por
José Ribeiro Neto[1]
Introdução
A exegese é uma análise profunda do texto. É popular,
no meio evangélico e nas cadeiras dos seminários, se usar o termo “exegese”; a
maioria de nós quando sentados nos bancos das escolas teológicas vemos vários
professores usarem este termo e nas aulas de grego e hebraico é onde o mesmo é
mais utilizado. Entretanto, é óbvio que a grande maioria dos seminários não
ensinam os alunos a fazerem a exegese de um texto do início ao fim, senão
superficialmente.
Ouvimos tanto um termo que após um tempo acabamos nos acostumando
com ele. A verdade é que para fazer uma verdadeira exegese de um texto,
faltam-nos muitas capacitações, algumas que não temos condições de aprender no
seminário pelos seguintes motivos: a) os professores falam de exegese, mas
nunca nenhum nos mostra como deve ser feita; b) Muitos falam de exegese, mas
realmente não sabem como fazer uma; c) a exegese é um campo muito restrito,
reservada a especialistas nas áreas de línguas bíblicas e que poucos têm
condições de fazê-la.
Todos os itens anteriores são verdadeiros, mas se a exegese
constitui a parte mais fundamental da Teologia, pois sem ela não teremos os
resultados da Teologia Sistemática, da Teologia do Novo Testamento, da Teologia
do Antigo Testamento e de tantas outras matérias teológicas. E se é tão
importante por que não aprendemos no seminário e nas matérias acima citadas. Em
parte é por causa do tempo ocupado pelo currículo com outras matérias
igualmente importantes e em parte porque o seminário visa nos dar diretrizes
gerais sobre as várias disciplinas da Teologia e um curso de exegese exigiria
um estudo à parte com uma carga horária bem extensa.
Para se ter uma ideia, mesmo em um curso de letras ou
linguística é difícil ouvirmos o termo exegese, pois é realmente um termo muito
específico e restrito a especialistas em interpretação de textos.
O objetivo do nosso curso, no Seminário Batista Nacional
Enéas Tognini e em outros lugares onde tivemos a oportunidade de ministrar na
cadeira de Exegese, é dar condições aos alunos de terem uma metodologia
exegética que seja aplicável ao seu contexto eclesiástico, de modo que possa
utilizar dessa metodologia para preparar um sermão expositivo, uma ensino
expositivo, produzir material acadêmico de qualidade, e tudo o que envolver atividade
com o texto das Sagradas Escrituras.
Definições e princípios gerais da exegese bíblica
Sabemos que a exegese está vinculada estritamente à
hermenêutica e que esta constitui o fundamento daquela. A hermenêutica seria
como o Poder Legislativo e a Exegese como o Poder Executivo. A hermenêutica é a
lei e a Exegese a aplicação dessas leis na análise de um determinado texto.
Apresentações gerais, definição dos termos e importância da
matéria
De acordo com Osborne (2009, p. 69):
exegese é o ato de “extrair” do texto seu significado,
em contraste com a eisegese, que é impor ao texto o significado que
desejamos que ele tenha. Trata-se de um processo complexo e constitui o coração
da teoria hermenêutica, cuja tarefa é primeiro definir o significado pretendido
pelo autor (…) para depois aplicá-lo à nossa vida. (…) A exegese propriamente
dita pode ser subdividida em seus aspectos linguísticos e cultural. O primeiro
se ocupa com o alinhamento de termos e conceitos que, juntos, formam nossas
proposições linguísticas. O aspecto cultural se refere aos contextos históricos
e sociológicos subjacentes às proposições.
É
possível pregar, ensinar, aconselhar sem conhecer as línguas bíblicas, sem
nunca ter ouvido falar de hermenêutica e exegese, mas sempre em um nível
superficial de compreensão da mensagem do Evangelho e com riscos de incorrer em
alguns erros.
A exegese sadia do texto nas línguas originais deve ser o
subsídio para muitas atividades pastorais e ministeriais tais como: 1)
aconselhamento, como aconselhar alguém se não entendermos a mensagem bíblica e
suas exigências?; 2) ensino, como ensinar sem conhecer profundamente o
significado dos textos?; 3) pregação, como pregar corretamente a mensagem do
Evangelho sem entender profundamente o que o texto realmente diz?; 4)
evangelismo, como pregar o Evangelho em um mundo de pluralismo religioso, sem
ser capaz de fazer uma análise profunda do texto contra as afirmações
distorcidas das várias seitas que também usam a Escritura? E tantas outras
aplicações.
A exegese também deve estar ligada à outras matérias
teológicas tais como a Teologia do AT e do NT, a Teologias Sistemática e
aquelas disciplinas que necessitam hora ou outra das línguas originais da
Bíblia como ferramenta de especificação de termos e conceitos.
Versões Modernas e Problemas de Tradução
Quando nos propomos a fazer uma exegese dos textos
originais, o primeiro problema que se nos apresenta é: Qual é o texto original?
Onde encontramos?
2.2.1. Texto e Tradução do AT
Temos poucos manuscritos hebraicos do A.T .(menos de
1.000). Aproximadamente 3.000 Palavras do A.T. hebraico ocorrem somente 6 vezes
em todo A.T, destas cerca de 1.500 ocorrem somente vez em todo o AT. Isso
significa que das cerca de 8.000 palavras, 4.500 são de ocorrência rara. Há
ainda cerca de 157 textos de tradução difícil e algumas quase impossíveis.
Sendo assim há muita dificuldade crítica ainda não resolvida do A.T. Muitos
desses textos foram traduzidos mais por tradição e por comparação com outras
traduções antigas do que diretamente do original hebraico. Além disso, o
aramaico bíblico traz outras dificuldades que só depois de muita pesquisa podem
ser resolvidas. O ponto positivo em relação ao texto do A.T. é que as
semelhanças entre todos os manuscritos giram em torno de 98%.
O problema quanto à tradução do texto do AT diz respeito a
multiplicidade de versões de acordo com as novas teorias de tradução, muitas
vezes as novas versões acabam por prejudicar principlamente a poesia hebraica e
o modo de mentalidade semítica.
2.2.2. Texto e Tradução do NT
Temos cerca de 5.600 manuscritos gregos do NT, as versões
aumentam significativamente esse número, são cerca de 8.000 manuscritos em
latim e o total, juntando as versões em copta, siríaco, armênio, etc., atinge
cerca de 25.000 manuscritos. Isso traz benefícios quanto à quantidade de
testemunhas do texto, mas traz a dificuldade de que nem uma única página de um
manuscrito do NT concorda com outro manuscrito do mesmo texto. Embora as
diferenças sejam insignificantes e não alterem nenhuma doutrina, se torna um
elemento problemático para traçar a história do texto. Diferente do AT, o NT
foi copiado muito mais e por maior número de escribas, nem sempre com o mesmo
cuidado dedicado à cópia do texto do AT feito pelos escribas e massoretas.
