MENSAGEM DA CRUZ: POR QUE VOCÊ SOFRE - PR. PAULO BORGES JR.


O Pr. Paulo Borges Jr. irá trazer uma palavra de fé e esperança ao seu coração.

A RELEVANCIA DA TEOLOGIA CRISTÃ ORTODOXA EM MEIO A PÓS-MODERNIDADE – 1º PARTE




Em tempos aonde ser relevante tornou-se sinônimo de ser popular a tarefa do teólogo cristão torna-se ainda mais desafiadora, pois todos os dias somos tentados a apostatar da fé nos desviando da sã doutrina por acharmos a simplicidade do evangelho simples demais para as nossas pretensões intelectuais e até mesmo nossas particularidades espirituais.

Porem. Não basta saber o significado do nome teologia nem dos complexos conceitos que a constitui, precisamos entender o lugar dela em relação ao conjunto da obra que Deus tem a realizar em nós e através de nós, só assim encontraremos sua real relevância no tocante a edificação dos santos e a proclamação das boas novas de salvação. 

Estudar teologia é conhecer a sã doutrina revelada em Jesus Cristo e registrada por divina inspiração nas Sagradas Escrituras (Bíblia). Muitos confundem o significado da palavra com o seu conceito, a teologia não estuda Deus, ela estuda aquilo que pela graça ele nos apresenta sobre sua pessoa e obra. Anselmo, um dos pais da igreja, vai nos ensinar que teologia é “a fé em busca de entendimento.” Por que então há tanto desentendimento e inutilidade em nossos debates teológicos? Grant R. Osborne vai escrever em tom de alerta o seguinte sobre esta questão:

“Não sabemos ao certo como determinar um dogma, especialmente como obtê-lo a partir das Escrituras; e não sabemos como distinguir doutrinas centrais daquelas doutrinas sobre as quais devemos concordar em discordar. Existem mais caçadores de heresias por aí do que jamais existiu na historia recente, e ainda assim existe menos consciência teológica na maioria das igrejas do que em qualquer outro período do ultimo século. É uma dicotomia estranha, temos mais material sobre Bíblia e a teologia do que nunca, mais interesse em estudos bíblicos, e ainda assim temos menos conhecimento da Bíblia e de teologia.” (Fonte: citação extraída do livro pilares da fé do Pr. Franklin Ferreira Ed. Vida Nova – pag 35).

Segundo o Rev. Roberto Schuler, ao escrever sobre o fazer teológico e as tendências contemporâneas de mudança, o grande problema das nossas irrelevantes discursões se dá pela perda da nossa identidade no tocante ao caráter protestante, a teologia pública e a relevância profética. Ele escreve:




“O que eu quero dizer é que a reforma protestante nasceu de um protesto, ou seja, de um apelo por reforma na estrutura da igreja e da sociedade. Essa é a nossa tradição e foi por isso que na historia ganhamos o nome de protestantes. O fato de não termos que protestar mais hoje contra as indulgencias e os desvios no tocante a doutrina da salvação não significa a cessação da nossa vocação protestante, até porque outros problemas surgiram, talvez não tanto de ordem doutrinária e confessional, mas sim de ordem prática e social.” (Artigo extraído do livro A Teologia e os Desafios Contemporâneos Ed Reflexão – Pag 23)


A falta do devido cuidado com a doutrina é um dos reflexos da nossa condição desleixada diante de Deus. Como o próprio Rev. Schuler coloca: Na prática nós nos tornamos cada dia mais “conformantes” que protestantes. Isso porque aos poucos a nossa teologia abandonou sua tradição profética, se fechando em uma redoma cheia de dogmas religiosos e movimentos místicos vazios da verdadeira essência do evangelho. Como resultado disso, nossa teologia publica, ou seja, nossa participação na sociedade tem comunicado um cristianismo sem Cristo em boa parte das ocasiões aonde a igreja precisa se posicionar de forma relevante.

