando a reprovação do erro para outra passagem, ou seja, 1Coríntios 14. Não há nada de errado nesta afirmação, pois atende ao fato de que o apóstolo exigia a modéstia das mulheres – não só no local onde se encontrava a Igreja reunida, como também em qualquer outro ajuntamento digno, seja de senhoras, seja de homens, como acontecia de vez em quando no interior dos lares.[3]
Não fica dúvida de que este modo de interpretar o trecho de Paulo em 1Coríntios 11.5 anula qualquer tentativa de se justificar a pregação feminina no culto solene, mesmo sob o pretexto de que a suposta pregadora esteja debaixo da autoridade de um pastor[4]. Afinal de contas, se uma mulher, sob a justificativa de que está debaixo da autoridade da liderança da igreja, prega a Palavra, ela exercerá inequivocamente autoridade sobre os demais ouvintes, não importando se são homens, mulheres, crianças ou líderes. Ela exercerá autoridade de homem, prática condenada por Paulo em 1Timóteo 2.12 quando diz: “E não permito que a mulher (...) exerça autoridade de homem...” A fragilidade do argumento em favor da pregação feminina está no fato de que a mulher, em última instância, exercerá autoridade sobre seus ouvintes, contrariando o ensino claro do apóstolo Paulo a respeito deste assunto.
Conclusão: não existe, segundo as Escrituras, nenhuma condição que autorize a mulher pregar no culto solene, nem mesmo 1Coríntios 11.5.
Segunda falácia: A mulher pode exercer o ofício de diaconisa.
Há uma grande diferença entre o ofício diaconal e a prática diaconal. O ofício diaconal transforma um crente em um oficial da igreja por meio da imposição de mãos, o que demanda certa autoridade sobre os demais crentes. A prática diaconal pode ser exercida por qualquer pessoa, seja homem ou mulher.
Agir como diácono é agir como quem serve. Neste sentido, o Novo Testamento reconhece algumas mulheres que serviam a Cristo e à Igreja (Mateus 27.55; Marcos 15.40,41; Lucas 8.2,3; 10.40; João 12.2; Romanos 16.1 etc.; os verbos trazem o significado de “agir como diácono”). Embora estas servas de Deus tenham agido de forma diaconal, não há uma menção sequer de que tenham sido consagradas ao ofício diaconal, uma vez que esta função só poderia ser realizada por homens. Isto fica claro quando Paulo traz as características do homem que deveria exercer este o ofício, tendo, inclusive uma esposa que o auxiliasse com toda submissão e modéstia, características requeridas a todas as mulheres crentes.
Em 1Timóteo 3.8-13, Paulo os chama de diácono os homens crentes candidatos ao ofício, mas quando trata das mulheres crentes, ele as identifica com o termo mulheres, além do fato de que a expressão: “Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo.” antecede imediatamente à recomendação que trata da família do candidato ao ofício diaconal: “O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa.” Se há uma ligação entre os termos mulheres do verso 11 e mulher do verso 12, logo Paulo está recomendando que a esposa do candidato ao ofício diaconal o auxilie no futuro ministério sem, contudo, ter sobre ela o oficialato.
Se assim for, parece-nos antibíblico uma mulher exercer o cargo de oficiala dentro da igreja. Conclusão: nenhuma irmã pode ser consagrada ao ministério diaconal pela imposição de mãos, nem ser vista como diaconisa dentro daquilo que o termo significa, embora não seja proibida de servir à Igreja com submissão e modéstia.
Terceira falácia: A mulher pode dirigir a liturgia do culto.
Um dos costumes mais disseminados nas igrejas hoje em dia é o conhecido Ministério de Louvor. Este costume tem seu início no final da década de 1960 e se fortaleceu a partir da segunda metade da década de 1970. Mas é na década de 1980 que há uma explosão do chamado Grupo de Louvor fazendo com que muitas igrejas-comunidades nasçam embasadas unicamente nesta prática musical em detrimento, muitas vezes, da pregação fiel da Palavra. Nesta inversão das prioridades cúlticas, a música passa a ser o centro e não mais a exposição fiel das Escrituras.