O texto do NT tem hoje sido debatido quanto à sua história
e exitem duas principais teorias, a tradicional, que entende a história do
texto como amplamente copiado e concordante (99%)[2] e outra que considera que o texto só
foi amplamente copiado a partir do século IX d.C. e elege os manuscritos mais
antigos como os manuscritos mais fiéis e importantes.[3] A diferença está em cerca de 3% de
um NT grego, o que representa cerca de 48 páginas a menos nas versões que
adotam o TC ou o texto de Nestle-Aland.
Adotaremos
em nossas aulas o Texto Massorético impresso pela Sociedade Bíblica
Trinitariana e o Texto Receptus, também impresso pela mesma Sociedade.
Teologia da pregação e ensino exegético
Na mesma proporção em que valorizamos o evangelho, sejamos
zelosos em segurar as línguas [bíblicas]. Pois não foi sem propósito que Deus
fez com que Suas Escrituras fossem estabelecidas nessas duas línguas somente –
o Antigo Testamento em Hebraico[4], o Novo em Grego. Agora, se Deus não
desprezou-as mas escolheu-as sobre todas outras línguas deste mundo, então nós
também deveríamos honrá-las sobre todas as outras. S. Paulo declarou era uma
glória peculiar e distinta do hebraico, o fato de que a Palavra de Deus foi
dada nesta língua, quando ele disse em Romanos 3, “Que vantagem ou lucro têm os
que são circuncidados? Muitos em muitas coisas. Primeiramente porque a Palavra
de Deus foi confiada a eles.” O Rei Davi também gloria-se no Salmo 147, “Ele
declara sua Palavra a Jacó, seus estatutos e ordenanças a Israel. Não fez assim
com nenhuma outra nação ou revelou a elas suas ordenanças”. Desta forma,
também, A língua hebraica é chamada sagrada. E S. Paulo, em Romanos 1, chama-a
“as santas escrituras”, certamente levando em conta a santa palavra de Deus a
qual é aqui compreendida. Similarmente, a língua Grega também pode ser chamada
sagrada, porque ela foi escolhida sobre todas as outras como a língua na qual o
Novo Testamento foi escrito, e porque por isso outras línguas também tem sido
santificadas como se o Grego estendesse sua santidade a elas como uma fonte em
meio a tradução. (Martinho Lutero. The Importance das Línguas Bíblicas. Tirado
de: To the Councilment of All Cities in Germany That They Estabilish and
Maintain Christian Schools” (1524)).[5]
Os pregadores expositivos estão em extinção, aliás, os
pregadores estão em extinção. O que temos são contadores de histórias
(verdadeiros Forest Gumps da fé), curandeiros, brincalhões, contadores de
piadas evangélicas, marqueteiros da fé, vendedores de ilusões, místicos da
música, da pregação, um verdadeiro show da fé.[6]
Não estamos nem exigindo profundos pregadores exegetas, já
que a velocidade da vida atual impede que nos dediquemos como “spurgeons”, e
poucas igrejas conseguem na atualidade bancar um pastor integralmente com um
salário digno.[7]
Os padrões de pregação estão em baixa, não se ensina a
Bíblia, os ministros não a leem e muito menos os membros. A pregação não é mais
uma “feijoada” em que possamos sair de nossas igrejas de barriga cheia, está
mais próxima de um “miojo” ou comida de micro-ondas, não é mais aquela comida
da mamãe ou da vovó, é o self-service da fé em que você pode escolher que tipo
de alimento quer.
O padrão de pregações está em um nível tão baixo que quando
alguém usa um texto qualquer e prega um sermão tópico, muitos já se sentem
alimentados, pois já é um “miojo” com uma lata de sardinha. Não sustenta mas
pelo menos já engana o estomago. O profeta Oseias nos diz: O meu povo foi
destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de
mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de
teus filhos. (Os 4.6).[8]
Karl
Lachler (Prega a Palavra. São Paulo: Editora Vida, Prefácio) faz excelente
análise da pregação bíblica de nossos dias:
A exposição bíblica semanal não é feita pela maioria dos
pastores. Eles são ativistas e, literalmente, não podem parar para estudar.
Alguns realmente tem medo de ficar a sós com Deus e sua Palavra. Outros
pregadores não expõem a Palavra de Deus, simplesmente porque não redefiniram
sua filosofia funcional sobre o ministério da palavra (At 6.4). Eles estudaram
teologia, mas não fizeram através dela uma filtragem ativa de suas filosofias
de pregação e prática. O pragmatismo religioso domina a teologia deles muito
mais do que se admite abertamente.
Breve Histórico da Exegese
Exegese da Torah nos livros do AT
Desde cedo os livros de Moisés foram aceitos como
inspirados por Deus e utilizados em outras partes do AT. A interpretação e a
exegese consistiam em citações da Torah e aplicações diretas aos acontecimentos
da vida diária.
Os profetas, podemos dizer, são os grandes intérpretes da
Lei; assim como dizemos que Paulo é o intérprete de Cristo, os profetas são os
intérpretes de Moisés. Tendo em vista que a Lei foi feita para a organização do
povo após o êxodo do Egito e muitas de suas observâncias se referiam a forma
como o povo deveria se comportar na vida no deserto, é evidente que foi preciso
que os profetas a aplicassem agora a novas realidades do reino e não mais a
vida no deserto.
Podemos notar em várias ocasiões a forma com os profetas e
outros escritores do AT utilizavam-se da Lei e aplicavam:
Josué 8.30-35
30 Então Josué edificou um altar ao SENHOR Deus de
Israel, no monte Ebal. 31 Como Moisés, servo do SENHOR, ordenara aos
filhos de Israel, conforme ao que está escrito no livro da lei de Moisés, a
saber: um altar de pedras inteiras, sobre o qual não se moverá instrumento de
ferro; e ofereceram sobre ele holocaustos ao SENHOR, e sacrificaram ofertas
pacíficas. 32 Também escreveu ali, em pedras, uma cópia da lei de
Moisés, que este havia escrito diante dos filhos de Israel. 33 E todo
o Israel, com os seus anciãos, e os seus príncipes, e os seus juízes, estavam
de um e de outro lado da arca, perante os sacerdotes levitas, que levavam a
arca da aliança do SENHOR, assim estrangeiros como naturais; metade deles em
frente do monte Gerizim, e a outra metade em frente do monte Ebal, como Moisés,
servo do SENHOR, ordenara, para abençoar primeiramente o povo de Israel. 34E
depois leu em alta voz todas as palavras da lei, a bênção e a maldição,
conforme a tudo o que está escrito no livro da lei. 35 Palavra
nenhuma houve, de tudo o que Moisés ordenara, que Josué não lesse perante toda
a congregação de Israel, e as mulheres, e os meninos, e os estrangeiros, que
andavam no meio deles.
