Uma questão que permanece forte nos
dias de hoje é a questão da ordenação feminina. Afinal, mulheres podem ser
pastoras? Nós do VE acreditamos que tanto os homens quanto as mulheres
foram criado à imagem de Deus, porém Deus deu funções distintas a cada um. Em
Efésios 5 vemos que o homem é o cabeça da esposa, como Cristo é o cabeça da
igreja. Da mesma forma, na igreja, Deus deu a função de liderança pastoral aos
homens.
Oferecemos aqui respostas aos
argumentos geralmente empregados em favor da ordenação de mulheres para o
ministério pastoral.
1. Deus
não criou originalmente o homem e a mulher iguais? Qual a base, pois, para
impedir que a mulher seja ordenada?
Resposta: De fato, lemos em
Gênesis 1 que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. Entretanto,
lemos no relato mais detalhado de Gênesis 2 que Deus lhes atribuiu papéis
diferentes, dando ao homem o papel de liderar e cuidar da mulher e à mulher o
papel de ser sua ajudadora, em submissão. Esta diferenciação é percebida por
Paulo na ordem em que foram criados (primeiro o homem e depois a
mulher, 1Tm 2.13), na forma como foram criados (a mulher foi criada
do homem, 1Co 11.8) e no propósito para o que foram criados (a mulher
foi criada por causa do homem, 1Co 11.9). A igualdade da criação, portanto, não
anula a diferenciação de funções estabelecida na própria criação.
2. A
subordinação feminina não é parte da maldição por causa da queda? E Cristo não
aboliu a maldição do pecado? Por que, então, as mulheres cristãs não podem
exercer o ministério em igualdade com os homens?
Resposta: Sem dúvida um dos
castigos impostos por Deus à mulher foi o agravamento da sua condição de
submissão. Entretanto, a subordinação feminina tem origem antes da queda, ainda
na própria criação. O homem não foi feito da mulher, mas a mulher foi feita do
homem. O homem não foi criado por causa da mulher, mas sim a mulher por causa
do homem (1Co 11.8-9). Quanto à obra de Cristo, lembremos que seus efeitos não
são total e exaustivamente aplicados por Deus aqui e agora. Por exemplo, mesmo
que Cristo já tenha vencido o pecado e a morte, ainda pecamos e morremos.
Outros efeitos da maldição impostos por Deus após a queda ainda continuam, como
a morte, o sofrimento no trabalho e o parto penoso das mulheres. Além do mais,
desde que os diferentes papéis do homem e da mulher já haviam sido determinados
na criação, antes da queda, segue-se que continuam válidos. O que o
Cristianismo faz é reformar esta relação de submissão para que a mesma seja
exercida em amor mútuo e reflita assim mais exatamente a relação entre Cristo e
a Igreja.
3. Há
abundantes provas na Bíblia de que as mulheres desempenharam papéis cruciais,
ocupando funções de destaque e sendo instrumento de bênção para o povo de Deus.
Isto não prova que elas, hoje, podem ser ordenadas e exercer liderança?
Resposta: Estas provas demonstram
apenas a tremenda importância do ministério feminino, mas não a existência do
ministério feminino ordenado. Nenhuma destas mulheres era apóstola,
pastora, presbítera ou diaconisa. Jesus não chamou nenhuma mulher para ser
apóstola. As qualificações dos pastores em 1Timóteo 3 e Tito 1 deixam claro que
era função a ser exercida por homens cristãos. O fato de que as mulheres sempre
foram extremamente ativas e exerceram muitas e diferentes atividades e serviços
na Igreja Cristã não traz como corolário que elas tenham sido, ou tenham que
ser, ordenadas para tal.
4. Há
evidência na Bíblia de que Hulda, Débora, Priscila e Febe eram líderes e
exerciam autoridade. Isto não é prova bíblica suficiente para ordenação de
mulheres?
Resposta: Há dois pontos a se ter
em mente quanto ao ministério destas mulheres: (1) O fato de que a Bíblia
descreve como Deus usou determinadas pessoas em épocas específicas para
propósitos especiais não faz disto uma norma. Lembremos da utilíssima distinção
entre o descritivo e o normativo na Bíblia. Deus usou o falso profeta Balaão
(Nm 22.35). O desobediente rei Saul também profetizou em várias ocasiões (1Sm
10.10; 19.23), bem como os mensageiros que enviou a Samuel (1Sm 19.20,21). A
descrição destes casos não estabelece uma norma a ser seguida pelas igrejas na
ordenação de oficiais. O fato de que Deus transmitiu sua mensagem através de
uma mulher não faz dela um oficial da Igreja. Há outros requisitos no Novo
Testamento para o oficialato conforme lemos nas especificações explícitas que
temos em 1Timóteo 3 e Tito 1.