Dentro deste contexto, vitalizado pelo comércio e consequente proliferação das antigas Fitas K7, discos de vinil, CDs e, mais recentemente, o DVD, o Blue-Ray e o MP3, foi criado o cargo de Ministro de Louvor, isto é, do dirigente que possui a responsabilidade de ministrar à igreja presente entre uma música e outra. Ocorre que este cargo passou a ser ocupado, tanto por homens como por mulheres. E mesmo que o momento de cânticos do chamado Grupo de Louvor no culto seja apenas uma pequena parte do tempo total, neste momento mulheres passam a dirigir a liturgia incluindo as ministrações exortativas e didáticas.
Deixo claro que minha questão não é discutir aqui sobre modelos ou formas de liturgia[5], reservo isto para outro momento, minha questão aqui é discutir sobre o fato das mulheres estarem dirigindo a liturgia, ou parte dela, sob o pretexto de que são ministras ou simplesmente dirigentes de louvor. Muitos defensores desta prática dizem que estas dirigentes agem sob a autoridade do presbítero ou do pastor da igreja. Bem, a contra-argumentação segue na mesma direção daquilo que foi exposto no item primeiro, ou seja, mesmo que haja a justificativa de que o lugar da dirigente está sob a autoridade da liderança, ainda assim, esta dirigente exercerá autoridade sobre os demais presentes, incluindo a própria liderança.
Paulo, em 1Timóteo 2.12, ordena que a mulher está proibida de exercer a autoridade destinada aos homens. Isto inclui, por inferência, a direção total ou parcial da liturgia, pois desde o Velho Testamento, o culto sempre foi dirigido por homens como responsabilidade dada por Deus, e não há nenhuma afirmação no Novo Testamento que modifique este princípio. Conclusão: o dirigente principal do culto solene, que eu prefiro chamar de liturgo, deve ser somente um homem habilitado para tal.
Quarta falácia: A mulher pode exercer autoridade sobre homens na esfera civil.
Este talvez seja o ponto mais controverso entre os crentes que afirmam subscrever a Teologia Reformada, incluindo aqueles que defendem o cultivo e disseminação de uma cosmovisão bíblica. Este tema não é novo, eu mesmo já escrevi sobre este assunto falando acerca da impossibilidade de uma mulher assumir o cargo da presidência da república. Todavia, desejo aqui ampliar a discussão e acrescentar toda e qualquer posição de autoridade exercida por uma mulher sobre homens, quer na política, quer no trabalho ou em qualquer outro ambiente da sociedade que exista para além da Igreja e do lar.
Já argumentei no início deste texto que a funcionalidade entre o homem e a mulher foi determinada nos mandatos divinos contidos no pacto das obras antes de o pecado entrar na humanidade, haja vista que Paulo embasa seu argumento sobre o homem-líder e a mulher-submissa na criação antes da queda, o que significa que tais mandatos são para a sociedade como um todo não apenas para parte dela como a igreja ou o ambiente familiar.
Em meu argumento quero utilizar dois textos da Palavra de Deus. O primeiro é a narrativa de Débora e de Baraque quando nesta exceção soberana do Senhor Deus aconteceu a desonra deste homem. Isto pode ser visto nas palavras de Débora em Juízes 4.9 ao discorrer sobre a libertação do povo de Deus por meio da ação de Baraque que, covardemente, afirma que só iria para o campo de batalha acompanhado por ela:
Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera. E saiu Débora e se foi com Baraque para Quedes.
A humilhação não ocorre somente porque Baraque roga para que Débora o acompanhe ao campo de batalha, ocorre também porque Sísera morre, não pela mão de um homem guerreiro, mas pela mão de outra mulher, Jael. A desonra dos homens representados por Baraque é clara demonstrando que o mesmo ocorre quando mulheres assumem o papel que aos homens pertence.
Com relação ao cargo de juíza ocupado por Débora, é importante mencionar que uma pessoa nesse tempo só era vista como juiz sobre o povo após ser reconhecido como libertador por meio de ações militares. Isto é, primeiro este alguém deveria vencer uma batalha e vencer os inimigos, assumindo a posição de libertador do povo de Israel para, em seguida, ser visto como juiz capaz de julgar as causas do povo. O caso de Débora é totalmente sui generis, uma absoluta exceção, pois primeiro ela julga para depois participar da batalha cujo objetivo é a libertação do povo contra a coalizão cananéia. Por esta linha de interpretação, Débora desejava que Baraque assumisse este posto de juiz ao incentivá-lo para a batalha, mas a atitude de Baraque retira esta honra de sobre si, trazendo a desonra, uma vez que não confiou em Deus, mas numa mulher.
