· INTRODUÇÃO – (O QUE É TEODICÉIA?)
“O problema da relação de Deus com o pecado
continua um mistério para nós, mistério que não somos capazes de resolver.
Pode-se dizer, porém que o Seu decreto para permitir o pecado, embora assegure
a entrada do pecado no mundo, não significa que Ele tem prazer nele; significa
somente que ele considera sábio, com o propósito da sua auto-revelação permitir
o mal moral, por mais detestável que seja a sua natureza” (Louis Berkhof, do
livro Teologia Sistemática, pg,109. Autor de orientação calvinista)
“Considerando a largura e a profundidade do problema do mal, concordamos
com Peter Kreeft quando diz que a existência do mal e do sofrimento é mais um
mistério do que um problema. Comparou-o ao amor e disse que, uma vez que
estamos envolvidos subjetivamente, achamos difícil compreender plenamente todas
as razões porque o mal acontece. (...), portanto reconhecemos nossa explicação
incompleta para justificar todos os propósitos que o mal e a dor possam ter na
vida de um indivíduo” (Norman Geisler, do livro Fundamentos Inabaláveis, pg.
255. Autor de orientação Arminiana)
A palavra
“Teodicéia” provem deTheos, Deus e Dike, Justiça. São as tentativas de
justificar os caminhos de Deus com os homens. As citações supra relacionadas.
De posicionamentos teológicos diferentes (opostos até), foram transcritas para
expor o tamanho do problema da existência do mal. Entendamos primeiramente que
o mal, aqui é aquele que desfigura aquilo que naturalmente inferimos como o
bem. Por exemplo, naturalmente sabemos que não relatar um fato como ele
aconteceu realmente, mas inventar ou mudar tal fato enquanto estamos relatando
constitui-se em uma mentira, um desvio da verdade. Algo em nós nos dirige
acerca do que é certo e errado. Este é o grande problema do ateísmo e do
Panteísmo.
Para o
Panteísmo, o mal é uma ilusão. O pensamento do Ateísmo reduz-se a apenas
identificar o mal, porém sem o seu contra-senso, o bem. Apenas taxar o mal como
“ilusão”, como fazem os panteístas é tratar o problema quase que ingenuamente,
pois a nossa subjetividade intelectual (emoções) são os principais agentes que
nos induzem a pensarmos que algo, naquilo que está “errado”, tem que ser
mudado. Mas por que precisaria ser
mudado, se tudo é ilusão? Bem, é verdade que o Hinduísmo obrigou-os seus
adeptos a aceitarem a sua vida (“karma”), pois os males da mesma são apenas
“ilusão”. Porem por que os hinduístas tem hospitais, escolas? Por que se
precaveem de desastres naturais e epidemias? Por que tem programas contra fome
e a pobreza, se tudo é ilusão, como afirmam? Cremos que de fato, é ilusão
crermos que o mundo e ilusão.
Tão
insatisfatória quanto a proposta dos hinduístas é o pensamento ateísta. Ora, o
ateu não reconhece a existência de Deus, porém, reconhece a existência do mal.
Isto é um contra- senso, pois Deus é a fonte suprema do BEM, e o bem é o oposto
do MAL, logo, aceitar o mal, sem a existência do bem, é aceitar a ferrugem sem
o ferro, a explosão sem oxigênio para combustão, um tiro de arma de fogo sem
pólvora, as ações consideradas “más”, sem um exemplo padrão de “bom”. A idéia
ateísta, portanto, é insustentável, pois se auto anula. A proposta teísta
cristã vai explicar de forma mais satisfatória e de forma mais lógica a
existência do mal, pois se há mal, é necessário que haja seu contra-senso. Se
há malignidade de forma imensa, há o bem de forma imensa.
Creio que você, caro irmão, já deve ter se
apercebido da problemática deste assunto: como justificar um Deus Todo-Poderoso
e Todo-bondoso juntamente com a existência do mal? Esta questão é oriunda do
famoso paradoxo de Epicuro, um dilema lógico
sobre o problema do mal. Esse argumento é muito utilizado pelos ateus nos
debates. O objetivo do argumento é mostrar que a existência de Deus é
logicamente incompatível com o mal e o sofrimento no mundo. O argumento se
desenrola da seguinte forma:
1- Se Deus quer evitar o mal, mas não pode fazê-lo, então não é Onipotente.
