Arqueólogos
israelenses descobriram uma marca do selo do rei bíblico Ezequias, que ajudou a
transformar Jerusalém em uma metrópole na antiguidade. A inscrição circular em
uma peça de argila de menos de um centímetro de comprimento pode muito bem ter
sido feita pelo próprio rei, disse Eilat Mazar, da Universidade Hebraica de
Jerusalém, que dirigiu a escavação onde a peça foi encontrada. Ezequias reinou
aproximadamente no ano 700 a.C. e foi descrito na Bíblia como um monarca ousado,
“de modo que não houve ninguém semelhante a ele, entre todos os reis de Judá,
nem antes nem depois dele” (2Rs 18:5), e que se dedicou a eliminar a idolatria
em seu reino. “Essa é a primeira vez que a impressão de um selo de um rei
israelita ou da Judeia veio à luz em uma escavação arqueológica científica”,
afirmou Mazar.
A
impressão na argila, conhecida como bula, foi descoberta junto ao pé da parte
sul de um muro que cerca a Cidade Velha de Jerusalém, uma região rica em
relíquias do período do primeiro dos dois templos judeus antigos. O artefato
estava enterrado em uma área de descarte de dejetos que remonta aos tempos de
Ezequias, e provavelmente foi atirado de um edifício real adjacente, segundo
Mazar, contendo escritos em hebraico antigo e o símbolo de um sol com duas
asas.
A
bula foi catalogada inicialmente e armazenada, juntamente com 33 outras, após
uma primeira inspeção que não conseguiu detectar sua verdadeira identidade. Só
cinco anos mais tarde, quando um membro da equipe a examinou sob uma lupa e
discerniu pontos entre algumas letras, é que seu significado ficou claro. Os
pontos ajudam a separar as palavras “Pertencente a Ezequias (filho de) Acaz,
rei de Judá”.
Mazar
afirmou que a parte de trás da impressão na argila tem sinais de barbantes
finos usados para amarrar papiros. “Sempre surge a pergunta ‘quais são os fatos
reais por trás das histórias bíblicas?’”, disse. “Aqui temos a chance de chegar
tão perto quanto possível da própria pessoa, do próprio rei.”
Itai Halpern |
Foi
destaque na semana passada [outra] descoberta arqueológica na cidade de Beit
Shemesh (ou Bete-Semes, em português). Citada pela primeira vez no livro de
Josué, o lugar ficou mais conhecido por ser parte do Vale de Soreque, onde
viveu Sansão. Um menino de oito anos, chamado Itai Halpern [foto], fazia uma
caminhada com sua família no sítio arqueológico (Tel) quando encontrou a cabeça
de uma estatueta de Astarote (ou Aserá), divindade pagã dos cananeus.
Nesse
mesmo Tel, em 2012, foi descoberto o chamado “selo de Sansão”. Com menos de uma polegada de diâmetro, retrata um homem com cabelo
comprido lutando contra uma figura felina. Especialistas acreditam que é uma
representação da história bíblica de Juízes 14.
A
confirmação de que o achado do jovem Itai realmente é a cabeça da deusa foi
feita pela Autoridade de Antiguidades de Israel. Embora não seja a primeira do
tipo, mostra que essas pequenas figuras de mulher eram muito comuns nas casas
dos moradores do reino de Judá durante a época do Primeiro Templo. Curiosamente,
essa não é a primeira descoberta arqueológica importante feita por uma criança neste
ano. Dois meses atrás, o russo Matvei Tcepliaev, de 10 anos, achou
um raro sinete de três mil anos de idade, em Jerusalém.
O
culto a Aserá, conhecida por ser filha de Baal, foi condenado pelos profetas
bíblicos repetidas vezes. Ela é chamada de “deusa dos Sidônios” (1Rs 11:5) e
geralmente era representada com seios grandes ou múltiplos, o que a associava à
ideia de fertilidade.
No
livro de 1 Samuel, Bete-Semes é mencionada como a cidade para onde os filisteus
levaram a “arca da aliança”, capturada por eles após uma batalha. O achado
arqueológico do menino apenas confirma outras descobertas sobre a vida no
território do antigo reino de Judá na época imediatamente anterior ao período
do Primeiro Templo, chamada de “Idade do Ferro” pelos estudiosos.
Alon
De Groot, um especialista, afirmou ao Jerusalém Post que “figuras como essa, com forma de mulheres nuas que
representam a fertilidade, eram comuns nas casas dos moradores da Judeia no
século 8 a.C. Possivelmente, até a destruição do reino pelos babilônios nos
dias de Zedequias (em 586 a.C.)”.
Segundo
a história, o rei assírio Senaqueribe invadiu e saqueou Bete-Semes no ano 701
a.C., e sua destruição foi concluída em 86 a.C. pelo rei babilônico
Nabucodonosor.
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