(2) Os profetas de Israel não
recebiam um ofício mediante imposição de mãos para exercer uma autoridade
eclesiástica oficial. Os reis e sacerdotes, ao contrário, eram “ordenados” para
aquelas funções e as exerciam com autoridade. Não há sacerdotisas “ordenadas”
em Israel, pelo menos nas épocas onde prevalecia o culto verdadeiro. Hulda foi
uma profetiza em Israel, recebendo consultas em sua casa (2Re 22.13-15). A
mesma coisa pode ser dita de Débora, que foi juíza em Israel numa época em que
não havia reis e nem o sacerdócio funcionava, quando todos faziam o que parecia
bem aos seus olhos. Seu ministério foi uma denúncia da fraqueza e falta de
coragem dos homens daquela época (Jz 4.4-9; compare com Is 3.12). Sobre
Priscila, sua liderança parece evidente, porém menos evidente é se ela era
pastora ou presbítera. Quanto à Febe, ver a pergunta sobre ela mais adiante.
5. Podemos
afirmar que o patriarcado, conforme o encontramos na Bíblia, especialmente no
Antigo Testamento, é uma instituição nociva e perversa que denigre, inferioriza
e humilha a mulher?
Resposta: O patriarcado, como o
encontramos na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, não é simplesmente
uma afirmação da masculinidade, não é jamais sinônimo de domínio macho ou um
sistema de valores no qual o homem trata a mulher com descaso, desvalorizando-a
e super valorizando-se. Muito menos sinônimo de exploração e domínio, como
afirma o feminismo. Patriarcado é o sistema no qual os pais cuidam de suas
famílias. A imagem do pai no Velho Testamento não é primariamente daquele que
exerce autoridade e poder, mas do amor adotivo, dos laços pactuais de bondade e
compaixão. Somente nas Escrituras hebraicas podemos encontrar um Deus Pai
Todo-Poderoso e Todo-Bondoso. Os patriarcas refletem a paternidade de Deus,
ainda que muito pobremente. O Deus dos Hebreus não é como os deuses masculinos
irresponsáveis das culturas pagãs das cercanias de Israel, porque ele jamais
abandona os filhos que gera, antes, deles cuida. Os patriarcas seguem o exemplo
de Deus. Naquela cultura ensinava-se ao homem judeu que ele não era simplesmente
um animal, agressivo, assertivo e violento, mas pai, cuja agressividade deveria
ser transformada pela responsabilidade, que haveria de manifestar a gentileza e
o cuidado pelos filhos e a expressão da completa masculinidade, que haveria de
se unir com o ser feminino e o mundo feminino da família, ainda que mantivesse
a separação necessária para o exercício da autoridade. O machismo é uma versão
deturpada de alguns aspectos do patriarcado, e oprime as mulheres. Devemos
lutar contra o machismo, e não deixar de reconhecer a verdade sobre o
patriarcado.
6. Febe
não era uma diaconisa, conforme Romanos 16.1-2? Isto não prova que as mulheres
podem exercer autoridade eclesiástica na Igreja?
Resposta: Temos de considerar os
seguintes aspectos.
(1) Não é claro se Febe era realmente
uma diaconisa. Muito embora no original grego Paulo empregue o termo “diácono”
para se referir a ela, lembremos que este termo no Novo Testamento nem sempre
significa o ofício de diácono. Pode ser traduzido como servo, ministro, etc. Portanto,
nossa tradução “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à
igreja de Cencréia” é perfeitamente possível e não é uma tradução
preconceituosa.
(2) Mesmo que houvesse diaconisas na
Igreja apostólica, é certo que elas não exerceriam qualquer autoridade sobre as
igrejas e sobre os homens – a presidência era dos presbíteros, cf. 1Tm 5.17; o
trabalho delas seria provavelmente com outras mulheres (Tt 2.3-4) e relacionado
com assistência aos pobres. É interessante que a primeira referência que existe
na história da Igreja sobre o trabalho de mulheres, diz assim: “A mulher deve
servir às mulheres” (Didascalia Apostolorum). Isto queria dizer que elas
instruíam as outras que iam se batizar, ajudavam no enterro de mulheres,
cuidavam das pobres e doentes. Não há qualquer indício de que tais mulheres
eram ordenadas para o exercício da autoridade eclesiástica.