O segundo texto que trago o texto de Isaías 3.1,8,9,11-14, que diz:
Porque eis que o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, tira de Jerusalém e de Judá o sustento e o apoio, todo sustento de pão e todo sustento de água; (...) Porque Jerusalém está arruinada, e Judá, caída; porquanto a sua língua e as suas obras são contra o SENHOR, para desafiarem a sua gloriosa presença. (...) O aspecto do seu rosto testifica contra eles; e, como Sodoma, publicam o seu pecado e não o encobrem. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos. (...) Ai do perverso! Mal lhe irá; porque a sua paga será o que as suas próprias mãos fizeram. Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres estão à testa do seu governo. Oh! Povo meu! Os que te guiam te enganam e destroem o caminho por onde deves seguir. O SENHOR se dispõe para pleitear e se apresenta para julgar os povos. O SENHOR entra em juízo contra os anciãos do seu povo e contra os seus príncipes. Vós sois os que consumistes esta vinha; o que roubastes do pobre está em vossa casa.
O contexto é claro quando mostra o juízo de Deus contra o povo. E uma das várias ações divinas que demonstram o duro julgamento está contida na frase: “mulheres estão à testa do seu governo”. Como se não bastasse o caos de uma nação sem rei, sem guerreiros, tomada por opressores e por líderes corruptos e infantis, mulheres encontram-se à frente como chefes do governo. Neste caso, a conclusão é simples, quando mulheres assumem o posto que, por direito criacional pertence aos homens, significa que o juízo de Deus desceu do céu e se instaurou sobre a nação.
Minha conclusão sobre o que vimos acima é simples, nenhuma mulher deve assumir o posto de liderança sobre homens porque se assim fizer trará desonra e demonstrará a presença do juízo de Deus. É obvio que o mundo situado no maligno faz pouco caso sobre este assunto, mas para nós que somos de Deus trata-se de uma questão que deve ser, pelo menos, refletida com profundidade e temor. E para auxiliar um pouco mais nesta reflexão faço os seguintes questionamentos: qual o homem de Deus gostaria de ver sua esposa como presidente da república, governando a nação? Ou como oficiala do exército comandando diretamente dezenas de homens? Ou como chefe de uma grande repartição chefiando vários funcionários? Ou como delegada de polícia vociferando sobre policiais e bandidos? Ou como alta funcionária pública mandando sobre homens subordinados? Ou ainda, qual o homem de Deus gostaria de ver sua esposa como parlamentar decidindo sobre seus comissionados? Se sua resposta for “nenhum” então você concorda com o que defendo até aqui.
Quero ampliar a discussão trazendo uma ilustração. Suponhamos que um casal de crentes está relaxando sobre a cama ouvindo uma música suave; ele presbítero e ela membro comungante da igreja. Inesperadamente o celular da esposa toca e a partir daí um diálogo tem início com um subordinado ao cargo exercido por ela na empresa. A conversa ocorre sob forte tensão e a mulher começa a dar comandos com extrema firmeza por meio de reprimendas e cobranças ao tal sujeito do outro lado da linha. Em seguida, metas são estabelecidas para que o funcionário do outro lado da linha as cumpra dentro de prazos estabelecidos. A autoridade no tom de voz e na maneira de se comunicar salta aos olhos e aos ouvidos do marido que permanece passivo, como mero espectador daquela cena. Por fim a conversa acaba e o telefone celular é desligado fazendo com que a música suave volta a ser ouvida por não mais ser superada pelo firme tom de voz da esposa que agora se vira e olha para o marido e desabafa: “Ai! Não é fácil ser chefe de departamento na empresa, tenho que lidar com tantas pessoas incompetentes?!” Ao ver o olhar do marido, ela percebe toda a situação criada pelo telefonema e, tentando amenizar diz: “Oh, meu querido, ainda bem que aqui em casa e na igreja estou debaixo da autoridade dos homens...”
O que este marido crente e presbítero pensaria sobre este contraste vivenciado entre o lar, a igreja e o tipo de trabalho da esposa? Esta narrativa fictícia elucida sobre a funcionalidade ordenada por Deus ao homem-líder e à mulher-submissa, funcionalidade esta que não se restringe somente à Igreja e à família, mas atinge todo o espaço social ao redor de nós. Repito, se esta ilustração o incomoda, então no mínimo você caminha na mesma direção em que eu caminho. Conclusão: de acordo com a economia divina, não há nenhum lugar na sociedade onde seja permitido à mulher exercer autoridade sobre homens.