Aqui
percebemos uma obediência e aplicação da Lei “conforme ao que está escrito no
livro da lei de Moisés”. Tal aplicação da Lei estava baseada na interpretação
literal do que estava escrito, é evidente também que a Lei era aplicada e
observada em sua totalidade “Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moisés
ordenara, que Josué não lesse perante toda a congregação de Israel, e as
mulheres, e os meninos, e os estrangeiros, que andavam no meio deles”.
Em um outro texto, temos uma citação direta da lei,
vejamos:
II Reis 14.1-6
NO segundo ano de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel,
começou a reinar Amazias, filho de Joás, rei de Judá. 2 Tinha vinte e
cinco anos quando começou a reinar, e vinte e nove anos reinou em Jerusalém. E
era o nome de sua mãe Joadã, de Jerusalém. 3 E fez o que era reto aos
olhos do SENHOR, ainda que não como seu pai Davi; fez, porém, conforme tudo o
que fizera Joás seu pai. 4Tão-somente os altos não foram tirados; porque o
povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos. 5 Sucedeu que,
sendo já o reino confirmado na sua mão, matou os servos que tinham matado o
rei, seu pai. 6 Porém os filhos dos assassinos não matou, como está
escrito no livro da lei de Moisés, no qual o SENHOR deu ordem, dizendo: Não
matarão os pais por causa dos filhos, e os filhos não matarão por causa dos
pais; mas cada um será morto pelo seu pecado.(negritos nossos)
A citação se refere ao original em Deuteronômio 24:16, como
segue:
~ynIßb’W ~ynIëB’-l[; ‘tAba’ WtÜm.Wy-al{)
`Wtm'(Wy Aaßj.x,B. vyaiî tAb+a’-l[; Wtåm.Wy-al{
Não morrerão os pais pelos filhos e os filhos não morrerão
pelos pais cada um pelo seu pecado morrerá
E o original em II Re 14.6 está da seguite forma:
yKi² tAbêa’-l[; Wtåm.Wy-al{ ‘~ynIb’W ‘~ynIB’-l[; tAbÜa’
Wt’m.Wy-al{
Não morrerão os pais pelos filhos e os filhos não morrerão
pelos pais, mas cada um pelo seu pecado morrerá
A citação é literal, a não ser por uma ligeira mudança no
estilo gramatical (~ai yKi²). A citação e aplicação se dão conforme o escrito e
portanto podemos entender que a análise do texto era feita pelo que estava
literalmente escrito e assim deveria ser aplicado. No contexto imediato lemos
que Amazias era reto aos olhos do Senhor e que matou os servos que tinham
matado o rei, seu pai, mas os filhos deles ele não matou pois cumpriu a Lei
literalmente “Não morrerão os pais pelos filhos e os filhos não morrerão pelos
pais, mas cada um pelo seu pecado morrerá”, tendo entendido este contexto e
essa citação, não há dúvida da interpretação, exegese e aplicação da Lei.
Todavia, a passagem mais significante sobre o modo como a
Lei era entendida, interpretada e aplicada está na seguinte passagem:
Neemias 8:6 -18
6E Esdras louvou ao SENHOR, o grande Deus; e todo o povo
respondeu: Amém, Amém! levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e
adoraram ao SENHOR, com os rostos em terra. 7 E Jesuá, Bani,
Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaséias, Quelita, Azarias, Jozabade,
Hanã, Pelaías, e os levitas ensinavam o povo na lei; e o povo estava no seu
lugar. 8 E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando
o sentido, faziam que, lendo, se entendesse. 9 E Neemias, que era o
governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao
povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao SENHOR vosso Deus, então
não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras
da lei. 10 Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as
doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este
dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a
alegria do SENHOR é a vossa força. 11 E os levitas fizeram calar a
todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos
entristeçais. 12 Então todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar
porções e a fazer grande regozijo; porque entenderam as palavras que lhes
fizeram saber. 13 E no dia seguinte ajuntaram-se os chefes dos pais
de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, a Esdras, o escriba; e isto para
atentarem nas palavras da lei. 14 E acharam escrito na lei que o SENHOR
ordenara, pelo ministério de Moisés, que os filhos de Israel habitassem em
cabanas, na solenidade da festa, no sétimo mês. 15 Assim publicaram,
e fizeram passar pregão por todas as suas cidades, e em Jerusalém, dizendo: Saí
ao monte, e trazei ramos de oliveiras, e ramos de zambujeiros, e ramos de
murtas, e ramos de palmeiras, e ramos de árvores espessas, para fazer cabanas,
como está escrito. 16 Saiu, pois, o povo, e os trouxeram, e fizeram
para si cabanas, cada um no seu terraço, nos seus pátios, e nos átrios da casa
de Deus, na praça da porta das águas, e na praça da porta de Efraim. 17 E
toda a congregação dos que voltaram do cativeiro fizeram cabanas, e habitaram
nas cabanas, porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de
Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria. 18 E,
de dia em dia, Esdras leu no livro da lei de Deus, desde o primeiro dia até ao
derradeiro; e celebraram a solenidade da festa sete dias, e no oitavo dia,
houve uma assembléia solene, segundo o rito.
A observação é da Lei contida em Levítico 23.40-44
40 E no primeiro dia tomareis para vós ramos de
formosas árvores, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros
de ribeiras; e vos alegrareis perante o SENHOR vosso Deus por sete dias. 41 E
celebrareis esta festa ao SENHOR por sete dias cada ano; estatuto perpeétuo é
pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis. 42 Sete dias
habitareis em tendas; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; 43 Para
que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas,
quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso Deus. 44 Assim
pronunciou Moisés as solenidades do SENHOR aos filhos de Israel.
Poderíamos multiplicar as citações mas cremos que essas são
suficientes para mostrar que a aplicação da Lei era conforme o que literalmente
estava escrito, o povo obedeceu e habitou em cabanas literalmente, mesmo em um
contexto social diferente daquele do deserto. Ainda hoje os judeus, em plena
era tecnológica, fazem cabanas em seus terraços para comemorarem e cumprirem
essa Lei.
Após a morte de Esdras e Neemias e dos profetas entramos
num outro estágio, este de extrema confusão de exegese e interpretação como
veremos no próximo tópico.
Exegese no Período Interbíblico
O chamado Período Interbíblico é aquele que vai desde a
morte do último profeta inspirado até os dias de Jesus e os discípulos. Poucas
informações temos sobre esse período, basicamente sabemos por Flávio Josefo, I,
II Macabeus, os escritos de Qumran e outras poucas literaturas que nos dão
parcas informações sobre a história e a exegese utilizada na época. Todavia,
através desses poucos escritos podemos fazer um levantamento de como era a
interpretação das Escrituras na época.