7. O
que fazer quando mulheres possuem visão pastoral, liderança, habilidades para o
ensino ou capacidade administrativa, dons de evangelismo ou profecia?
Resposta: Que exerçam estas
habilidades e dons dentro das possibilidades existentes nas Igrejas. Elas não
precisam ser ordenadas para desenvolver seus ministérios e manifestar seus
dons.
8. A
resistência em ordenar mulheres hoje não decorre da reafirmação através dos
séculos da inferioridade da mulher, feita por importantes teólogos e líderes da
Igreja?
Resposta: A Igreja deve andar
pelo ensino das Escrituras Sagradas. Se teólogos e líderes antigos defenderam
idéias erradas sobre a inferioridade da mulher, cabe à Igreja corrigi-las à luz
das Escrituras, que mostram que Deus criou o homem e a mulher iguais. Porém,
corrigir os erros dos antigos neste ponto não significa ordenar mulheres, pois
aí estaríamos cometendo um outro erro. Certamente as mulheres não são e nunca
foram inferiores aos homens, mas daí a abolirmos os papéis distintos que lhes
foram determinados por Deus na criação vai uma grande distância.
9. Existe
algum texto na Bíblia que diga claramente “é proibido que as mulheres sejam
ordenadas ao ministério”?
Resposta: Nenhuma das passagens
usadas contra a ordenação feminina diz explicitamente que mulheres não podem
ser ordenadas ao ministério. Entretanto, todas elas impõem restrições ao
ministério feminino, e exigem que as mulheres cristãs estejam submissas à
liderança cristã masculina. Essas restrições têm a ver primariamente com o
ensino por parte de mulheres nas igrejas. Já que o governo das igrejas e o
ensino público oficial nas mesmas são funções de presbíteros e pastores (cf.
1Tm 3.2,4-5; 5.17; Tt 1.9), infere-se que tais funções não fazem parte do
chamado cristão das mulheres. Ainda, se o argumento do silêncio for usado, ele
se vira contra a ordenação feminina, pois não há texto algum que diga que
as mulheres devem ser ordenadas ao ministério da Palavra e ao governo
eclesiástico, enquanto que as Escrituras atribuem ao homem cristão o exercício
da autoridade eclesiástica e na família.
10. Se
as mulheres recebem os mesmos dons espirituais que os homens, não é uma prova
de que Deus deseja que elas sejam ordenadas ao ministério?
Resposta: Não. As condições para
o oficialato na Igreja apostólica estão prescritas em 1Timóteo e Tito 1.
Percebe-se que o dom do ensino é apenas um dos requisitos. Há outros, como por
exemplo, governar a própria casa e ser marido de uma só mulher, que não podem
ser preenchidos por mulheres cristãs, por mais dons que tenham.
11. O
ensino de Paulo sobre as mulheres na Igreja se aplica hoje? Não estava ele
influenciado pela cultura daquela época, que era muito diferente da nossa?
Resposta: É necessário fazer a
distinção entre o princípio teológico supra cultural e aexpressão
cultural deste princípio. Há coisas no ensino de Paulo que são claramente
culturais, como a determinação para o uso do véu em 1Coríntios 11. Porém,
enquanto que o uso do véu é claramente um costume cultural, ao mesmo tempo
expressa um princípio que não está condicionado a nenhuma cultura em
particular, que é o da diferença funcional entre o homem e a mulher. O que
Paulo está defendendo naquela passagem é a vigência desta diferença no culto
público — o véu é apenas a forma pela qual isto ocorreria normalmente
em cidades gregas do século I. Notemos ainda que Paulo defende a participação
diferenciada da mulher no culto usando argumentos permanentes, que transcendem
cultura, tempo e sociedade, como a distribuição ou economia da Trindade (1Co
11.3) e o modo pelo qual Deus criou o homem (1Co 11.8-9).
12. Paulo
escreveu suas cartas para atender a problemas locais e específicos. Como
podemos aplicar hoje o que Paulo escreveu, se a situação e o contexto são
diferentes?