Quinta e última falácia: A mulher pode ensinar adultos numa classe bíblica.
Muitos não vêm problema quando uma professora coloca-se à frente de uma sala de jovens ou de adultos para ensinar a Bíblia no ambiente da Escola Dominical. O argumento é simples, como há uma diferença entre o culto solene e a Escola Dominical, então concorda-se que lá no culto a mulher não pode dirigir nem pregar, mas aqui na escola não há problema quando uma irmã piedosa ensina numa sala repleta de homens.
Com relação ao argumento acima faço duas considerações. Primeiro, os argumento é verdadeiro quando estabelece uma diferença importante entre a Escola Dominical e o culto solene. Não podemos confundir o momento em que a família de Deus se reúne para cultuar ao Senhor com um momento didático cujo objetivo é o aprendizado da Bíblia. E digo mais, uma igreja não estaria pecando contra Deus se transferisse a Escola Dominical para qualquer outro dia da semana ou mesmo se a eliminasse praticando apenas o culto solene no dia do Senhor, embora eu concorde que tal atitude em muito prejudicaria os crentes, retirando deles a oportunidade de estudar em grupo a Palavra de Deus no Domingo. A segunda consideração que faço é que há um grande equivoco na derivação do argumento supracitado quando, em nome dessa diferença, seja dado às mulheres o direito de ensinar aos homens. Mais uma vez recorro ao texto de Paulo em 1Timóteo 2.12: “E não permito que a mulher ensine...”.
Mas há outro texto de Paulo que quero utilizar aqui para ampliar os fulcros do meu argumento. É o que está escrito em Tito 2.3-5
Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.
Este texto reconhece que as mulheres podem receber de Deus a capacidade para ensinar, de serem boas professoras, ou como Paulo afirma, de serem mestras do bem. Mas a quem estas mestras devem ensinar? Hoje muitos diriam que a qualquer sala mista de jovens e adultos da Escola Dominical. Mas não é isso que Paulo escreve. O apóstolo deixa claro o alvo deste ensino são outras mulheres pouco experientes no trabalho voltado ao lar. Logo, não se nega a existência de mulheres mestras, a questão é o público alvo deste ensino, e neste aspecto as Escrituras não deixam dúvidas.
E por que o apóstolo não indicou homens como alunos das mestras do bem? Justamente porque Paulo não poderia ferir o princípio imposto por ele mesmo sobre a impossibilidade de existir mestras de homens. Conclusão: nada nas Escrituras justificam o ensino por parte da mulher aos homens na Escola Dominical ou em qualquer outro contexto.
CONCLUSÃO
Devido à complexidade do assunto, termino este texto citando 1Coríntios 2.14 que diz:
Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
Vejo com tranquilidade que os argumentos tratados até aqui são loucura para os incrédulos. Já para os crentes, pelo menos, deveria ser motivo para uma reflexão cheia do temor do Senhor. Tratar sobre o papel da mulher no lar, na Igreja e na sociedade como um todo não é tarefa fácil, embora o desafio seja honroso. O que tentei até agora não foi outra coisa senão apenas usar de honestidade com aquilo que creio estar nas Escrituras e nos Símbolos de Fé que subscrevo. Espero de coração que a reflexão provocada por minhas palavras aconteça ao redor da vontade divina revelada e que, em tudo, o nome de Deus seja glorificado.
Não posso encerrar sem antes fazer um reconhecimento. Quero distinguir, honrar e louvar a atuação feminina como auxiliares de Deus aos homens crentes em todos os momentos e em todos os lugares. Deus tem capacitado suas eleitas ao longo da jornada da Igreja para que sejam benevolentes e servas abençoadas. A mulher, representada na pessoa de Maria, possui o privilégio de ter sido instrumento exclusivo para a vinda do Salvador a esta terra. Que privilégio, como Deus ama as mulheres, como são importantes. Daí a grande e séria responsabilidade dos homens em liderá-las biblicamente por meio do cuidado e do serviço a cada uma delas, sempre atentos para não pecarem contra Deus e, consequentemente contra as mulheres por meio da omissão, da preguiça, da covardia, ou ainda por meio da brutalidade, da violência e do descaso. Quanto às servas de Deus, mulheres de valor, rogo para que todas tragam no coração e na mente as palavras de Maria registradas em Lucas 1.38:
Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra.
Rev. Alfredo de Souza