Nossa irrelevância teológica denuncia nossa falta de compromisso com o evangelho de Jesus Cristo principalmente no tocante a sua natureza prática, até porque, tudo que somos e realizamos enquanto cristãos deve ser um reflexo da nossa submissão à sã doutrina, fora disso nosso trabalho é anátema (nulo). Estamos passando por uma crise teológica tão grave que, como escreveu Ian Ramsey alguns anos antes de sua morte, “A igreja não só está sem teologia, mas a teologia está sem Deus.” Algumas coisas nesta época entre os teólogos profissionais mudaram, mas o abismo entre o seu acadêmico vocabulário e a mentalidade da igreja só fizeram aumentar deixando-a (teologia) a margem da vida evangélica, mas deslocada do seu centro. Em seu livro “sem lugar para a verdade”, David F. Wells escreve:

“É nesse sentido que é apropriado falar do desaparecimento da teologia. Não é que os elementos do credo evangélico tenham se desvanecido; eles não se desvaneceram. O fato de eles serem professados, no entanto, não significa necessariamente que a estrutura da fé protestante histórica ainda está intacta. A razão é que simplesmente enquanto esses itens da crença são professados, eles estão cada vez mais distantes do centro da vida evangélica em que definiam o que era essa vida, e eles agora são relegados à periferia, na qual perdeu seu poder de definir como deve ser a vida evangélica.”



Como consequência desta crise a missão da igreja tem sido comprometida em vários aspectos. Quando o conhecimento não é administrado com sabedoria do alto à tendência é o desvio da verdade e o desequilíbrio orgânico que desemboca ou no fideísmo (conhecimento de Deus sem evidencias) ou no racionalismo (conhecimento de Deus somente com evidencias). O labor teológico relevante alia esses dois extremos por meio da fé que compreende e reconhece o importante papel da razão na busca pelo conhecimento de Deus. Porém, tal conhecimento deve se manifestar através de práticas piedosas, piedade que tem a vê com gratidão e não com razão. Em seu livro Inteligência humilhada o Rev. Jonas Madureira escreve: “A razão faz teólogos inteligentes, mas somente a gratidão torna-os piedosos e inteligentes”.

O que a igreja tem que dizer e fazer com exclusividade não pode ser reduzido à filosofia e política. A responsabilidade exclusiva da igreja é proclamar e praticar o evangelho, dando no discurso e na vida testemunho da realidade, da presença e da ação de Deus em Jesus Cristo e no Espirito Santo. A responsabilidade exclusiva do teólogo é garantir que o discurso e a ação da igreja correspondam a Palavra de Deus, regra de fé e prática do cristão.

Com base nessas informações iremos tratar nos próximos artigos três aspectos fundamentais que caracterizam o perfil de uma teologia cristã ortodoxa relevante em meio a realidade pós-moderna. São eles: BÍBLICO, CRISTOCÊNTRICO e PRÁTICO. Espero que este material cause inquietação em seu coração e desejo por um conhecimento teológico capaz de gerar frutos dignos de arrependimento para a glória de Deus.

DEUS VOS ABENÇOE!

 Vicente Leão


CALVINISMO E CAPITALISMO: QUAL É MESMO A SUA RELAÇÃO?



por
Alderi Souza de Matos

A questão de como se relacionam o calvinismo e o capitalismo tem sido objeto de enorme controvérsia, estando longe de produzir um consenso entre os estudiosos. O tema popularizou-se a partir do estudo do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) intitulado A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, publicado em 1904-1905. Numa tese oposta à de Karl Marx, Weber concluiu que a religião exerce uma profunda influência sobre a vida econômica. Mais especificamente, ele afirmou que a teologia e a ética do calvinismo foram fatores essenciais no desenvolvimento do capitalismo do norte da Europa e dos Estados Unidos.