Resposta: Quase todos os livros
do Novo Testamento foram escritos em resposta a uma situação específica de uma
ou mais comunidades cristãs do século I, e nem por isto os que querem a
ordenação feminina defendem que nada do Novo Testamento se aplica às igrejas
cristãs de hoje. A carta aos Gálatas, por exemplo, onde Paulo expõe a doutrina
da justificação pela fé somente, foi escrita para combater o legalismo dos
judaizantes que procuravam minar as igrejas gentílicas da Galácia, em meados do
século I. Ousaríamos dizer que o ensino de Paulo sobre a justificação pela fé
não tem mais relevância para as igrejas do final do século XX, por ter sido
exposto em reação a uma heresia que afligia igrejas locais no século I? O ponto
é que existem princípios e verdades permanentes que foram expressos
para atender a questões locais, culturais e passageiras. Passam as
circunstâncias históricas, mas o princípio teológico permanece. Assim, o
comportamento inadequado das mulheres das igrejas de Corinto e de Éfeso, às
quais Paulo escreveu determinando que ficassem caladas na Igreja, foi um
momento histórico definido, mas osprincípios aplicados por Paulo para
resolver os problemas causados por estas atitudes permanecem válidos. Ou seja,
o ensino de que as mulheres devem estar submissas à liderança masculina nas
igrejas e na família, sem ocupar posições de liderança e governo, é o princípio
permanente e válido para todas as épocas e culturas.
13. Onde
está na Bíblia que somente homens podem ser pastores, presbíteros e diáconos?
Resposta: Os textos mais
explícitos da Bíblia são Atos 6.1-7; 1Timóteo 2.11-15; 1Coríntios 14.34-36 e
1Coríntios 11. 2-16. Algumas destas passagens foram analisadas com mais
profundidade em outra parte deste caderno. Além disto, a relação intrínseca
entre a família e a Igreja mostra que aquele que é cabeça na família (Efésios
5.21-33) também deve exercer a liderança na Igreja.
14. Onde
está na Bíblia que os homens devem ser o cabeça da família?
Resposta: Há diversas passagens
no Novo Testamento onde se trata dos papéis do homem e da mulher na família:
Efésios 5.21-33; Colossenses 3.18-19; 1 Pedro 3.1-7; Tito 2.5. Em todos eles, a
liderança da família é atribuída ao homem.
15. Os
argumentos usados hoje para defender a submissão da mulher não são os mesmos
usados no século passado por muitos cristãos para defender a escravidão?
Resposta: O fato de que no
passado a Bíblia foi usada de forma errada para defender a escravidão não
significa que a defesa da subordinação feminina seja igualmente feita de forma
errada. Não devemos pensar que a relação entre o homem e a mulher na família e
na igreja está no mesmo pé de igualdade que a escravidão. Primeiro, os papéis
distintos do homem e da mulher estão enraizados na própria criação, enquanto
que a escravidão não está. Segundo, o fato de que Paulo faz recomendações aos
escravos cristãos para que sejam bons escravos não significa que ele aprovava a
escravidão. Na verdade, as recomendações que ele dá aos cristãos que eram donos
de escravos já traziam embutidas a idéia da dissolução do sistema de escravidão
(Fm 16; Ef 6.9; Cl 4.1; 1Tm 6.1-2).
16. Havia
uma mulher chamada Júnias que Paulo considera como apóstola, em Romanos 16.7.
Se havia apóstolas, por que não pastoras, presbíteras e diaconisas?
Resposta: A passagem diz o
seguinte: “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e companheiros de
prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de
mim” (Rm 16.7). Não é tão simples assim deduzir que Júnias era uma
apóstola. Há várias questões relacionadas com a interpretação deste texto.
Júnias é um nome masculino ou feminino? Existe muita disputa sobre isto, embora
a evidência aponte para um nome masculino. Outra coisa, a expressão “notável
entre os apóstolos” significa que Júniasera um dos apóstolos, já antes de
Paulo, e um apóstolo notável, ou apenas que os apóstolos, antes de Paulo,
tinham Júnias em alta conta? A última possibilidade é a mais
provável. Em última análise, só podemos afirmar com certeza, a partir de
Romanos 16.7, que, quem quer que tenha sido, Júnias era uma pessoa
tida em alta conta por Paulo, e que ajudou o apóstolo em seu ministério. Não se
pode afirmar com segurança que era uma mulher, nem que era uma “apóstola”, e
muito menos uma como os Doze ou Paulo. A passagem não serve como evidência bíblica
para a ordenação feminina no período apostólico. E essa conclusão está em
harmonia com o fato de que Jesus não escolheu mulheres para serem apóstolos.
Não há nenhuma referência indisputável a uma “apóstola” no Novo Testamento.
