“
Para mim a pregação é a mais elevada, a maior e mais gloriosa vocação para qual
alguém pode ser chamado”
Dr. Martyn LIoyd-Jones
Se a igreja cristã quiser manter um
testemunho ativo nesta geração, e se os crentes em Cristo desejarem crescer e
torna-se cristãos maduros e eficientes, então é da maior importância que os
pastores, mestres e outros líderes providenciem para o seu povo o “leite
sincero da Palavra” mediante a mensagens centralizadas na Bíblia e dela
derivadas. Essa tem sido a mais urgente necessidade da igreja moderna, uma
igreja que tem se secularizado ao ponto de considerar a exposição bíblica algo
fora de moda e como resultado dessa postura o rebanho do Senhor tem sofrido com
os efeitos nocivos da desnutrição espiritual travestida de misticismo,
prosperidade materialista, individualismos e tantos outros males que tem
tornado a participação evangelística da igreja irrelevante.
Para a realização da árdua missão de sermos
ministros do Evangelho de Cristo, precisamos estar comprometidos com certas
verdades. (1) A Bíblia é a Palavra de
Deus. Agostinho vai dizer “Quando a Bíblia fala, Deus fala. ” Isso
mostra que se eu posso entender uma passagem em seu contexto, então o que eu
sei é o que Deus quer dizer. (2) Toda
Bíblia é a Palavra de Deus. Todos os 66 livros são igualmente
inspirados por Deus e fazem parte da sua revelação especial a humanidade. (3) A Bíblia é auto-atestatória. Se
pessoas podem ser expostas a um entendimento bíblico regular e constante, então
elas não precisam de argumentos sobre a veracidade das Escrituras. (4) Isso conduz a abordagem de uma pregação
do tipo “Assim diz o Senhor”. Não me refiro a um método homilético
aqui, mas a um desejo de abrir as Escrituras de modo que a autoridade da
mensagem de apoie na Bíblia. (5) O
estudante da Bíblia precisa chegar a intenção do autor da Bíblico. Esse aspecto vamos trabalhar com mais
propriedade quando formos falar sobre noções de intepretação Bíblica, aonde
vamos responder perguntas como, o que o autor bíblico quis dizer ao leitor da
Bíblia? A Bíblia não pode significar o que não significou. (6) A Bíblia é um livro sobre Deus.
Ela não é um livro religioso, de auto ajuda nem nada do tipo, ele trata sobre
quem Deus é e o que ele pensa e quer. (7) Nós
não tornamos a Bíblia relevante. Nosso
dever com a exposição Bíblica não é torná-la relevante, mas mostra a sua
relevância.
A
pregação Bíblica genuína apresenta um Deus supremo Senhor sobre tudo e todos, a
verdade não somente sobre o que ele faz, mas principalmente sobre quem ele é,
vamos analisar adiante alguns aspectos desta característica inequívoca do labor
homilético.
Deus
deve ser supremo na Pregação
1. O
Alvo da Pregação: A glória de Deus
Uma pregação verdadeiramente bíblica
glorifica única e exclusivamente a Deus. Não existe espaço para a promoção, nem
tão pouco a glorificação, de quem prega, pois, o ministério da pregação tem
como começo, meio e fim o Pai, o Filho e o Espirito Santo. O viés dominante na
pregação é a graça soberana de Deus, o seu tema unificador deve ser o zelo que
o próprio Deus tem com a sua glória e o objetivo sublime da pregação é o
infinito e inexaurível ser de Deus e sua santidade. Com isso, mesmo diante das
coisas ordinárias da vida que venha a ser apresentadas na pregação, estes
assuntos não somente serão levantados. Serão elevados até Deus.
2. A
Base da Pregação: A cruz de Cristo
O alvo da pregação é a glória de Deus na sua
submissão prazerosa de sua criação. E, portanto, há um obstáculo a esta
pregação em Deus e há um obstáculo no homem. O orgulho do homem não se deleita
na glória de Deus, enquanto que a Justiça de Deus não deixará que sua glória
seja escarnecida. Portanto, onde encontramos alguma esperança de que a pregação
atingirá seu alvo, que Deus seja glorificado naqueles que estão satisfeitos
nele? Na cruz de Cristo, Deus encarregou-se de superar os dois obstáculos a
pregação. Ela supera o obstáculo objetivo, externo, da oposição da justiça de
Deus ao orgulho humano e supera o obstáculo subjetivo interno de nossa oposição
orgulhosa a gloria de Deus. A Pregação Bíblica encontra sua validade na cruz de
Cristo.
3. O
Dom da Pregação: O poder do Espirito Santo
A supremacia de Deus na pregação exige que o
nosso alvo constante nela seja expor e engrandecer a glória de Deus e que a
suficiência plena cruz do filho de Deus seja confirmada consciente de nossa
pregação e a humilhação de nosso orgulho. Porém, nada disso ocorrerá, no
entanto exclusivamente em nós. O trabalho soberano do Espirito de Deus deve ser
o poder pelo qual tudo é alcançado. É o Espirito Santo que nos conscientiza da
nossa real condição como pregadores da Palavra de Deus, meros canais, servos
aos quais o Senhor por sua graça redentora nos usa para o louvor da sua glória.
Precisamos admitir, suplicar confiar e deixar ele atuar a partir da exposição
das Sagradas Escrituras, para que então possamos agradecer a Deus o privilégio
de servir ao seu soberano proposito na pregação da sua Palavra Fiel.
4. Serenidade
e Alegria na Pregação
A seriedade na pregação era uma marca sempre
presente no ministério de Jonathan Edwards, um dos principais avivalistas da
igreja, ele era um homem intimamente comprometido no exercício da sua vocação.