Algumas citações do livro apócrifo de Macabeus são
importantes para entender como os próprios contemporâneos desse período viam a
sua situação diante da interpretação e aplicação das Escrituras:
I Macabeus 4.41-46[10]
41 Judas destacou alguns homens para que contivessem
os que estavam na fortaleza, enquanto se purificava o Templo. 42 Para
isso, escolheu sacerdote sem defeito físico e que seguiam a Lei. 43Eles
purificaram o Templo e jogaram as pedras que o contaminavam num lugar impuro. 44Puseram-se,
então, a discutir a respeito do altar dos holocaustos que fora profanado, 45 e
tiveram a idéia de destruí-lo. Assim não ficariam envergonhados pelo fato de os
pagãos o terem profanado. Demoliram o altar, 46 e puseram pedras no
monte do Templo, num lugar conveniente, até que aparecesse um profeta que
resolvesse o caso. (negrito nosso)
Também em I Macabeus 14.41 lemos os seguinte:
Os sacerdotes e os judeus resolveram, portanto, considerar
Simão como governante e como sumo sacerdote para sempre, até que surgisse
um profeta legítimo. (negrito nosso).
Pelas duas passagens em negrito podemos verificar que no
período interbíblico[11], pelo menos por volta do I sec. a.C. a
interpretação da Lei era literal no que dizia respeito a questões claras e em
questões não tão evidentes o comportamento era conforme o bom senso.
Entretanto, o mais interessante dos textos citados é o fato de que os próprios
contemporâneos do período terem como evidente que o espírito profético havia
cessado e que não poderiam tomar decisões até que surgisse um profeta que
resolvesse o caso ou até que surgisse um profeta legítimo.[12]
Esta falta de orientação profética que pudesse interpretar
e aplicar a Lei para questões obscuras gerou várias ramificações
interpretativas e muitos grupos com visões as mais diferentes a respeito da
interpretação e aplicação da Lei. Quando abrimos as páginas do Novo Testamento
encontramos o resultado de mais ou menos 460 anos de desenvolvimento
interpretativo desses grupos, os quais conhecemos pelos nomes de fariseus,
saduceus, zelotes, herodianos e os essênios que ficamos informados sobre suas
interpretações através das descobertas dos manuscritos do mar morto em Qumran
desde 1947. Após a pregação da mensagem de João Batista e de Jesus um novo
grupo se agrega ao caldeirão teológico do primeiro século, os Nazarenos ou
Cristãos.
Exegese nos dias de Jesus e dos Apóstolos
Como vimos anteriormente, os dias de Jesus e até o ano 70
d.C. abrigava um multicolorido ambiente de grupos, cada um reivindicando ser a
continuação e preservação da interpretação correta da Lei e cada um clamando
para si a herança profética do Antigo Testamento. A seguir veremos brevemente
como essas correntes faziam sua interpretação e exegese:
Exegese Rabínica
São perceptíveis, dois tipos de interpretação rabínica das
Escrituras, já anteriormente citadas, as do tipo halakhah, que tinham por
objetivo a interpretação de caráter legal, e as do tipo hagadah, que
visavam ilustrar com estórias e até anedotas, ensinos da Torah, de
acordo com a cosmovisão rabínica.
Berkhof nos declara sobre um dos primeiros sábios rabinos a
formular regras de interpretação bíblica:
Hilel foi um dos maiores intérpretes entre os judeus.
Deixou-nos sete regras de interpretação, pelas quais ensinou, ao menos
aparentemente, que a tradição oral devia ser deduzida dos dados fornecidos pela
Lei Escrita. Estas regras, em forma sucinta, são as seguintes: a) Leve e pesado
(isto é, a minore ad majus, e vice e versa); b) ‘equivalência’ ; c) dedução do
especial para o geral; d) inferência de várias passagens; e) inferência do
geral para o especial; f) analogia de outra passagem; g) inferência do contexto[13]
Não podemos dizer, entretanto, que houve concordância ao
tipo de interpretação que deveria ser usado pelo judaísmo. Entre os caraítas,
por exemplo, uma seita fundada por Anan Ben David, em cerca de 800 a.D.[14] ; não tinham regras de interpretação
fixas, contudo, rejeitavam a lei oral e o tipo de interpretação rabínica.
Segundo os mesmos, só era necessário o estudo cuidadoso do texto das
Escrituras, sem o auxílio da interpretação de ninguém.
Havia mesmo na época de Hillel, uma escola concorrente de
interpretação, a chamada escola de Shammai,
Esta escola, acusava Hillel de modernismo pelo fato de
admitir novas normas (halacôt)derivadas da Escritura. Shammai caracterizava-se
por um talante conservador, patriótico, oposto aos influxos estrangeiros e
contrário, por isso mesmo ao proselitismo entre os pagãos. Apesar das
tendências rigoristas de sua escola, contudo, um em cada seis dos casos em que
o Talmude recolhe as diferenças entre as duas escolas, a opinião de Shammai
resulta ser a mais aberta.[15]
Sempre houve escolas de interpretação divergentes entre os
judeus, tais como posteriormente a Hillel e Shammai, as escolas de R. Ismael e
R. Aqiba e hoje também há diversos ramos do judaísmo que têm suas próprias
visões quanto à interpretação das Escrituras e à tradição judaica, tais como o
judaísmo ultraortodoxo, ortodoxo, conservador e liberal.
Conforme Barrera[16], quatro são as principais gêneros de
interpretação hermenêutica entre os judeus: peshat[17], pesher[18], derash[19] e alegoria, embora não pareça ser
reconhecida essa distinção pelos rabinos, parece que havia pelo menos uma
diferença no uso que faziam de tais gêneros de interpretação de modo que
possamos hoje usar uma classificação assim para fins de compreensão da
hermenêutica rabínica.
O peshath é o sentido mais óbvio do texto, ou
seja, o literal, que qualquer pessoa pode entender ao ler um texto.
O gênero pesher, foi mais usado pelos membros da
comunidade de Qumrã[20], é o sentido mais profético do texto e
não o somente transmitido na época em que foi escrito.
Já o derash (investigar) ou Midrash, termos
da mesma raiz hebraica, procura investigar sentidos escondidos no texto e não
tão claros ao leitor normal.