17. O
Novo Testamento diz que, em Cristo, não há homem nem mulher, todos são iguais
diante de Deus (Gl 3.28). Proibir as mulheres de serem oficiais da Igreja não é
fazer uma distinção baseada em sexo?
Resposta: Não se pode discordar
de que o Evangelho é o poder de Deus para abolir as injustiças, o preconceito,
a opressão, o racismo, a discriminação social, bem como a exploração machista.
E nem se pode discordar de que Cristo veio nos resgatar da maldição imposta
pela queda. A pergunta é se Paulo está falando da abolição da subordinação
feminina e de igualdade de funções nesta passagem. Está o apóstolo dizendo que
as mulheres podem exercer os mesmos cargos e funções que os homens na Igreja,
já que são todos aceitos sem distinção por Deus através de Cristo, pela fé?
Entendemos que a resposta é não. Gálatas 3.28 não está ensinando a igualdade para
o exercício de funções, mas a unidade de todos os cristãos em Cristo.
Veja a análise desta passagem acima.
18. O
conceito da submissão feminina ensinado na Bíblia não acarreta inevitavelmente
o conceito de que o homem é melhor e superior à mulher?
Resposta: Infelizmente muitos
têm chegado a esta conclusão, mas ela certamente é equivocada. O ensino bíblico
é que Deus criou homem e mulher iguais porém com diferentes atribuições e
funções. A Bíblia ensina que Deus tem autoridade sobre Cristo, Cristo tem
autoridade sobre o homem, e o homem tem autoridade sobre a mulher. É uma cadeia
hierárquica que começa na Trindade e continua na igreja e na família. Podemos
inferir (guardadas as devidas proporções) que, da mesma forma como a
subordinação de Cristo ao Pai não o torna inferior — como afirma a fé reformada
em sua doutrina da Trindade — a subordinação da mulher ao homem não a torna
inferior. Assim como Pai e Filho, que são iguais em poder, honra e glória,
desempenham papéis diferentes na economia da salvação (o Filho submete-se ao
Pai), homem e mulher se complementam no exercício de diferentes funções, sem
que nisto haja qualquer desvalorização ou inferiorização da mulher. Em várias
ocasiões o Novo Testamento determina que os crentes se sujeitem às autoridades
civis (Rm 13.1-5; 1 Pe 2.13-17). Em nenhum momento, entretanto, este mandamento
implica que os crentes são inferiores ou têm menos valor que os governantes.
Igualmente, os filhos não são inferiores aos seus pais, simplesmente porque
devem submeter-se à liderança deles (Ef 6.1). O conceito de subordinação de uns
a outros tem a ver apenas com a maneira pela qual Deus estruturou e ordenou a
sociedade, a família e a igreja.
19. Em
1Timóteo 3.11, ao descrever as qualificações do diácono, Paulo se refere às
mulheres: “Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas
respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. Este versículo não
prova que havia diaconisas nas igrejas apostólicas?
Resposta: Não necessariamente. Esta
passagem tem sido entendida de diferentes modos: (1) Paulo pode estar se
referindo às mulheres dos diáconos (Calvino). Porém, ele emprega para
elas a expressão “é necessário” (1Tm 3.11), que foi a mesma que empregou para
os presbíteros (3.2) e os diáconos (3.8), ao descrever suas qualificações.
Logo, não nos parece que o apóstolo se refira às mulheres dos diáconos. (2)
Paulo pode estar se referindo à todas as mulheres da igreja; entretanto, é
bastante estranho que ele tenha colocado instruções para todas as mulheres bem
no meio das instruções aos diáconos! (3) Paulo pode estar se referindo às
assistentes dos diáconos, mulheres piedosas, que prestavam assistência em obras
de misericórdia aos necessitados das igrejas (Hendriksen). (4) Paulo se referia
à diaconisas. Porém, é no mínimo estranho que Paulo não empregou o termo
apropriado para descrever a função delas (diaconisas), já que ele vinha falando
de presbíteros e diáconos. A opção 3 nos parece a melhor e mais provável: havia
mulheres piedosas nas igrejas apostólicas, não ordenadas como “diaconisas”, que
ajudavam os diáconos nas obras de misericórdia, trabalhando diretamente com as
mulheres carentes e necessitadas. É a estas que Paulo aqui se refere.
Artigo extraído do site VOLTEMOS AO EVANGELHO, de autoria do Rev. Augustus Nicodemus Lopes