Weber partiu da constatação de que em certos países da Europa um número desproporcional de protestantes estavam envolvidos com ocupações ligadas ao capital, à indústria e ao comércio. Além disso, algumas regiões de fé calvinista ou reformada estavam entre aquelas onde mais floresceu o capitalismo. Na sua pesquisa, ele baseou-se principalmente nos puritanos e em grupos influenciados por eles. Ao analisar os dados, Weber concluiu que entre os puritanos surgiu um "espírito capitalista" que fez do lucro e do ganho um dever. Ele argumenta que esse espírito resultou do sentido cristão de vocação dado pelos protestantes ao trabalho e do conceito de predestinação, tido como central na teologia calvinista. Isso gerou o individualismo e um novo tipo de ascetismo "no mundo" caracterizado por uma vida disciplinada, apego ao trabalho e valorização da poupança. Finalmente, a secularização do espírito protestante gerou a mentalidade burguesa e as realidades cruéis do mundo dos negócios.

Calvino de fato interessou-se vivamente por questões econômicas e existem elementos na sua teologia que certamente contribuíram para uma nova atitude em relação ao trabalho e aos bens materiais. A sua aceitação da posse de riquezas e da propriedade privada, a sua doutrina da vocação e a sua insistência no trabalho e na frugalidade foram alguns dos fatores que colaboraram para o eventual surgimento do capitalismo. Mesmo um crítico contundente da tese de Weber como André Biéler admite: "Calvino e o calvinismo de origem contribuíram, certamente, para tornar muito mais fáceis, no seio das populações reformadas, o desenvolvimento da vida econômica e o surto do capitalismo nascente" (O Pensamento Econômico e Social de Calvino, p. 661). 

Todavia, esse e outros autores têm ressaltado como a ética e a teologia do reformador divergem radicalmente dos excessos do capitalismo moderno. Por causa das difíceis realidades econômicas e sociais de Genebra, Calvino escreveu amplamente sobre o assunto. Ele condenou a usura e procurou limitar as taxas de juros, insistindo que os empréstimos aos pobres fossem isentos de qualquer encargo. Ele defendeu a justa remuneração dos trabalhadores e combateu a especulação financeira e a manipulação dos preços, principalmente de alimentos. Embora considerasse a prosperidade um sinal da bondade de Deus, ele valorizou a pessoa do pobre, considerando-o um instrumento de Deus para estimular os mais afortunados à prática da generosidade. A tese de que as riquezas são sinais de eleição e a pobreza é sinal de reprovação é uma caricatura da ética calvinista. Para Calvino, a propriedade, o lucro e o trabalho deviam ser utilizados para o bem comum e para o serviço ao próximo. 

Em conclusão, existe uma relação entre o calvinismo e o capitalismo, mas não necessariamente uma relação de causa e efeito. Provavelmente, mesmo sem o calvinismo teria surgido alguma forma de capitalismo. Se é verdade que a teologia e a ética reformadas se adequavam às novas realidades econômicas e as estimularam, todavia, o tipo de calvinismo que mais contribuiu para fortalecer o capitalismo foi um calvinismo secularizado, que havia perdido de vista os seus princípios básicos. Entre esses princípios está a noção de que Deus é o Senhor de toda a vida, inclusive da atividade econômica, e, portanto, esta atividade deve refletir uma ética baseada na justiça, compaixão e solidariedade social.

CIÊNCIA DA RELIGIÃO E SUA IMPORTÂNCIA NA PÓS-MODERNIDADE




Afinal, qual a importância da Ciência da Religião para a sociedade atual? 

Vem-nos a mente alguns pontos que podem servir de instrumento para ampliar o conhecimento dos vários grupos religiosos com os quais convivemos dentro de um mesmo contexto psicossocial e religioso. 

Na sociedade pós-moderna, globalizada, leis têm sido criadas com o propósito de impedir que os indivíduos sejam discriminados por causa de vários fatores, como a opção sexual, religiosa, político-partidária, educacional, racial, etc. Dessa forma, o mundo tem-se tornado “uma aldeia global”, onde atitudes preconceituosas, discriminadoras não atingem apenas os locais em que foram praticadas tais ações. A sociedade mundial é atingida.