A obra completa do Gênesis Rabbah constitui um exemplo de
releitura midráxica do livro do Gênesis. Dá maior atenção a mensagem que pode
ser extraída do livro para o presente e o futuro de Israel do que para a
própria história narrada no livro. As figuras de Esaú, Ismael e Moab
convertem-se em símbolos do Império Romano, o último dos quatro impérios cuja
queda precederia a restauração de Israel (Pérsia, Grécia e Roma).[21]
A alegoria não é bem aceita pelos rabinos modernos, embora
tenha sido usada em grande escala na antiguidade da tradição judaica, obras
alegóricas anteriores à época de R. Judá haNassi foram rechaçadas mais tarde no
final do século II d.C., quando os rabinos da época se levantaram
contrariamente a tendência de uma exegese alegórica.[22]
Stern acrescenta dois outros termos ao método de
interpretação rabínico: a) Remez, exegese alegórica da Bíblia[23], “Características peculiares do texto
são consideradas sugestões de uma verdade mais profunda do que a transmitida
pelo sentido lato”[24]; b) Sod (secreto)
Trabalha-se com os valores numéricos as (sic!) letras
hebraicas; por exemplo, duas palavras que têm o mesmo número de letras serão
boas candidatas para revelar um segredo através da ‘bissociação de idéias’.[25]
Exegese em Qumran
Há muita discussão ainda a ser feita sobre os textos de
Qumran, entretanto, os documentos disponíveis nos dão um deslumbre do tipo de
exegese feita pela comunidade. Há fortes paralelos entre a exposição de Qumran
e a feita no NT, porém, não se deve exagerar tais paralelos visto que era uma
forma comum de exposição num período mais antigo das várias formas de judaísmo.
Geza Vermes[26] nós dá uma descrição do tipo de
exegese feita em Qumran:
A hagadá nos Manuscritos emprega as principais técnicas da
hagadá rabínica e se dirige para metas similares: o esclarecimento, a
suplementação e a discussão apologética ou polêmica.
A exegese de Qumran ou precede os Jubileus (como é o caso
do Gênesis Apócrifo) ou situa-se entre essa reescrita da história do Gênesis do
século II a.C. E o midrash incrustrado na literatura rabínica. Ela exibe muitas
semelhanças com este último, mas ao mesmo tempo apresenta íntimos vínculos com
a interpretação da Bíblia que aparece em Josefo, nos Pseudoepígrafos e no Novo
Testamento. Em consequência, os Manuscritos constituem um valioso marco para o
estudo do desenvolvimento da exegese entre os judeus palestinos.
Nesse domínio, a pésher qumraniana, ou
interpretação do cumprimento de profecias reais ou supostas, ocupa lugar de
destaque. Além de sua importância intrínseca, ela é, como já assinalei, a nossa
principal fonte da história da Comunidade. Os exegetas de Qumran viam nas
palavras dos profetas previsões que se referiam em última análise a eventos que
marcaram o destino do seu próprio movimento.
Os estreitos vínculos entre a pésher do Mar Morto
e o uso da Bíblia Hebraica no Novo Testamento foram percebidos desde os
primeiros dias da pesquisa em Qumran. Como é sabido, a primeira geração de
autores judeu-cristãos procurou explicar e justificar ou defender as suas
crenças mediante o apelo, através de uma interpretação especial, de oráculos do
Antigo Testamento. Os Manuscritos se revelaram como um brilhante paralelo dessa
característica central dos evangelhos.
Um entendimento desse tipo de
exegese, tanto em Qumran quanto nos Evangelhos e Epístolas é de grande valia
para os estudos exegéticos do NT.
Exegese de Jesus e dos Apóstolos
É clara a semelhança entre Antigo e Novo Testamento, ainda
que a interpretação rabínica despreze o Novo Testamento e não o considere como
uma continuidade do Antigo e muito menos como uma Nova Aliança, a própria
substância dos escritos do Novo Testamento tem seu fundamento na Antiga
Aliança. Lembremos que os escritores do Novo Testamento são todos judeus exceto
Lucas, que mesmo assim, escrevendo aos pés do Apóstolo Paulo, preserva uma
unidade de tradição judaica e ainda que Lucas tenha escrito em grego koiné,
preserva um estilo hebraico de escrita. Nas palavras de MORRIS :
Linguisticamente, este evangelho [Lucas] divide-se em três
seções. O Prefácio (1.1-4) é escrito num bom estilo clássico. Demonstra aquilo
que Lucas sabia fazer, mas a partir de então, abandona totalmente este estilo.
O resto do capítulo 1 e o capítulo 2 têm um sabor nitidamente hebraico. É tão
marcante que certo número de estudiosos chegou à conclusão de que aqui temos
uma tradução de um original em hebraico. Se foi assim, não temos maneira de
saber se Lucas ou outra pessoa fez a tradução.[27]
Mesmo escritores judeus são obrigados a reconhecer, ainda
que cautelosamente essa contribuição judaica ao Novo Testamento:
O Novo Testamento, embora parcialmente [28] escrito por judeus, representa toda
uma visão diferente da do judaísmo e, em alguns aspectos, hostil a ele, para
ser incluído em nosso exame. [29]
Em
continuação a este comentário, os autores levam o leitor a crer que a
literatura neotestamentária se relaciona mais com livros apócrifos e
pseudoepígrafos do que com as Escrituras veterotestamentárias, mas tem que
reconhecer, embora com todas as reservas, que o Novo Testamento é obra judaica.
Os cristãos evangélicos, tendo em vista a origem judaica,
consideram Escrituras, tanto as do AT como as do NT. Os próprios escritores do
NT assim entendiam a revelação de Deus ao homem, nota-se isso na citação do
apóstolo Pedro em sua segunda epístola:
Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que
dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz. E tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as
suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos
e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras[30], para sua própria perdição. (II Pe
3.15, 16)
Nessa mesma assertiva os cristãos evangélicos se mantêm
crendo em uma continuidade ente AT e NT com base nesse e em outros textos do
próprio NT que reivindicam essa revelação progressiva de Deus ao homem.[31]
Exegese no Período Patrístico
O uso do Antigo Testamento pelos autores do Novo Testamento
é excepcionalmente abrangente e também o é pelos primeiros escritores cristãos.
Justino, o mártir (c. 100-164 d.C.) em seu Diálogo com Trífon, contesta
Trifão defendendo o Antigo Testamento. Em sua apologia Justino é ainda mais
abrangente em sua exposição das Escrituras do Antigo Testamento, onde expõe e
cita diversas passagens e responde às perguntas levantadas por Trifon e
seus amigos procurando demonstrar que Jesus era o Cristo prometido nas próprias
Escrituras dos judeus.
ZUCK nos fala ainda de outros importantes cristãos dos
primeiros séculos do ristianismo que usavam das Escrituras do Antigo Testamento
com proficiência:
João Crisóstomo (c. 354-407) era arcebispo de
Constantinopla. Suas mais de 600 homilias – que consistem em discursos
expositivos de aplicação prática – levaram certo autora a afirmar: ‘Crisóstomo
é indubitavelmente o maior comentarista dentre os primeiros pais da igreja’.