2- Se é capaz de fazê-lo, mas não quer, então não é amoroso.
3- Mas se Deus pode e quer evitar, então por que permite o mal?
4- E se não pode e nem quer evitar o mal, então por que chamá-lo de Deus?
1- Se Deus quer evitar o mal, mas não pode fazê-lo, então não é Onipotente.
2- Se é capaz de fazê-lo, mas não quer, então não é amoroso.
3- Mas se Deus pode e quer evitar, então por que permite o mal?
4- E se não pode e nem quer evitar o mal, então por que chamá-lo de Deus?
Assim, o ateu conclui que um Deus amoroso, Onisciente e Onipotente como
o Deus bíblico, não pode existir, pois um Deus assim seria completamente
incompatível com a realidade do mundo atual.
O que acontece na verdade é que o Deus bíblico não se encaixa no conceito (concepção) de perfeição divina que os ateus idealizam, e por isso eles o rejeitam. Eles agem como se pudessem ditar o que Deus pode ou não fazer. Se as atitudes do Deus bíblico não estiverem de acordo com aquilo o que o ateu imagina ser o correto, isso significa que esse Deus não existe. É um raciocínio bem simplista:
"Se Deus não faz o que eu espero que ele faça, então ele não deve existir".
Nem sequer cogitam na possibilidade de Deus ter razões próprias para permitir o mal.
O que acontece na verdade é que o Deus bíblico não se encaixa no conceito (concepção) de perfeição divina que os ateus idealizam, e por isso eles o rejeitam. Eles agem como se pudessem ditar o que Deus pode ou não fazer. Se as atitudes do Deus bíblico não estiverem de acordo com aquilo o que o ateu imagina ser o correto, isso significa que esse Deus não existe. É um raciocínio bem simplista:
"Se Deus não faz o que eu espero que ele faça, então ele não deve existir".
Nem sequer cogitam na possibilidade de Deus ter razões próprias para permitir o mal.
· COSMOVISÕES (CONCEITOS)
1. TEÍSMO FINITO
O
chamado “Teísmo finito” assevera que Deus quer destruir o mal, mas não pode
faze-lo, pois, o seu poder é limitado. Esta posição de que Deus tem limitações
é algo que vem ganhando força atualmente. O teísmo finito encerra-se nas
fileiras do Panenteísmo (não
confundir com Panteísmo) ou teologia processual, que diz que Deus é mutável,
está em continuo processo de mudança; ou no Neoteísmo, também conhecido como teologia aberta, pois advoga o
fato de estar “reinventando” Deus sob a premissa de que seus conceitos são
genuinamente cristãos ortodoxos. Entre outras asseverações, os neoateistas
afirmam que:
“Deus escolheu criar os seres humanos com
liberdade incompatível, sobre a qual Ele não pode exercer total controle. ”
“Deus valoriza tal liberdade a ponto de
não interferir sobre ela, mesmo que esta produza resultados indesejáveis. ”
(deísmo)
“Deus não possui conhecimento exaustivo a respeito de como utilizaremos
nossa liberdade, ainda que, algumas vezes, possa predizer com exatidão as
decisões que tomaremos. ”
2. TEÍSMO ORTODOXO
O teísmo ortodoxo assevera que Deus é todo bondoso e todo poderoso, e
não somente pode destruir o mal, como deveria faze-lo. Há uma diferença entre
tornar o mal possível, e torna-lo real. Ao criar o homem com arbítrio Deus
concedia-lhe o privilégio de agir como quisesse, ou bem ou mal: “Ordenou o
Senhor Deus ao homem dizendo: De todas as arvores do jardim podes comer
livremente; mas da arvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás;
porque no dia em que comer dela, certamente morrerás.” (Gn 2. 16-17).
Observando a condição explicada na instrução de Deus. Sendo assim, o mal
poderia ser reduzido a condição de necessário para um mundo que tenha arbítrio.