Cassirer (2001 p. 42) afirma que o conhecimento humano, na atualidade, nunca o homem foi tão problemático para si e para os seus, que em nossos dias. Produziu “conhecimentos antropológicos de ordem científica, filosófica e teológica” e, pouco sabe um do outro. Sua visão é critica, mas não é imparcial. “Não se possui mais qualquer idéia clara e coerente do homem, causada pela multiplicação das ciências particulares, mas em sua atuação confundem e obscurecem mais que elucidam”.

Santos (2002) afirma que o homem pós-moderno é um ser dividido entre sua vida secularizada, no papel do profissional liberal, do professor, do cientista, do homem do mundo negócios, das bolsas de valores, e, no entanto, é um indivíduo envolto num emaranhado de seitas, de misticismo que é um retorno ao período remoto da história, que crê na astrologia, no poder das pedras, nos mantras, etc.

No entanto, na Carta de Paulo em Romanos 12.1-2 lemos: "rogo-vos pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Esse é o vosso culto racional. E, não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja boa agradável e perfeita vontade de Deus."

Como indivíduos em processo de transformação, diria mesmo, em mutação, precisamos rever conceitos éticos e morais, dentro de uma perspectiva histórica, pois somos seres historicamente inseridos no nosso tempo, que deve olhar o passado para resignificá-lo e seguir adiante, sem repeti-los. Assim, o homem pós-moderno tem descoberto a duras penas, que não existe liberdade sem responsabilidade, que não pode se isolar, nem excluir-se ou excluir os outros, sob pena de não “existir autenticamente”. 

Estudar os comportamentos dos diversos grupos religiosos em todos os lugares do planeta abre espaço para a conscientização que leva ao respeito mútuo e a convivência pacífica. Criar e ampliar as bases de cooperação em favor daqueles menos favorecidos. A medida que nos tornamos esclarecidos sobre o modo de viver e o modus operandi de cada grupo psicossocial e religioso evoluímos, livrando-nos de condutas preconceituosas e marginalizantes sem, no entanto, perdermos nosso referencial ético e moral. Lutando, dessa forma, contra o comodismo, a indulgência, ao comportamento alienado e subserviente, fazendo uma releitura desses comportamentos sociais e coletivos.

As Ciências da Religião numa relação transdisciplinares com outros saberes das ciências humanas e sociais, como a Teologia, a Filosofia, a História, a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia, etc., amplia o leque de oportunidades acadêmicas, para os profissionais que trabalham com a educação, para líderes religiosos e outros grupos profissionais, possibilitando um diálogo e convivência. Possibilita ainda, uma releitura da realidade, fazendo-nos parar, sermos agentes de mudanças, que proporcione a avaliação de opções tanto para a vida acadêmica, profissional quanto nas relações interpessoais. 

Olhar para o passado, curar as feridas, dar resignificação aos acontecimentos e seguir em frente, sentindo-nos como seres no mundo, inseridos no lugar em que vivemos, mas abertos as possibilidades de interagir com os que estão ao redor, nos mais variados graus de distância sem, no entanto, perdermos nossa identidade de cidadãos. Sendo pessoas éticas, com padrões morais elevados, ou a partir de princípios que possibilitem a busca por um viver autêntico, sem nos tornarmos presas e vítimas do nosso sistema de crenças.

Cristina Nóbrega
(aluna da Pós-Graduação em Ciências da Religião da FATIN com acesso ao Curso de Mestrado em Ciência das Religiões da Un. Lusófona)

  
BIBLIOGRAFIA
CASSIRER, ERNEST. Ensaios Sobre Homem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
SANTOS, João Ferreira. Os Desafios atuais da Teologia. Recife: Arte Gráfica, 2002.