Suas obras contêm cerca de 7000 citações do Antigo Testamento e em torno de
11000 do Novo. Teodoreto (386-458) escreveu comentários sobre a maioria dos
livros do Antigo Testamento e sobre as epístolas de Paulo. Seus comentários,
segundo Terry, ‘encontram-se entre os melhores exemplares da exegese
primitiva’.[32]
Exegese na Idade Média
O período da Idade Média foi uma espécie de sombra para a
exegese bíblica. Intimamente aprisionados na “camisa de força” da tradição dos
pais, os exegetas se limitavam a repetir o que já havia sido ensinado pela
tradição patrística, limitando as análises bíblica a repetições. Sendo assim,
até antes da Reforma não houve grande desenvolvimento na exegese bíblica nesse
período; a reflexão filosófica acabou por tomar conta dos estudos e a
redescoberta de Aristóteles levou a um desenvolvimento muito maior do
pensamento filosófico do que do exegético. De acordo com Berkhof:
Durante a Idade Média, muitos, até mesmo do clero, viviam
em profunda ignorância quanto à Bíblia. E o que conheciam era devido apenas à
tradução da Vulgata e aos escritos dos Pais da Igreja. A Bíblia era,
geralmente, considerada como um livro cheio de mistérios, os quais só poderiam
ser entendidos de uma maneira mística. [33]
Atitude semelhante ainda se encontra na tradição católica
contemporânea, embora em anos recentes tenham os católicos avançado nos estudos
exegéticos, sem contudo, abandonar a tradição.
Exegese na Reforma
Um
dos pontos fundamentais que divide a cosmovisão rabínica da evangélica cristã,
não é, como costumam enfatizar os apologistas rabínicos, as doutrinas da
expiação e da morte substitutiva do Messias, e sim a importância que ambos os
grupos dão às Escrituras vetero-testamentárias em face da tradição.
Enquanto na cosmovisão rabínica não possa existir judaísmo
sem tradição oral, no cristianismo cristão-evangélico a tradição oral não tem
qualquer papel relevante como palavra final na interpretação das Escrituras,
sejam elas vetero ou neotestamentárias.
Existe uma vasta tradição escrita entre os cristãos por
autores que viveram desde o primeiro século até os nossos dias. Existem ainda
uma vasta literatura em uma quantidade excepcional de escritos cristãos a respeito
dos mais diversos assuntos, entretanto, esses escritos e autores, ainda que
respeitados no meio cristão, não atingem o mesmo grau de importância que têm os
sábios judeus no judaísmo moderno.
Para os cristãos evangélicos [34] São considerados simplesmente como
grandes homens de Deus, mas teologicamente falando, usa-se para esse tipo de
literatura a palavra “iluminação” e nunca “inspiração”, que é um termo
reservado única e exclusivamente aos autores dos dois Testamentos o que chamamos
de Bíblia. Dessa forma, nunca nem um autor cristão tem a palavra final em
matéria de interpretação bíblica, e a interpretação da fonte deve preceder a
busca de apoio externo.
Entre os cristãos evangélicos não há responsas e
nem mesmo interpretação autorizada a não ser a que se pode inferir das próprias
palavras da Escritura. Embora hja divergência entre os teólogos cristãos em
muitos aspectos secundários de doutrina, não ocorre o mesmo no que diz respeito
a pontos considerados fundamentais da fé.
A principal bandeira da Reforma Protestante do século XVI
se expressa na famosa frase: sola fide, sola Scripturae, sola gratia (só
a fé, só as Escrituras, só a graça. Tais princípios evocam a necessidade de
atentar unicamente para as Escrituras como regra única de fé e prática deixando
de lado toda tradição e toda instituição ou pessoa que queira ser palavra final
em assuntos de fé. Os chamados Reformadores procuraram demonstrar que a
interpretação das Escrituras não poderiam estar submetidas ao critério de nenhuma
instituição ou ente humano, por um lado, e por outro que toda e qualquer pessoa
poderia entender as Escrituras e não somente os “entendidos”, desde que se
observassem regras básicas de interpretação e comunicação comuns a todos os
homens.
Os reformadores acreditavam que a Bíblia era a inspirada
Palavra de Deus, mas, ainda que sua idéia de inspiração fosse estrita, eles a
concebiam como sendo mais orgânica do que mecânica. Em certos aspectos,
revelaram notável liberdade no trato das Escrituras. Ao mesmo tempo,
consideravam a Bíblia a mais alta autoridade, e a corte final de apelação em
todas as questões teológicas. Contra a infalibilidade da Igreja eles puseram a
infalibilidade da Palavra. Sua posição se patenteia na afirmação de que não é a
Igreja que determina o que as Escrituras ensinam, mas as Escrituras que
determinam o que a Igreja deve ensinar.[35]
Diferente de católicos e judeus, os cristãos evangélicos
não orientam sua exegese bíblica por um corpus de tradição
estabelecida. Tanto rabinos quanto clérigos católicos não podem interpretar uma
passagem da Escrituras – ainda que a clareza da passagem seja evidente – de
modo contrário à tradição pré-estabelecida em sua história. Tendo isso em
vista, a exegese fica sujeita ao homem e não à própria Escritura, enquanto que
na cosmovisão evangélica cristã não há nenhuma tradição que possa orientar a
exegese para que ela se ajuste à mesma.
Toda a diferença entre a cosmovisão rabínica e a evangélica
cristã está no valor que se dá à inspiração da Escritura. Enquanto os judeus
entendam níveis diferentes de inspiração e incluam os escritos rabínicos entre
escrituras inspiradas, na cosmovisão evangélica cristã a inspiração –
teologicamente falando – só ocorreu até que o cânon das Escrituras estivesse
completo e nunca mais ocorreu e nem ocorrerá na história.
Exegese pós-Reforma
Lamentavelmente, após a Reforma a exegese não se manteve
dentro dos princípios dos reformadores, acabou se tornando mais parecida com a
exegese da Idade Média do que com a exegese dos grandes reformadores como
Melanchton, Lutero, Calvino, Zwinglio. A exegese do tipo confessional, que
privilegiava um determinado tipo de confissão do que a análise dos próprios
textos dominou o pensamento desse período. As várias facções em que estava
dividido o protestantismo acabou por gerar mais uma eisegese do que
uma exegese.
Exegese no Racionalismo
Com o surgimento do Racionalismo no séc. XIX a exegese se
tornou escrava das ciências que surgiam e que questionavam as afirmações das
Escrituras como sendo mitológicas e lendárias. A Bíblia começou a ser vista
nesse período como um livro como qualquer outro e assim foi tratado, logo, assim
como havia elementos lendários e mitológicos nos livros de todas as culturas do
mundo, as afirmações e histórias bíblicas não poderiam ser vistas como sendo
diferentes desses livros.