Alguns da escola de apologética chamada “subjetiva”, asseveram que a
experiência e não a razão, é necessária para um correto posicionamento quanto a
questão do mal. Discordamos deste ponto de vista mesmo reconhecendo o peso de
inúmeros de seus pensadores, como Pascal, Kierkgaard e Karl Barth.
A escola
conhecida como “objetiva”, a qual coloca o problema para averiguação em meio a
fatos objetivos, merece mais a nossa simpatia pois é possível sim raciocinarmos
e concluirmos algo diante de fatos objetivos como são o mal e o bem no mundo.
Mesmo que não tenhamos uma explicação plausível para o mal físico, ou seja,
catástrofes naturais e para o metafisico, no que se refere a ausência do bem,
conforme o pensamento de Leibniz, podemos inferir algumas conjecturas válidas
para o que chamamos de “mal moral”, o que é indiscutivelmente a maior fonte de discussão
nas construções da teodiceia. Se partirmos do ponto de vista que relaciona
intrinsecamente a existência do mal com o arbítrio, talvez possamos esboçar um
silogismo que explique esta contingencia tão desprovida de explicação.
Premissa 01: Impedir o mal seria
impedir o bem
Premissa 02: O amor é o bem
maior e requer arbítrio
Premissa 03: Deus se identifica
diretamente com o bem maior
Conclusão: Impedir o mal,
seria impedir escolhas livres, assim o bem maior seria impedido, logo, impedir
o bem maior é o mal maior
· DEUS SOBERANO VS LIBERDADE DO HOMEM
Como podemos
coadunar a liberdade do homem e a soberania de Deus? Ora, sabemos que Deus é
soberano (Gn 28.13; Is 45.5), e que não podemos responsabilizar Deus por todos
os atos do homem pois, se assim fosse, Deus seria o autor do mal, e o homem
estaria isento de qualquer culpa. Deus não é responsável pelos atos pecaminosos
do homem, que tem como causa o homem. Aqui, precisamos de um pouco mais de
atenção, para que evitemos falácias dúbias e para que possamos ter um respaldo
bíblico-teológico e filosófico como resposta aos crescentes ataques de
ateístas, agnósticos, deístas ou neoteístas.
O problema,
como era de se esperar, é muito mais complexo do que parece, e tal complexidade
tem posto de ebulição o meio acadêmico:
1. Podemos relacionar a origem do mal
real com o arbítrio;
2. Isto explica como o mal “entra” e se
manifesta no Cosmos;
3. Também explica, pela sequência do
mundo aonde existe o “bem maior” que a possibilidade do mal se fez necessária,
logicamente.
4. Explicamos “como” o mal insurgiu-se.
E quanto ao “por que” do consentimento divino?
Por que Deus ainda permite o mal? As
respostas dos grupos apresentados até agora mostram-se todas insatisfatórias
pois, ou Deus é mostrado impotente, portanto menos que Deus (Uma violação da
lei da não contradição), ou Deus não existe, o que é uma impossibilidade lógica
por Deus é um Ser Necessário. Nossa resposta aos críticos deve levar em
consideração a soberania divina em harmonia com a capacidade do homem de
escolher pecar, isto é, criar os seus atos malignos.
Deus está na eternidade, isto é, “fora”
do espaço-tempo como o conhecimento. Porém, interfere como quer, isto é,
livremente no espaço-tempo. Esta é a chave! O Cosmos (espaço-tempo) é uma
realidade infinitamente menor do que Deus. A Criação é, desta maneira,
infinitamente menor do que Deus, que por sua vez está imensamente distanciado
de tudo o quanto ele criou. Mas Deus não é exclusivamente transcendente a
Criação. Ele age na mesma (no espaço-tempo), que para Deus está sempre
“presente”, Deus pode, inclusive, fazer com que atos maus redundem em algo bom,
e assim de fato, nenhum de seus planos pode ser frustrado, que ele tenha
ciência de todos os atos que serão praticados pelos homens, o que a Escritura
Sagrada afirma inúmeras vezes (Jo 14.49; Is 48.5; Jr 1.5; 1 Pe 1:2;etc).
Um exemplo clássico nas Escrituras é
fato acontecido em I Reis 22.1-37. Aparentemente ilógico o problema, pois Deus
ali se utiliza, a princípio, de uma mentira para punir o rei maligno Acabe.