Ele afirma em um de seus sermões “Se um ministro possui luz sem calor, e
entretém seus ouvintes com discursos eruditos, sem o aroma do poder da fé ou
qualquer manifestação de fervor de espirito, e sem zelo por Deus e pelo bem das
almas, ele poderá agradar a ouvidos desejosos, e preencher a mente de seu povo
com noções vagas; mas provavelmente não ensinará seus corações nem salvará suas
almas.” Ele possuía uma convicção esmagadora da realidade das glorias do céu e
dos horrores do inferno, o que tornava sua pregação totalmente séria, sendo
criticado severamente por seu fervor em razão de promover um despertamento
religioso que ocorreu na sua época. Estamos diante de uma realidade evangélica
aonde é notória a ausência de serenidade, provocando uma manifestação de
alegria alheia aos reais resultados da pregação Bíblica. Precisamos levar em
consideração o exemplo de Edwards, pregando a Palavra de Deus com fervor, mas
um fervor reverente a glória divina.
Tornando Deus supremo na Pregação
5. Mantenha
Deus no centro
Para que o Senhor seja supremo em nossa
pregação, ele primeiro tem que ser em nossas vidas, mesmo porque, aquilo que
falamos deve refletir o que vivemos com Deus. Mas uma vez me valendo do exemplo
do Jonathas Edwards, ele incorpora a verdade de que a teologia existe para a
doxologia. Em todas as áreas da sua vida Edwards transmitia sua paixão para com
Deus, este é o motivo pelo qual ele se torna tão importante, quando focalizamos
a supremacia de Deus na pregação.
6. Submeta-se
a doce soberania
Quando Jonathas Edwards se aquietou e
contemplou a grande verdade de que Deus é Deus, viu um Ser majestoso cuja
simples existência subentendia poder infinito, conhecimento infinito e
santidade infinita. Para Edwards, o poder infinito, ou a soberania absoluta de
Deus, era o fundamento da suficiência plena de Deus. E sua suficiência plena
era o fundamento de sua perfeita santidade. A outra inferência proveniente de
sua visão de Deus é que o dever do homem é deleitar-se em sua glória. Ele
entendia que não havia verdadeira religiosidade sem sentimentos santos e que a
fé salvadora era perseverante. Ele entendeu Deus como um ser totalmente
soberano, autossuficiente e todo-suficiente, infinito em santidade e, portanto,
perfeitamente glorioso.
7. Torne
Deus supremo
A essência da mensagem de Edwards pode ser
encontrada em 10 características, as quais são tão valiosas para nossos
próprios dias, que serão apresentadas como desafios e não somente como fatos
sobre Edwards.
·
Desperte sentimentos santos: Uma boa pregação tem como objetivo encorajar
“emoções santas” tais como ódio do pecado, deleite em Deus, esperança em suas
promessas, gratidão por sua misericórdia, desejo de santidade e compaixão
terna.
·
Ilumina as mentes: É
crucial levar luz a mente porque os sentimentos que não são provenientes de seu
entendimento da verdade não são afetos santos.
·
Sature com as Escrituras:
Afirmo que uma boa pregação é “saturada com as Escrituras” e não “baseado nas
Escrituras”, pois as Escrituras são mais (e não menos) do que a base para uma
boa pregação.
·
Empregue analogias e imagens: A
experiencia e as Escrituras nos revelam que o coração é tocado de forma
poderosa, não quando a mente se encontra absorta em ideias abstratas, mas
quando é preenchida com imagens vividas da realidade estupenda.
·
Use ameaças e advertências:
Edwards conhecia seu inferno, mas melhor ainda seu céu. Boas mensagens bíblicas
incluem advertências a congregação.
·
Peça uma resposta: Não
somos meramente passivos, nem Deus faz alguma coisa e nós, o resto. Deus faz
tudo, e nós fazemos tudo. Deus fornece tudo, e nós desempenhamos tudo. Porque é
isto que ele produz, a saber nossas próprias ações.
·
Sonde as operações do coração: A
pregação poderosa é como uma cirurgia. Sob a unção do Espirito Santo, ela
localiza, perfura e remove a infecção do pecado.
·
Submeta-se ao Espirito Santo em Oração: O
pregador deve labutar em oração para colocar sua pregação sob a influência
divina.
·
Tenha um coração quebrantado e
compassivo: Uma boa pregação procede de um espirito quebrantado e
dócil. Apesar de toda sua autoridade e poder, Jesus era cativante, pois era
manso e humilde de coração.
·
Seja intenso: Uma
pregação que compele os ouvintes produz a impressão de que algo grandioso está
em jogo. Com a visão de Edwards sobre a realidade do céu e do inferno, e da
necessidade de perseverar em uma vida de santos afetos e piedade, a eternidade
estava em jogo no domingo.
Pregar
o Evangelho é uma atividade importante e prazeroso no ministério cristã. Porém,
em nossos dias ela tem se tornado um desafio cada vez mais desgastante e
sucateado por conta da falta de compromisso com a causa do evangelho da cruz.
Precisamos
hoje mais do que nunca, colocar o nosso compromisso com a exposição fiel das
Sagradas Escrituras acima de qualquer conveniência e vaidade humana. Que o
homem nada fale de si mesmo, mas que o Senhor tenha liberdade para ministrar
aos corações com poder e glória.
Deus
vos abençoe!
BIBLIOGRAFIA
DO ARTIGO
·
Supremacia de Deus na Pregação
Autor:
John Piper
Editora:
Shedd
·
Pregação e Pregadores
Autor:
D. Martyn LIoyd-Jones
Editora:
Fiel