A exegese se tornou uma tentativa de eliminar o elemento
mitológico das Escrituras para deixar somente o elemento ético e moral.
Desprezou-se a autoria profético-apostólica da Bíblia para afirmá-la como fruto
de desenvolvimentos posteriores, os autores foram desprezados e o texto foi
visto como fruto de uma produção evolutiva.[36]
Exegese nos séculos XX até os nossos dias
Com o avanço dos estudos linguísticos e de outras ciências
humanas e exatas a exegese acabou se tornando cada vez mais técnica e menos
simples. O que antes era analisado de forma ingênua se tornou complexo e às
vezes reservado a especialistas. Ao mesmo tempo que a influência de vários
movimentos literários e esotéricos também tornaram a exegese refém do
misticismo e de interpretações esdrúxulas.
O relativismo do pós-modernismo tornou a exegese também
relativizada de forma que as opiniões sobre um texto pode ser as mais diversas
e conflitantes e ainda assim serem aceitas como válidas. Não só isso, mas o
pós-modernismo se tornou a verdadeira Babel de pensamentos filosóficos,
literários, científicos, linguísticos, etc. Por faltar de parâmetros e a não
aceitação de padrões e modelos, a exegese se tornou para alguns, elemento
desnecessário já que todo a opinião é válida.
Os avanços da Tecnologia da Informação também tornou
automática a maioria das análises exegéticas, ou seja, para que se esforçar em
uma análise que demorará dias e até meses se podemos obter gratuitamente no
“mercado” da mídia virtual “comida pronta”. A preguiça intelectual e as
facilidades das multimídias tornaram a exegese desnecessária para a maioria dos
pregadores e estudiosos. Ao invés de utilizarem da tecnologia como uma
ferramenta de ajuda para o trabalho exegético, ela se tornou um fim em si mesma
e o crescimento do estudo exegético de qualidade se tornou “raquítico” e
desproporcional.
Temos então uma realidade apavorante em nossos dias, interpretações
místicas ao lado de interpretações tecnocratas e sem vida. Passou-se do autor
para o texto e do texto para o leitor, de modo que já não há um sentido a ser
descoberto no texto, mas um sentido a ser criado. Não importa mais o que Deus
quis dizer através do seu Santo Espírito, mas sim o que o homem quer que o seu
deus diga para satisfazer as suas vontades egocêntricas e hedonistas.
Mas há ainda os sete mil que não se dobraram diante do baal
do pós-modernismo e nem beijaram os pés desses outros evangelhos fabricados. O
Senhor Jesus ainda tem os que falarão conforme a Palavra de Deus, que receberão
do Conselho do Senhor e que ouvirão o que o nosso Mestre diz. Os que serão os
arautos de Sua vontade e despenseiros do Evangelho de Cristo. Há ainda os obreiros
aprovados diante de Deus, que não têm do que se envergonhar e que manejam bem a
Palavra da Verdade. Sejamos esses o Senhor nos usará para transmitir a Palavra
curadora do Evangelho de Cristo, poder de Deus para transformação de vidas.
Sete Processos para uma Exegese Bíblica sadia
Os autores de hermenêutica e exegese variam em estabelecer
os passos ou processos para a exegese bíblica, vejamos:
CHAMBERLAIN (p. 25) fala de Cinco Regras de Algibeira[37] para a exegese:
Interprete Lexicamente;
Interprete Sintaticamente;
Interprete Contextualmente;
Interprete Historicamente;
Interprete Segundo a Analogia das Escrituras[38]
VIRKLEY ( p. ) no livro nos dá regras hermenêuticas que
podem ser usadas para a análise exegética [39]:
Análise Histórico-Cultural;
Análise Contextual;
Análise Léxico-Sintática;
Análise Teológica;
Análise Literária [40]
Podemos unir as regras para chegarmos numa diretriz a fim
de começarmos a trabalhar na prática a partir da teoria, logo, as nossas regras
para a exegese ficarão assim:
Analise Lexicamente – verifique as formas verbais e
gramaticais de importância no texto, palavras que tenham um sentido ou forma
especial;
Analise Sintaticamente – verifique as orações, se são
coordenadas ou subordinadas, note os conectivos e marcas sintáticas do texto;
Analise Contextualmente – verifique o contexto imediato do
texto, os versículos que precedem e seguem o texto, capítulos anteriores e
posteriores que possam lançar luz sobre a passagem a ser analisada;
Analise Historicamente – verifique o contexto histórico do
texto estudado, data, principais acontecimentos, governantes importantes do
local em que o texto ocorre, governantes importantes correlatos em outros
locais. Tal análise elucidará o contexto político-social o que pode vir a
esclarecer o texto. Para isso você pode consultar bons livros de arqueologia e
história de Israel, também em comentários bíblicos sobre o livro ou passagem
estudada.
Analise Literariamente – verifique o estilo literário do
texto, se está em prosa ou em poesia, como o autor desenvolve a narrativa, como
ele caracteriza as personagens, o tempo cronológico, o tempo psicológico, o
espaço onde ocorre o fato.
Analise Segundo a Analogia das Escrituras – verifique os
textos paralelos que tenham relação com o período estudado, outros textos que
tenham ensinamentos que se cruzam com os ensinamentos expostos, bem como textos
que advirtam quanto a atos praticados no texto, bons ou ruins – procure
primeiro analogia com o AT e depois com o NT.
Analise Teologicamente [41] – verifique no texto as doutrinas
que podemos inferir, atributos de Deus, relações da passagem com ensinos
doutrinários dos Evangelhos, Epístolas, Apocalipse, etc.[42]
ENSINO PRÁTICO – após toda essa análise, você pode buscar
ainda o ensino prático e qual a importância do texto para sua vida pessoal e
para a Igreja do Senhor Jesus em nossos dias.
Em forma de gráfico temos os processos vistos como um todo:
O gráfico acima serve só para termos uma noção geral dos
processos, antes, precisamos entender vários outros conceitos das línguas
originais, caso contrário, não conseguiremos aplicar os processos exegéticos em
um texto bíblico. Portanto, faremos uma exposição dos conceitos importantes das
línguas originais nas próximas aulas e após concluirmos esses conceitos,
voltaremos aos processos exegéticos e os aplicaremos em textos reais.
Conclusão
Claro que não serão todos que se empenharão no aprendizado
dessa matéria e a usarão em suas mensagens e prática ministerial, mas há
aqueles que Deus chamou para serem referenciais de dedicação e esmero em sua
Palavra, de modo que possam influenciar outros e também forneçam e produzam
material de qualidade para que os que não têm condições e oportunidades, tenham
ferramentas para pregar a Palavra de modo mais profundo.