Como um ser perfeitamente bom utilizaria um meio maligno? (a verdade é sempre
associada ao bem, enquanto a mentira, ao seu contrassenso, o mal, logo Deus
estaria usando um meio maligno). A solução para este problema de I Reis 22.1-37
estende-se a resposta do problema do mal, em todos os âmbitos, de acordo com o
sistema do livre arbítrio. Deus dera a visão a Micaías, sobre o espirito de
mentira, que estaria na boca dos profetas. Por que? Logicamente porque sabia que
Micaías seria chamado, e que falaria o que realmente estava acontecendo. Logo,
Acabe teria uma escolha: ou acreditaria em Micaías, ou nos profetas de Baal. O
resultado desta escolha iria produzir o bem, ou o mal.
Há quem diga que o homem perdeu seu
arbítrio para a salvação no Éden. E, fica apenas com o arbítrio racional. Bem,
de qualquer forma, se Deus livra-nos do mal, é necessário que o arbítrio inerente
a nós, seres racionais, seja anulado. O mal seria portanto, o preço a pagarmos
para vivermos em um mundo com arbítrio. Preferíamos nós ao contrário? Um mundo
com arbítrio sugere a possibilidade do mal. Isto é, em ultima análise não faz
de Deus o autor do mal, uma vez que deva haver um mundo melhor possível. Nós
não estamos vivendo neste mundo “céu”, contudo, o mundo atual é um meio para
chegarmos aquele. Observe que, neste sentido, não estamos afirmando coisa
alguma, mas postulamos. Há implicações em se admitir que a resposta para Ap
22.3 (“Ali jamais haverá maldição”, isto é, na cidade santa, na nova Jerusalém
celestial) é a supressão do arbítrio. Só podemos especular. Agostinho propôs
uma serie de 3 sentenças que definem a história do homem, quanto ao pecado,
desde a sua criação, baseada no arbítrio do homem no Éden, e em sua
deterioração após a Queda:
- Antes da Queda a situação do
homem era: “Poder não pecar”
- Depois da Queda a situação
do homem era: “Não poder não pecar”
- Depois da Glorificação a
situação do homem será: “Não poder pecar”
· CONCLUSÃO
Augustus Strong escreve em sua teologia
sistemática “Deus criou um anjo bom, este anjo bom se tornou diabo”, a Bíblia
nunca atribui a Deus a criação do mal, isso é uma blasfêmia, do outro lado a
Bíblia lembra que o mal está debaixo do controle de Deus, o mal não é uma força
autônoma, O diabo é o diabo de Deus, então o mal só vai até onde Deus
estabeleceu, continuando nesta ideia trazendo para uma perspectiva bíblica, não
há evidencias para uma vontade permissiva de Deus, Deus não permite o mal, ele
usa o mal. A ideia aqui é que o diabo, o pecado e a maldade é um cão raivoso,
como já dizia Agostinho, esse cachorro raivoso só vai até aonde a corrente
permite, o diabo ele só vai até onde o Senhor permite, mesmo ele achando que
pode vencer, que tem autonomia ele acha que história é um livro aberto, mas na
verdade ele nunca saiu do controle de Deus. Em atos 2 e atos 4 os discípulos
vão repetir que todo o mal que os homens intentaram contra Jesus Cristo foram
pré-ordenados e pré-conhecidos pelo próprio Deus. A morte de Jesus não foi um
acidente, não pegou Deus nem Jesus de surpresa, tudo foi ocorreu como no script
divino. Em Ap 13.8, o apostolo vai registrar “digno é o cordeiro que foi morto
desde a fundação do mundo. ” O que acontece na história é o desdobramento do
que já aconteceu na eternidade e aonde nós vemos a resolução do problema do
mal? Ap 21.22, Cristo voltará em gloria é o mal for completamente banido da
criação. O cristão,ele vivi entre tempos, ele vivi entre o já e o ainda não,
nós ainda enfrentamos a influência do mal, mas temos a certeza que este inimigo
já está derrotado, nós estamos escutando os últimos sons de uma batalha que já
foi encerrada.
CITAÇÃO: FRANKLIN FERREIRA
DEUS VOS ABENÇOE!!
Vicente Leão