De qualquer modo o desafio está lançado, aos que querem se
aventuar receberão as recompensas de aprofundamento nas Escrituras, crescimento
espiritual pessoal e uma Igreja fundamentada na Palavra de Deus.
Bibliografia:
Em todas as áreas do conhecimento humano, quando
necessitamos nos aprofundar, percebemos uma falta de material em língua
portuguesa. É evidente que temos muitos livros publicados em português do
Brasil, mas todos os que precisaram fazer uma pesquisa mais acadêmica de
qualquer tema tiveram a dificuldade de achar pouco ou nenhum material
pertinente a sua pesquisa, a não ser em língua inglesa, francesa ou alemã.
Abaixo, segue uma bibliografia para os que querem se aprofundar:
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Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento. Vol. 1-5. São
Paulo: Cultura Cristã, 2011
VANHOOZER, Kevin. Há um significado neste texto?
Interpretação bíblica: os enfoques contemporâneos. São Paulo: Vida, 2005
VELOSO, Cláudio William Veloso. Aristóteles Mimético. São
Paulo: Discurso Editorial, 2004
WALTKE, Bruce K.; O’CONNOR, M. An Introduction to
Bliblical Hebrew Syntax. Winona Lake, Indiana, USA:
Eisebrauns, 1990. Traduzido em Português como Introdução
ao Hebraico Bíblico.São Paulo: Cultura Cristã, 2006
WHITE, John Williams. The First Greek Book. Boston/New
York/Chigago/London: Ginn
&
Company, 1896
ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica: meios de descobrir
a verdade bíblica. Vida Nova.
SP. 1994
[1] José
Ribeiro Neto atua como pastor auxiliar na Igreja Batista Central de Poá, SP. é
Mestre em Estudos Judaicos pela Universidade de São Paulo, Mestre em Teologia
do Antigo Testamento pelo Seminário Teológico Batista Nacional Enéas Tognini;
MBA em Tecnologia da Informação e Internet pela UNINOVE; Licenciado em Letras
pela Universidade Braz Cubas. Atualmente é professor de Exegese Bíblica,
Hebraico Bíblico, Crítica do AT, Crítica do NT no STBNET, Barra Funda, SP;
professor de Metodologia Científica, Geografia Bíblica, Introdução ao AT e
Introdução ao NT no STBNET, Ferraz de VAsconcelos; professor de Grego do NT,
Hebraico Bíblico, Teologia do AT no Instituto Betel de Ensino Superior, SP. É
coordenador pedagógico da graduação e da pós-graduação do Seminário Teológico
Batista Nacional Enéas Tognini.
[2]
Esta teoria adota o Textus Receptus (TR) ou o Texto Majoritário (TM) como
edições mais fidedignas
[5]
Trecho traduzido de http://faculty.tfc.edu/juncker/GRK453LutherOnLanguages.pdf,
acesso em 29.07.2010
[7]
Excetuam-se os salários mega milhonárieos de alguns mercenários da fé, que ao
invés de se dedicarem ao estudo aprofundado das Escrituras Sagradas, gastam seu
tempo com envolvimento político, mídia, marketing e em satisfação de seus egos
insuflados
[8]
Para uma discussão mais ampla sobre a importância das línguas originais, ver
meu artigo em: http://biblistas.blogspot.com/2010/08/importancia-do-estudo-das-linguas.html
[9]
O trecho entre parênteses é o bytk Ketiv (está escrito) e o entre colchetes é o
yrq Qerey (leia-se), o Ketiv é como os massoretas receberam o texto e o Qerey é
como eles suponham que deveriam lê-lo. Para maiores detalhes sobre o trabalho
massorético e as várias notas de rodapé da Bíblia Hebraica aconselhamos o livro
de FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da Bíblia Hebraica, introdução ao
texto massorético, guia introdutório para a Bíblia Hebraica Stuttgartensia. 2.ª
ed. Corrigida e Ampliada. São Paulo: Vida Nova, 2005
[10]
O texto utilizado para os livros apócrifos é o da BÍBLIA SAGRADA EDIÇÃO
PASTORAL. São Paulo: SOCIEDADE BÍBLICA CATÓLICA INTERNACIONAL e PAULUS, 1990
[11]
o livro de I Macabeus foi escrito por volta do I séc. a.C., em hebraico,
contudo só restou a versão grega, o livro abrange um período entre 175 a.C. a
134 a.C.
[12]
por essas e outras razões nós protestantes não aceitamos esses livros como
inspirados por em qualquer instância, visto que os próprios livros não
reivindicam inspiração divina e os autores dos mesmos estão cientes de que o
espírito profético cessou e não está presente em seus dias.
[28]
ou o autor aqui fala sem conhecimento de causa ou é um argumento falaz para
negar a semelhança entre Antigo e Novo Testamento.
[30]
no texto o apóstolo Pedro coloca os escritos do apóstolo Paulo ao mesmo nível
das Escrituras (gra,faj) do AT.
[31]
outros textos que afirmam essa proposição são: Hb 1.1,2; 8.7-13 e as muitas
citações do AT no NT.
[34]
ainda que não possamos dizer o mesmo de cristãos católicos que dão uma
importância aos escritos dos chamados primeiros pais igual o que dão à Bíblia.
[36]
Essas afirmações ainda continuam mesmo após várias descobertas arqueológicas e
várias críticas feitas às teorias levantadas nessa época.
[41]
Os livros de Teologia Sistemática são de grande ajuda para estudarmos essa
parte da exegese, Bendito seja Deus que temos excelentes obras nessa área no
mercado editorial brasileiro, de modo que o estudante não encontrará dificuldades
em encontrar material de apoio para o desenvolvimento desse tipo de análise.
[42]
é comum hoje os exegetas falarem de análise sincrônica e análise diacrônica
adotando todas essas análises que estamos colocando aqui abrangem os dois tipos
de abordagem mas de uma forma diferente, caso o aluno queira entender melhor os
caminhos que a exegese bíblica tem tomado veja Cássio Murilo Dias DA SILVA. Metodologia
de Exegese Bíblica, principlamente os capítulos 5, 6, 7, 8. Veja também Horácio
SIMIAN-YOFRE (coord.). Metodologia do Antigo Testamento onde ele
trata no capítulo 6 sobre anacronia e sincronia. Tais livros, todavia, têm uma
abordagem crítica liberal que aceitam as teorias de crítica de forma e da
teoria documentária, sobre a Crítica de Forma e a Teoria Documentária, tanto as
proposições quanto a contestação, veja Gleason L. ARCHER, Jr. Merece
Confiança o Antigo Testamento?, onde nos capítulos 4 e nas páginas 465 a 508
expõe tais teorias e as respectivas contestações.